Composição da Nova Frota P em testes na Estação Capão Redondo |
O atraso do governo estadual para concluir obras de
duas linhas de Metrô e para instalar o novo sistema de controle de
trens que reduziria o intervalo entre eles tem mantido paradas 31 novas
composições da empresa. Na Linha 5-Lilás, 15 estão no Pátio Capão
Redondo, na zona sul de São Paulo – uma já foi pichada.
Na Linha 5-Lilás, o primeiro trem está pronto para ser usado desde outubro
de 2013. Mas ele só poderá entrar em operação em Dezembro de 2015, quando deve
ser concluída a instalação do sistema CTBC.
Isso
porque os trens adquiridos são mais modernos do que o sistema
operacional dos trilhos, que não estão preparados para operar com o
CTBC. Ao todo, o Metrô comprou para a Linha 5-Lilás 26 composições
modernas por R$ 615 milhões.
O
contrato do Metrô com a CAF – a fabricante espanhola dos trens – prevê
dois anos de garantia para todas as peças das composições. Quando
começar a rodar, o primeiro trem recebido terá parte de sua garantia
expirada.
A
tecnologia CBTC é importante para reduzir o intervalo entre as
composições e, assim, aumentar sua quantidade na linha, diminuindo a
superlotação. A incompatibilidade com o CTBC, por exemplo, impede o uso
imediato das composições no trecho entre Capão Redondo e Adolfo
Pinheiro, da Linha 5-Lilás. Por meio da tecnologia, os trens são
comandados por computador. Os sistemas sabem onde estão cada uma das
composições da linha e qual velocidade estão desenvolvendo.
O
sistema atual, analógico, chamado ATO, controla a distância entre os
trens dividindo a linha em vários setores. Quando um trem está em um
setor, não é possível que outro trem entre, garantindo a distância
segura entre eles, mas reduzindo a quantidade de composições que podem
rodar simultaneamente em uma linha.
Na
Linha 5-Lilás, a entrega das obras de engenharia para sua extensão foi
adiada quatro vezes – ela estava prevista para este ano. Em março, o
governador Geraldo Alckmin (PSDB) prometeu a conclusão em 2017.
Monotrilho.
Já no monotrilho da Linha 15-Prata são mais 16 trens com CTBC sem uso
no pátio da Estação Oratório. Ali, o problema principal é o atraso das
obras de engenharia. Prevista para ser entregue em 2014, a linha começou
a operar na semana passada, interligando a Vila Prudente ao Oratório,
na zona leste. Ainda não há data para a conclusão da linha.
Segundo
o Metrô, atrasos da Bombardier, empresa responsável pela modernização
de via da Linha 5-Lilás, barram o uso dos novos trens. O prazo para
conclusão era novembro de 2014. A Bombardier informou, por nota, que
negocia dezembro deste ano como nova data de entrega.
Para
especialistas, os vagões parados têm “custo social”, já que o governo
pagou para que eles fossem usados na operação comercial. Os engenheiros
afirmam que, sem o sistema CBTC, os vagões não podem ser testados na
integralidade. O Metrô nega e diz que os equipamentos passam por todos
os testes.
“O
prejuízo maior é o social, de investir e não ter o retorno da
funcionalidade. Se vai colocar um dinheiro desse montante, é esperado um
retorno. Esse valor poderia estar rendendo em outra coisa e agora está
deteriorando”, disse o mestre em Transportes pela Universidade de São
Paulo (USP), Sérgio Ejzenberg.
'Não
estão parados'. O diretor de Engenharia e Obras do Metrô, Paulo Sérgio
Meca, afirmou que os trens “não estão parados”. Segundo ele, as
composições do Capão Redondo fazem avaliações do sistema CBTC em
movimento. São usados trilhos com a tecnologia que ficam posicionados no
pátio de manobras. “Já vínhamos testando os que foram entregues. Quando
chegam, os carros são posicionados e eu posso iniciar os testes.” Na
Linha 5-Lilás, condutores operam os trens no sistema manual durante a
madrugada.
Meca
afirmou não haver problemas quanto ao vencimento do prazo de garantia
porque existe um período de “mortalidade infantil” em trens novos. O
Metrô afirma que é nesta fase que a companhia identifica os problemas
para acionar a garantia de fábrica de dois anos. Ainda em nota, a
empresa diz que trens são equipamentos que não possuem “data de
validade”.
Mesmo
comissionados – com os testes feitos e prontos para a operação –, os
equipamentos são colocados para rodar inicialmente em horários de baixo
movimento. O Metrô diz que caso precise trocar peças após a garantia é
possível fazer. O contrato com a CAF prevê que se ofereçam peças
sobressalentes. No entanto, essas peças passam a ser pagas após o fim da
garantia.
A
Bombardier, responsável por instalar o sistema CTBC, alega elevada
complexidade do projeto, cuja execução não é de sua exclusiva
“responsabilidade” e diz que a instalação está em fase final. Em nota, a
CAF informou que “não poderá se pronunciar” em função de “impedimento
contratual” com o Metrô.
Fonte da Notícia: O Estado de São Paulo
Imagem de Ricardo Ferreira
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