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quinta-feira, 7 de abril de 2016

Construtoras reclamam de reserva de mercado a grandes empresas em edital do Metrô

Composições da Linha 4-Amarela
Construtoras de porte médio interessadas em disputar obras de vulto se queixam do que classificam de barreiras de entrada no edital de licitação para conclusão da 2ª Fase da Linha 4-Amarela, do Metrô de São Paulo. A Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas pediu - sem sucesso - que o Metrô suspenda a licitação

Pelo edital, a licitante tem de comprovar volume médio anual de construção no patamar de R$ 760 milhões. É permitida a participação em consórcio, mas o edital estipula que a empresa líder tenha sozinha 70% do volume médio nos últimos cinco anos e que as demais atendam, também isoladamente, a pelo menos 30% do mesmo volume. Menos de 3% dos 110 associados da Apeop se enquadram nesta regra.

No ofício encaminhado ao Metrô em que pede a suspensão da licitação e a revisão das regras, a Apeop diz que, de tal forma, "as médias empresas estão impossibilitadas de participar da licitação mesmo em consórcio com grandes empresas".

Argumenta ainda que "recentes denúncias e investigações vêm revelando que licitações reservadas a pequenos grupos de empresas criam condições propícias a desvios em contratações públicas", numa referência à Lava-Jato, que tirou do mercado, ao menos temporariamente, algumas das grandes construtoras, que agora sofrem problemas como escassez de crédito ou pediram recuperação judicial.

Segundo a associação, o Metrô foi questionado e disse que as exigências foram determinadas pelo Banco Mundial (Bird), o financiador da obra. Ao Valor, o Banco Mundial confirmou que o volume médio anual de R$ 760 milhões foi exigência do edital padrão da instituição, que determina o valor de acordo com "as especificidades e a realidade de cada país". Mas o Bird informou que os critérios em caso de consórcio, de que o líder tem de ter 70% desse valor e os demais, cada qual, o equivalente a 30%, foram definidos pelo Metrô.

Procurado, a estatal disse apenas que o edital foi elaborado "em consenso entre o Metrô e o Bird".

A Apeop classifica como médias empresas aquelas com faturamento anual entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões, o equivalente a cerca de 30% do universo de seus associados. "Elas têm capacidade técnica e gerencial, mas faltam oportunidades. Os governantes dizem que querem mais empresas participando, mas quando soltam editais colocam exigências que só as grandes atendem", disse ao Valor o presidente da Apeop, Luciano Amadio Filho, para quem é preciso abrir caminho para a atuação de empresas de porte médio no momento em que o modelo de obra pública no país "está sendo repensado", disse.

Também no âmbito das concessões de infraestrutura o setor critica o governo federal. Segundo o presidente da Comissão de Obras Públicas, Carlos Eduardo Lima Jorge, o governo, via ministérios da Fazenda e dos Transportes, não tem ouvido as empresas médias nas discussões para refinar os editais que serão lançados, sobretudo os das concessões rodoviárias. "O Governo continua a ouvir apenas as grandes empresas e os investidores estrangeiros", diz.

O Ministério dos Transportes afirmou que recebe todas as entidades de classe e empresas que o procuram, independentemente do porte. Questionada sobre com quais empresas ou entidades de classe tem mantido conversas para refinar os editais das próximas concessões, a pasta disse apenas que "tem mantido conversas com todas as empresas que se apresentam interessadas no processo". Também o Ministério da Fazenda limitou-se a afirmar que "sempre recebe todos os interessados em investir nos projetos de infraestrutura no país, desde instituições financeiras, entidades de classe e empresas de todos os portes".

Fonte da Notícia: Revista Ferroviária 
Imagem: Taboão em Foco

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