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segunda-feira, 13 de julho de 2015

Licitação para privatização do Metrô de São Paulo: É Viável?

Composição da privatizada Linha 4-Amarela do Metrô
Privatizar a operação das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha, 5-Lilás e 15-Prata do Metrô de São Paulo? Pode parecer estranho que a pergunta seja colocada por um "ex-metroviário”, fanático e amante inconteste da companhia onde trabalhou por 35 anos. Mas é uma indagação que deveria, no meu ponto de vista, ser colocada e discutida, face à realidade atual, quando muitos sistemas metroferroviários que estão sendo implantados no Brasil – e também em São Paulo – seguem modelos do tipo BOT, PPP e concessão de serviços, com a operação das suas linhas cedidas ao setor privado.

Ressalto que esta é uma pergunta, não é uma sugestão, ainda.

A Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo é a única linha da rede metroviária de São Paulo operada pelo setor privado. A ViaQuatro é a concessionária responsável pela operação e manutenção da linha, o primeiro contrato de PPP assinado no país na área metroferroviária. É notório que a operação da Linha 4-Amarela é um sucesso absoluto. Um sucesso operacional e de desempenho que se traduz na satisfação dos usuários relatada em pesquisas.

Há também outro fator que distingue a Linha 4-Amarela. O fato de ela ser operada de forma totalmente automática, sem condutor, operação substancialmente diferenciada da operação tradicional, tanto na sua filosofia quanto na sua estrutura. Numa operação automática se espera mais qualidade de transporte, mais rapidez nas viagens, maior oferta de transporte, mais eficiência no sistema, menores custos operacionais, uma otimização da circulação dos trens e maior segurança operacional por não depender da ação humana.
Na gestão operacional, o automatismo permite maior flexibilidade, proporcionando uma oferta adaptável à demanda, uma melhor utilização dos trens nos picos e nos horários de vale. Uma operação possível mesmo em dia de greve...

Nas linhas metroviárias em operação, como as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha, 5-Lilás e 15-Prata, a sua transformação para operarem com automação integral, sem condutor, traria para os usuários e para a empresa operadora, tais benefícios. Esta transformação certamente não é tarefa fácil, nem rápida e nem barata. Muito complexa, ela exige recursos financeiros e tecnológicos. Mas os ganhos tornariam admissível o custo de investimento adicional necessário para a adaptação do material rodante, novos sistemas de sinalização, telecomunicação, portas de plataformas etc. A linha 1 do metrô de Paris passou por esta experiência com sucesso total mas levou mais de seis anos para fazê-lo, incluindo um período transitório de operação mista onde circulavam trens com e sem condutores.

Uma privatização da operação das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha, 5-Lilás e 15-Prata agilizaria o processo de introdução nelas da automação integral. Ela não se confrontaria com a cultura conservadora de uma empresa pública cuja espinha dorsal é a estabilidade funcional. Para não falar da questão sindical... Não ficaria também sujeita à burocracia e demora das concorrências para as modificações necessárias nos sistemas. 

A própria implantação do novo sistema de sinalização em curso nas linhas em operação do Metrô de São Paulo, com base no CBTC, que visava maximizar o desempenho das linhas pela diminuição do headway e pela redução do tempo de viagens (e que hoje, por diversos fatores, ainda "patina”), teria com o setor privado, mais chance de ser implementado com sucesso, adaptando-se às novas exigências de uma automação integral. Introduzir a automação nas linhas do Metrô, com a privatização da operação das linhas seria certamente bem mais fácil.

Privatizar as linhas do Metrô de São Paulo não seria um caso único no transporte metroferrovário brasileiro. A própria Linha 4-Amarela, já mencionada, opera por empresa privada. O Metrô do Rio de Janeiro e a Supervia são outros exemplos que atestam a melhoria de serviço onde o poder público já não conseguia mais atuar. A CPTM tentou por diversas vezes caminhar para a privatização. Só não conseguiu modelar com sucesso a parceria público-privada por razões de "modelo da concessão”. Mas certamente chegará lá. Aliás, tanto o Metrô quanto a CPTM estão implementando seus novos empreendimentos como a Linha 6-Laranja, monotrilhos das Linhas 15-Prata e 17-Ouro, Expresso Aeroporto, entre outros, com PPP, prevendo a concessão da operação e manutenção das linhas. O Metrô de Salvador já privatizou a operação. Os VLTs de Santos e de Goiânia estão com o processo de concessão adiantado. O processo é irreversível e a indagação chegará, mais cedo ou mais tarde para a privatização das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha, 5-Lilás e 15-Prata do Metrô.

O que é necessário criar com urgência em São Paulo, até para o bom andamento da concessão da Linha 4-Amarela, é uma agência reguladora que monitoraria o cumprimento das obrigações tanto do lado estatal quanto do lado privado e que possa ser capaz de ser imparcial em seus julgamentos, penalizando sempre que necessário tanto o Estado quanto o ente privado, em caso de descumprimento do contrato de concessão. Portanto uma entidade reguladora diferente da Autoridade de Transportes.

Concessão da operação não significa acabar com o Metrô como empresa estatal responsável pela gestão global do transporte metroviário. Estou convencido que só ela tem competência e responsabilidade para definir novos projetos e para cuidar do que foi ou está sendo implantado. Afinal todo o patrimônio voltará à empresa pública depois do término da concessão. Só ela é detentora desse patrimônio e de sua tecnologia.

Por favor, não me interpretem mal. Só estou falando de concessão da operação e manutenção dos serviços. Jamais defenderia a ideia de tirar do poder público o papel de decidir sobre o transporte público, de defini-lo, de implantá-lo e de fiscalizá-lo. A indagação está, portanto, colocada para reflexão e debate: é lícito pensar na concessão da operação do Metrô de São Paulo? 

Peter Alouche é consultor em tecnologia dos transportes e o atual diretor técnico da ANTP. 

Fonte da Notícia: ANTP
Imagem: Portal Via Trólebus

5 comentários:

  1. A linha quatro amarela como mencionou é operada atualmente mediante ao consórcio viaquatro e parceria ppp com o governo do Estado de São Paulo. Não irei questionar a qualidade da operação, haja vista que sou usuário do sistema. E sei, que mesmo diante da grande demanda, o metrô mantém a agilidade e rapidez como diferenciais. O que questiono aqui, é a parceria formalizada em contrato entre o governo e a concessionária em que se obriga o governo custear possível déficit operacional que a linha possa ter. Menciono que em 2016 foram aproximadamente r$ 300.000.000,00 de reais repassados ao consórcio. Mas eu não posso me ater somente a questão da mobilidade, mas também a qualidade laboral dos funcionários, e isso inclui:salários; planos de carreira; ambiente favorável ao desenvolvimento do trabalho. Enfim, sabemos historicamente, que a privatização reduz postos de trabalho, salários, e qualidade no serviço prestado. Enquanto o governo custear a linha 4, tenho certeza não haverá redução da qualidade, mas como retórica devolvo a pergunta: Há que custo é licito repassar a concessão da operação do metrô de São Paulo?

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  2. Sempre achei que saúde, transporte, educação e segurança seriam os pilares para o desenvolvimento de uma população, portanto prioridade alta de um estado, porém o que temos presenciado no decorrer dos anos é uma atuação cada vez menor do estado nestes pilares, pessoas jurídicas e físicas contribuem cada vez mais com uma alta carga de impostos, tributos e taxas que não retornam de forma proporcional, existe uma fuga de capital destinado aos setores de desenvolvimento, pagamos sempre duas vezes por um serviço primordial e cada vez ficamos mais pobres, é como a história de quando um cachorro está com pulgas a alternativa é sacrificá-lo, o mesmo ocorre com empresas públicas que não atingem uma meta positiva de faturamento por mau gerenciamento, talvez o alvo seja mais alto, naqueles que administram o dinheiro e a coisa pública, ora para que estão nesta função senão para gerir com habilidade e competência o capital público, a figura política nos países em desenvolvimento nada mais serve para decorar uma "democracia" arcaica, as pessoas mudam, as necessidades também e o gestor que não estiver alinhado a esta mudança tende a cometer erros que empobrecem uma nação e a capacidade dela de progredir tanto financeiramente quando retira todo poder econômico dela, quanto intelectualmente quando tira a oportunidade dela de investir esse poder econômico em seu desenvolvimento pessoal.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. É o estado deve cuidar mesmo é de saúde, educação, segurança e melhorias para atrair empregos. Acho até que se possível a PM também deveria ser gerenciada pelo setor privado com supervisão do estado.

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  5. É o estado deve cuidar mesmo é de saúde, educação, segurança e melhorias para atrair empregos. Acho até que se possível a PM também deveria ser gerenciada pelo setor privado com supervisão do estado.

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