O drama do transporte público em São Paulo é conhecido há
muitos anos e, como um bom paulistano, já enfrentei as mazelas das mais
diversas linhas de trens e metrô da região metropolitana. Moro, há cerca
de três anos, no centro da capital paulista e, desde então, uso o
transporte sobre trilhos apenas nos finais de semana. Antes disso,
pegava toda a Linha 11-Coral e a Linha 3-Vermelha do Metrô, fazendo o
caminho entre Mogi das Cruzes e o centro de São Paulo.
Com uma câmera acoplada, voltei a fazer parte deste caminho ao lado da repórter Ana Lis Soares
para mostrar como está o horário de pico do Metrô e da CPTM em São
Paulo e o que percebi é que nada mudou. Acompanhe essa jornada:
Uma das coisas que percebi com o passar do tempo foi que o horário de pico se ampliou significativamente. Antes, ele começava às 18h, mas hoje já é possível ver o caos às 17h. E foi neste horário que iniciamos nossa jornada, na Estação Berrini.
Logo
no primeiro trem, tudo lotado. Fomos em pé, mas com espaço para
movimentação dentro do vagão. Era o início do horário de pico.
Ao chegar à estação Pinheiros, que faz integração com a
Linha 4-Amarela, veio a primeira grande aglomeração. Pessoas
apressadas pelos corredores e passando com muita rapidez pelas escadas
rolantes. A pressa típica dos paulistanos me fez passar praticamente
invisível, mesmo estando com uma câmera acoplada no peito e com uma luz
vermelha piscante. Ninguém percebia.
Ao descer a quase infinidade de escadas da estação
Pinheiros, o que chamou a atenção foi o fluxo na “contramão”,
principalmente nas escadas convencionais, quando os passageiros subiam
correndo como se estivessem fugindo de algo.
Ao chegar à Estação da Luz, logo na saída do vagão, nos deparamos com uma enorme fila no único elevador da plataforma. Idosos, mulheres com crianças no colo e portadores de necessidades especiais aguardavam para subir de maneira mais rápida e confortável.
Ao
subir os lances de escada, chegamos à integração entre duas linhas do
Metrô (1-Azul e 4-Amarela) e outras duas da CPTM (7-Rubi e 11-Coral). Lá, a coisa fica realmente
séria.
Conheço a Estação da Luz de longa data e, neste local, a
beleza da arquitetura acaba ficando em segundo plano, já que o
movimento único dos passageiros praticamente te proíbe de fazer qualquer
parada. A ordem aqui é correr e correr.
Minha companheira de reportagem, a mineira Ana Lis
Soares, acabou se surpreendendo com a “disposição” das pessoas na luta
pelo espaço. “Fiquei embasbacada com a capacidade de correr e se
empurrar das pessoas ali. Quanta energia essas pessoas têm para correr e
disputar por seu espaço”.
Lembrando o meu tempo de Mogi das Cruzes, entrei no trem
do Expresso Leste em meio ao empurra-empurra tão típico. Mais típica
ainda é a reclamação diária de quem usa esse meio de transporte, pois a
cada viagem é possível ouvir a história de alguém que se machucou em
alguma das composições. Virou parte do cotidiano.
O trem que já saiu lotado da Estação da Luz, ficou ainda mais apertado com a entrada de passageiros no Brás. Mas, apesar dos pesares, era um dia “tranquilo”, já que naquela quarta-feira não havia nenhum problema técnico nas linhas da CPTM, algo que ocorre com frequência.
Chegando
à Estação Tatuapé, na zona leste, descemos e passamos a acompanhar as
tentativas, muitas vezes frustradas, de embarque no trem que seguia
sentido Guaianases. Cronometrando um trem a cada três minutos, o que
vimos foi muito empurra-empurra para que as pessoas pudessem entrar. Um
dos passageiros ficou com a mochila presa e os seguranças da plataforma
tiveram que entrar em ação, para liberar a saída do trem.
Voltando no sentido centro, pegamos um vagão completamente vazio e aproveitamos, por alguns minutos, a maravilha do contra fluxo. Tudo mudou, porém, quando chegamos à estação Brás, que faz ligação com a Linha 3-Vermelha do Metrô e com as linhas 10-Turquesa e 12-Safira da CPTM.
A
imagem mais emblemática desta estação foi a escada sentido metrô, na
plataforma da Linha 10, completamente vazia e a escada sentido CPTM
abarrotada de gente. Também vimos o fluxo insano de pessoas deixando os
trens nas linhas 11 e 12.
Finalizamos a nossa aventura na Estação da Luz, já
em pleno horário de pico. Quem fica sobre as plataformas olhando pode
observar alguns minutos de paz extrema, seguidos por outros de correria
generalizada.
Na
volta para a Linha 4-Amarela, pegamos o maior aperto do caminho e
ficamos alguns minutos parados na transição. Como se não bastasse a
superlotação, algum passageiro deixou escapar uma flatulência que deixou
a situação ainda mais incômoda.
Na “marcha do pinguim”, prosseguimos até os trens da Linha 4-Amarela, onde seguimos finalmente no contra fluxo. Antes de chegar
em casa ainda peguei a Linha 3-Vermelha no Metrô, na estação República e
a situação não era muito diferente do que vimos na CPTM, mas o lado bom
era que o movimento já começava a diminuir e as pessoas, finalmente,
chegavam às suas casas.
Fonte da Notícia e Imagens: Portal Terra
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