Obras da Linha 15-Prata próximo a Futura Estação Jardim Planalto |
As áreas onde devem circular os Monotrilhos na cidade de São Paulo
foram excluídas das regras da nova Lei de Zoneamento, publicada no Diário Oficial de São Paulo, que
entre os vários pontos prevê o adensamento ao longo de eixos de
transporte estruturais, como trens da CPTM, Metrô e corredores de
ônibus.
Em consulta ao Diário Oficial, é possível perceber que as regiões
onde serão instaladas ou já foram instaladas as pilastras dos trens de
média capacidade que circularão nos elevados, não foram incluídas nas
zonas que permitem, por exemplo, a construção de imóveis residenciais
com até duas vagas de garagem e custos menores.
Nestas áreas também as construtoras podem criar uma vaga de
estacionamento para cada 60 metros quadrados de construção, sem ter de
pagar a mais por isso, reduzindo o preço dos imóveis.
A Prefeitura de São Paulo confirma a não inclusão das áreas dos Monotrilhos das linhas 15-Prata, da Zona Leste, 17-Ouro, da Zona Sul, e 18-Bronze
que deve chegar ao ABC Paulista.
Em entrevista coletiva durante a apresentação da nova lei, o Prefeito
Fernando Haddad, disse que a decisão não é apenas por causa dos atrasos
nas obras, mas, sobretudo, pelas incertezas técnicas sobre o
funcionamento dos monotrilhos. Há dúvidas também em relação aos projetos
e sobre os impactos na configuração dos locais que seriam servidos pelo
novo sistema de transportes.
Há interferências acima das normais e fora do que está nos projetos.
A Linha 15-Prata, da zona leste de São Paulo, enfrentou entraves
porque, segundo engenheiros ferroviários, o metrô descobriu galerias de
água sob a Avenida Professor Luiz Inácio de Anhaia Mello. O metrô alegou
que já tinha conhecimento das estruturas pluviais, mas teve de realizar
intervenções não previstas.
“Não tem como saber ao certo o que pode ocorrer do ponto de vista
de intervenções onde vai ter monotrilho. É difícil fazer um
planejamento para os próximos anos e incluir [na lei de zoneamento]. Há
dúvidas técnicas” – disse Haddad.
Os monotrilhos em São Paulo levantam diversas polêmicas e são alvos de críticas.
O Governo de São Paulo prometeu entregar entre 2012 e 2015, um total
de 59,7 quilômetros de monotrilhos em três linhas. Apenas 2,9
quilômetros, entre as Estações Oratório e Terminal Vila Prudente, da Linha 15-Prata, estão em operação e ainda com horário menor que dos trens, metrô e
ônibus.
Duas linhas, a 15- Prata e a 17-Ouro, que somam 44 quilômetros
estão em construção, sendo que 21,9 quilômetros foram congelados.
A situação da Linha 18-Bronze, de 15,7 quilômetros, entre o ABC
Paulista e a Capital, é mais problemática ainda. As obras não começaram.
Problemas não só em relação às obras, mas aos altos custos de
implantação do modal, dificuldades financeiras de construtoras e
empresas fabricantes de trens, incertezas sobre a viabilidade
operacional e até mesmo interpretação de contratos, como a cláusula que
impede o início das obras da Linha 18-Bronze até a operação, mesmo que em
testes, da Linha 17-Ouro, são alguns dos marcos dos Monotrilhos de São Paulo.
Em entrevistas e artigos, estudiosos das áreas de transportes e
urbanismo criticam a escolha de monotrilhos para a cidade de São Paulo e
região metropolitana.
Estação Oratório (Linha 15-Prata) |
O engenheiro e mestre em Transportes pelo Instituto Militar de
Engenharia, Marcus Vinicius Quintella Cury, elaborou um estudo
intitulado “A verdadeira realidade dos Monotrilhos Urbanos – Sonho ou
Utopia: De volta ao Futuro?”. No levantamento de sistemas em diversas
partes do mundo, o especialista mostra que vários fatores levaram à
desativação de linhas de monotrilho:
O especialista e professor de mobilidade urbana, Marcos Kiyoto, diz
que é um erro o governo Alckmin ter feito a sociedade acreditar que
mudando a tecnologia de modal, os problemas de mobilidade seriam
resolvidos.
“O Monotrilho não é um caso isolado, as outras linhas de metrô em
construção estão atrasadas, mas eu concordo que ele simboliza uma falta
de capacidade em implantar transporte coletivo. O erro, a meu ver, foi
acreditar que uma nova tecnologia pudesse resolver nossos problemas” – disse o especialista.
O urbanista Moreno Zaidan Garcia disse que os números de demanda para
os monotrilhos em São Paulo podem ter sido superestimados e não
corresponderem à realidade. Ou então, os sistemas já nascerão saturados.
Para chegar ao número de passageiros hora que serão
transportados, o sistema já começará operando no limite de 6 pessoas por
m² dentro dos vagões. “Claro, eu não estou falando de um problema
exclusivo do Governo do Estado, é um problema brasileiro. Agora, uma
suposição para a opção pelo monotrilho é que talvez ele tenha parecido
atraente porque, ao contrário de obras de metrô subterrâneo, ele foi
vendido como algo que poderia ser inaugurado dentro de uma mesma
gestão”.
Outro lado
O Metrô de São Paulo defende o monotrilho, dizendo que o sistema pode trazer vantagens para a população.
“O Monotrilho é um sistema de transporte coletivo composto por
trens que trafegam com pneus de borracha em via elevada. Movido a
eletricidade, opera sem condutor e viaja a uma velocidade de até 80km/h,
com intervalo entre trens de 90 segundos. O sistema Monotrilho já opera
em diversos países como Alemanha, Austrália, China, Emirados Árabes,
Estados Unidos, Inglaterra, Japão, Malásia, Rússia e Singapura.”
Entre os benefícios prometidos pelo Metrô estão: “Mesma qualidade
de serviço do Metrô subterrâneo, diminuição da poluição atmosférica,
conforto e rapidez nas viagens, menor tempo nos deslocamentos, maior
integração entre os bairros, melhoria no trânsito, aumento da
mobilidade, ampliação dos investimentos da região, geração de novos
empregos, geração de novos polos de comércio e serviços.”
O Metrô atribui os congelamentos das obras dos extremos das Linhas 15-Prata e 17-Ouro e o fato de a Linha 18-Bronze não ter sido iniciada a questões
financeiras agravadas pela crise econômica e por dificuldades em receber
repasses da União e classificou outros entraves, como as galerias de
águas, como “questões pontuais”.
Fonte da Notícia: Blog Ponto de Ônibus
Imagem 1: Lucas Souza
Imagem 2: Créditos Reservados ao Autor
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