O Ministério Público de São Paulo denunciou nove dirigentes e
ex-dirigentes do Metrô sob suspeita de
improbidade administrativa pela compra de 26 trens da Frota P que nunca foram
utilizados devido ao atraso nas obras de prolongamento da Linha 5-Lilás.
Entre os denunciados estão Jurandir Fernandes, Secretário de Transportes
Metropolitanos na época da compra, e Clodoaldo Pelissioni, atual
titular da pasta e diretor do Metrô em 2015.
A Promotoria pede a devolução dos R$ 615 milhões usados na compra das
composições, além de mais 30% de multa por danos morais, totalizando R$
800 milhões.
As 26 composições, com seis vagões cada uma, foram adquiridas em 2011
por R$ 615 milhões e seriam utilizadas na expansão da Linha 5-Lilás (da Estação Adolfo Pinheiro até a Estação Chácara Klabin), que ainda não se
concretizou.
Parte dos trens foi entregue em Outubro de 2013 e, segundo a Promotoria,
está parada desde então em pátios do metrô no Jabaquara, Capão Redondo e
Guido Caloi, na zona sul da capital paulista. Outros dez estão em
depósito da fabricante, a CAF, em Hortolândia, interior de São Paulo.
O promotor Marcelo Milani afirma que as composições estão perdendo a
garantia e vão precisar passar por manutenções quando entrarem em
operação –a previsão é que a expansão dessa linha do metrô seja
concluída apenas em 2018, cinco anos após a entrega dos novos trens.
Essas garantias estão vencendo. Esses trens, para entrar em
funcionamento, quando terminar a obra, seguramente vão necessitar de
nova manutenção para poder entrar em funcionamento, diz.
Toda a eletrônica do trem estará perdida. Se você for numa loja e
comprar um computador hoje, ele será diferente daqui a um ano e será
muito diferente daqui a dois anos, compara Milani.
Além do ex e do atual secretário, foram denunciados Paulo Menezes
Figueiredo, atual presidente do Metrô, e os ex-presidentes da companhia
Sérgio Henrique Passos Avalleda, Jorge Fagali, Peter Berkely Bardram
Walker e Luiz Antônio Carvalho Pacheco.
Foram incluídos ainda Laércio Mauro Santoro Biazotti (ex-diretor de
planejamento e expansão) e David Turbuk (ex-gerente de concepção e
projetos de sistemas).
"Abandono"
O promotor Marcelo Milani, em sua denúncia, afirma que os trens estão no
mais completo abandono, inclusive sendo vandalizados.
Segundo ele, a investigação foi iniciada a partir da denúncia contra um
funcionário graduado do Metrô. O Ministério Público, afirma ele, apura
também irregularidades em outras linhas.
Além dos trens ociosos, a Promotoria afirma que eles possuem sistema
operacional eletrônico, diferente do analógico usado atualmente na Linha 5-Lilás e que isso necessitaria de adaptação.
Além disso, possuem bitolas (largura entre os trilhos) diferente não só
da Linha 5-Lilás, como de todas as outras linhas em operação do metrô,
impedindo seus outros sistemas, afirma Milani. A escolha [pelas bitolas]
revela total desprezo pela coisa pública, escreve ele na denúncia.
Outro lado
O Metrô diz que os trens adquiridos estão sendo entregues e passam por
testes, verificações e protocolos de desempenho e de segurança, e que
oito veículos já estão aptos a operar a partir de Setembro de 2016 no trecho de
9,3 km entre as estações Capão Redondo e Adolfo Pinheiro.
Além disso, a empresa ainda afirma que toda a Linha 5-Lilás, da primeira à
última estação, terá a mesma bitola, e que não haverá gastos extras com a
manutenção dos novos trens.
O órgão diz que não arca com nenhum custo de aluguel para estacionamento
dos veículos e que o prazo de garantia só começará a valer após o
início de operação de cada composição, conforme previsto em contrato. O
promotor, porém, nega o argumento e diz que a garantia começou a valer a
partir da entrega dos veículos.
A expansão da Linha 5-Lilás é um empreendimento que incluiu os projetos, as
obras civis e a implantação de sistemas, a implantação de um moderno
sistema de sinalização em todo o trecho e a aquisição de novos trens
para transporte da nova demanda de usuários, diz a empresa, e afirma que
as ações foram executadas dentro de um detalhado cronograma.
Por fim, o Metrô de São Paulo afirma que as informações já foram encaminhadas
reiteradas vezes ao Ministério Público de São Paulo, que as
desconsiderou para a abertura do inquérito.
Fonte da Notícia: Revista Ferroviária
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