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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Ministério Público denuncia 9 pessoas por comprarem 26 trens da Frota P para a Linha 5-Lilás

O Ministério Público de São Paulo denunciou nove dirigentes e ex-dirigentes do Metrô sob suspeita de improbidade administrativa pela compra de 26 trens da Frota P que nunca foram utilizados devido ao atraso nas obras de prolongamento da Linha 5-Lilás. Entre os denunciados estão Jurandir Fernandes, Secretário de Transportes Metropolitanos na época da compra, e Clodoaldo Pelissioni, atual titular da pasta e diretor do Metrô em 2015.

A Promotoria pede a devolução dos R$ 615 milhões usados na compra das composições, além de mais 30% de multa por danos morais, totalizando R$ 800 milhões.

As 26 composições, com seis vagões cada uma, foram adquiridas em 2011 por R$ 615 milhões e seriam utilizadas na expansão da Linha 5-Lilás (da Estação Adolfo Pinheiro até a Estação Chácara Klabin), que ainda não se concretizou.

Parte dos trens foi entregue em Outubro de 2013 e, segundo a Promotoria, está parada desde então em pátios do metrô no Jabaquara, Capão Redondo e Guido Caloi, na zona sul da capital paulista. Outros dez estão em depósito da fabricante, a CAF, em Hortolândia, interior de São Paulo.

O promotor Marcelo Milani afirma que as composições estão perdendo a garantia e vão precisar passar por manutenções quando entrarem em operação –a previsão é que a expansão dessa linha do metrô seja concluída apenas em 2018, cinco anos após a entrega dos novos trens.

Essas garantias estão vencendo. Esses trens, para entrar em funcionamento, quando terminar a obra, seguramente vão necessitar de nova manutenção para poder entrar em funcionamento, diz.

Toda a eletrônica do trem estará perdida. Se você for numa loja e comprar um computador hoje, ele será diferente daqui a um ano e será muito diferente daqui a dois anos, compara Milani.

Além do ex e do atual secretário, foram denunciados Paulo Menezes Figueiredo, atual presidente do Metrô, e os ex-presidentes da companhia Sérgio Henrique Passos Avalleda, Jorge Fagali, Peter Berkely Bardram Walker e Luiz Antônio Carvalho Pacheco.

Foram incluídos ainda Laércio Mauro Santoro Biazotti (ex-diretor de planejamento e expansão) e David Turbuk (ex-gerente de concepção e projetos de sistemas).

"Abandono"

O promotor Marcelo Milani, em sua denúncia, afirma que os trens estão no mais completo abandono, inclusive sendo vandalizados. Segundo ele, a investigação foi iniciada a partir da denúncia contra um funcionário graduado do Metrô. O Ministério Público, afirma ele, apura também irregularidades em outras linhas.

Além dos trens ociosos, a Promotoria afirma que eles possuem sistema operacional eletrônico, diferente do analógico usado atualmente na Linha 5-Lilás e que isso necessitaria de adaptação.

Além disso, possuem bitolas (largura entre os trilhos) diferente não só da Linha 5-Lilás, como de todas as outras linhas em operação do metrô, impedindo seus outros sistemas, afirma Milani. A escolha [pelas bitolas] revela total desprezo pela coisa pública, escreve ele na denúncia.

Outro lado

O Metrô diz que os trens adquiridos estão sendo entregues e passam por testes, verificações e protocolos de desempenho e de segurança, e que oito veículos já estão aptos a operar a partir de Setembro de 2016 no trecho de 9,3 km entre as estações Capão Redondo e Adolfo Pinheiro.

Além disso, a empresa ainda afirma que toda a Linha 5-Lilás, da primeira à última estação, terá a mesma bitola, e que não haverá gastos extras com a manutenção dos novos trens.

O órgão diz que não arca com nenhum custo de aluguel para estacionamento dos veículos e que o prazo de garantia só começará a valer após o início de operação de cada composição, conforme previsto em contrato. O promotor, porém, nega o argumento e diz que a garantia começou a valer a partir da entrega dos veículos.

A expansão da Linha 5-Lilás é um empreendimento que incluiu os projetos, as obras civis e a implantação de sistemas, a implantação de um moderno sistema de sinalização em todo o trecho e a aquisição de novos trens para transporte da nova demanda de usuários, diz a empresa, e afirma que as ações foram executadas dentro de um detalhado cronograma.

Por fim, o Metrô de São Paulo afirma que as informações já foram encaminhadas reiteradas vezes ao Ministério Público de São Paulo, que as desconsiderou para a abertura do inquérito.

Fonte da Notícia: Revista Ferroviária

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