Das 16 categorias que se mobilizam e podem paralisar suas atividades
durante os jogos da Copa, 8 estão na área de transporte: aeroviários,
metroviários, ferroviários da CPTM, motoristas e cobradores de ônibus,
rodoviários, taxistas, motoboys e agentes de trânsito (marronzinhos).
A maior parte já está em campanha, e o calendário de mobilização deve avançar com a proximidade da Copa.
Outras, como os aeroviários (os que fazem serviços terrestres), querem
um "abono-Copa", no valor de um salário nominal, para compensar jornadas
mais longas. Benefício semelhante foi obtido por funcionários de
empresas de ônibus de Londres durante a Olimpíada de 2012.
Reginaldo Alves de Souza, que preside o Sindicato dos Aeroviários de São
Paulo, justifica: "Eventos como Fórmula 1, festivais de rock e Copa
exigem jornadas maiores."
O sindicato das empresas informa, entretanto, que não há negociação em curso.
Para o Sindicato Nacional dos Aeroviários, se não houver acordo até junho, a categoria deverá parar.
"Estamos nos preparando para isso. Evitamos no Natal, no Ano Novo e no Carnaval", diz Selma Balbino, presidente da entidade.
Metroviários também informam que a chance de greve é "clara". A
negociação final deve ocorrer nos primeiros dias da Copa. Na última vez
que a categoria parou, em 2012, a cidade teve 249 km de lentidão, a
maior do ano.
Responsáveis por pequenas entregas, o principal sindicato da área, que
representa os 220 mil motoboys da capital paulista, também avalia fazer
greve durante os jogos.
No setor de segurança, 9.000 policiais federais planejam parar dois dias
antes de a Copa começar. O protesto deve ser referendado em assembleias
previstas para ocorrer em 30 dias em 27 sindicatos da categoria no
país.
"Já foram feitas cerca de 15 paralisações de um a três dias neste ano.
Antes da Copa será por tempo indeterminado. Em 2012, paramos por 70
dias. Há policiais trabalhando mais de 12 horas por dia e 3.000 cargos
vagos hoje. Também é preciso rever os salários. Estamos há sete anos sem
aumento", diz Jones Leal, presidente da federação nacional da
categoria.
De Olho no Calendário
Metalúrgicos, têxteis e comerciários de São Paulo devem entregar suas
pautas antes ao setor patronal para evitar que, com a Copa e o
calendário eleitoral, as negociações se arrastem e trabalhadores sejam
prejudicados.
"As montadoras concederam férias coletivas e licença, há impacto nas
autopeças e na cadeia. A situação deste ano preocupa"diz Miguel Torres,
presidente da Força Sindical.
"Mas os efeitos devem se arrastar até 2015, por isso os trabalhadores de
várias áreas já se mobilizam, inclusive, para fazer uma marcha do
Basta, se for preciso", A produção do setor automotivo caiu 8,4% no
primeiro trimestre, e os estoques passaram de 37 dias em fevereiro para
48 em março.
Mesmo categorias mais fragmentadas e sem tradição em fazer greves, como
os comerciários, discutem formas para colocar "o bloco na rua".
"Com o dinheiro dos turistas circulando na economia, esse é o ano para
negociar aumento real. As incertezas sobre 2015 também impulsionam as
negociações para garantir melhores reajustes neste ano", diz Ricardo
Patah, que preside a UGT.
Para o economista José Marcio Camargo, da consultoria Opus, salários
maiores podem significar mais pressão na inflação. "O trabalhador está
no seu direito de lutar por melhorias. Mas certamente o que é concedido é
repassado para os preços."
Servidores federais de universidades e do judiciário também podem parar.
"São cerca de 900 mil que, junto com movimentos populares, farão
protestos nas ruas nos dias de jogo", diz José Maria de Almeida,
coordenador da CSP-Conlutas.
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