Composição L35 recém-canibalizada pelo Metrô |
O Metrô de São Paulo, administrada pelo Governo
Geraldo Alckmin (PSDB), ampliou a retirada de peças de trens para
realizar manutenção de outras composições, o que é chamado de
“canibalização” pelos metroviários, segundo denúncia do sindicato da
categoria. Um mês atrás eram cinco e agora são nove. Os sindicalistas
afirmam que há um esquema de maquiagem e transferência contínua entre os
pátios da companhia para que não fique visível o desmonte.
Os primeiros trens “canibalizados”, conforme publicou a Rede Brasil Atuaç,
foram as composições H59, K09, K17, K21 e L43. A essas se somam os
trens L28, L30, L35, I10. São modelos de trens novos ou reformados que
entraram em operação em 2010 (Frota H) e 2011 (os demais). A Frota K,
por exemplo, é formada por 25 trens da frota C que foram modernizados –
em um pacote de 98 composições modernizadas ao custo de R$ 1,7 bilhão.
Segundo os trabalhadores, o Metrô está com falta de
aproximadamente 3 mil itens no setor de manutenção, dentre os quais,
bancos de passageiros e de operadores, lâmpadas, faróis, motores de
tração, redutores, vidros de janelas, portas, fechaduras, contrassapatas
e até extintores de incêndio. Uma situação que vem ocorrendo há dois
anos, segundo o sindicato.
Dos trens que estão sendo desmontados tudo o que pode ser aproveitado
em outras composições é retirado: fechaduras de portas, bancos,
luminárias, painel de operação, freios. Carcaças, placas de isolamento e
fiação ficam expostas no interior dos vagões. Segundo o presidente do
sindicato, Altino de Melo Prazeres Júnior, o corte que Alckmin fez no
repasse dos valores referentes às gratuidades no Metrô – aproximadamente R$ 255 milhões em 2014 e 2015 – é o que está afetando a aquisição de equipamentos e, também, o serviço à população.
No ano passado, por conta do contingenciamento de R$ 66,1 milhões da
verba prevista para ser repassada ao Metrô como pagamento pelos
passageiros com direito à gratuidade, a companhia fechou o ano de 2015 deficitária em R$ 73,9 milhões. Se o valor tivesse sido entregue, o prejuízo seria de R$ 7,8 milhões.
De acordo com os metroviários, os trens ficam parados no Pátio
Itaquera (PIT) ou no Pátio Jabaquara (PAT) e são levados para o
Estacionamento Pátio Belém (EPB) onde têm as peças retiradas, mas são
maquiados para parecer inteiros. As peças são mandadas para a
manutenção e os trens devolvidos ao local de onde saíram. Toda a ação
ocorre nos finais de semana, sendo exigida a realização de hora extra
dos servidores da manutenção.
Composição J47 recém-canibalizada pelo Metrô |
Segundo Altino, os trabalhadores do setor de manutenção estão sendo
pressionados a liberar os trens para que voltem à circulação, mesmo que
não estejam em condições. “A população é a mais prejudicada pela
situação atual do serviço. Para que a situação não fique ainda pior
existe uma pressão para que os trens sejam liberados, mesmo não estando
100%. Isso faz parte de um projeto do governo Alckmin de precarizar o
Metrô para justificar a privatização”, afirmou.
Além desses, outros dez trens que poderiam servir as Linhas 1-Azul e
3-Vermelha estão parados porque o sistema com o qual eles operam
(CBTC) é incompatível com o
sistema implementado na via (ATO). São as composições L40, L41, I07, I23, J32, J40, J42,
J44, J47 e J48. Por fim, a composição I12 está fora de operação desde
2012 devido a uma investigação do Ministério Público Estadual sobre uma
colisão decorrida de uma falha no sistema operacional do veículo.
O número total de trens parados supera a chamada reserva técnica do
Metrô, relativa a 10% do total de trens em operação, utilizada para
substituir trens que eventualmente venham a falhar. O Metrô opera com
165 trens, e poderia ter até 17 trens ativos em reserva. Hoje há 20
composições inoperantes, segundo os metroviários. A estatal mantém as Linhas 1-Azul (Jabaquara-Tucuruvi), 2-Verde (Vila Madalena-Vila
Prudente), 3-Vermelha (Barra Funda-Itaquera) e 5-Lilás (Capão
Redondo-Adolfo Pinheiro).
O CBTC está operante na Linha 2-Verde desde Fevereiro de 2016, mas,
segundo os metroviários, vem apresentando falhas e ainda não contribui
para reduzir o espaço entre as composições, que aumentaria a oferta de
trens à população. O sistema foi adquirido há oito anos, por R$ 700
milhões, e deveria ter entrado em operação em todo o sistema até o final
de 2014. "Pelo tempo que este sistema está parado podemos considerar
um imenso prejuízo para a população, que até hoje não conta com melhor
oferta do serviço, conforme prometido", disse Altino.
Em reunião no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, para
explicar o que está ocorrendo no Metrô, o diretor de Operações do Metrô, Mário Fioratti Filho, disse tratar-se de uma “opção”, uma “estratégia de manutenção” que é feita em metrôs “no mundo todo”.
“Se temos falha de uma peça em um trem, que está na garantia, mando a
peça para o fabricante e retiro uma outra de um trem que esteja
esperando a vez para realização de testes. Assim, não retiro o trem de
circulação. Temos uma fila de trens e utilizamos sempre o último da
fila”, completou.
Fonte da Notícia & Imagens: Rede Brasil Atual
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