Composição do Monotrilho da Linha 15-Prata |
Quando foram anunciados pelo Governo do Estado de São Paulo, os três
monotrilhos na capital, sendo um deles também para o ABC Paulista, foram
apresentados como uma solução de mobilidade pioneira no País, de bem
menor custo que o Metrô e implantação mais rápida.
No entanto, já naquela ocasião, em 2010, especialistas em mobilidade
urbana, arquitetura e urbanismo, e de contas públicas, levantaram
questionamentos a respeito do modal, que em São Paulo, consiste em trens
leves, com pneus de borracha, que devem trafegar em elevados.
Mais da metade dos monotrilhos inaugurados em todo mundo já foi
desativada, de acordo com dados da Associação Internacional de
Monotrilhos e da UITP. Além disso, com exceção da Ásia, grande parte dos
países que implantaram sistemas de monotrilhos, não deu prosseguimento
em outros projetos do modal.
A explicação, de acordo com os especialistas, está numa razão que
engloba a complexidade das obras, capacidade de atendimento e o custo
por quilômetro, além dos custos para operação. No caso do Brasil, por
exemplo, o mais adequado, para estes especialistas, seria a criação ou
expansão de redes de metrô de alta capacidade para demandas muito
grandes, e, para demandas semelhantes às do monotrilho, corredores de
ônibus modernos, BRTs, que custam até 10 vezes menos.
A edição brasileira do El País ouviu alguns desses especialistas. Para eles, os monotrilhos em São Paulo são símbolos de atrasos e opções controversas.
Ao repórter André de Oliveira, o especialista e professor de
mobilidade urbana, Marcos Kiyoto, diz que é um erro o governo Alckmin
ter feito a sociedade acreditar que mudando a tecnologia de modal, os
problemas de mobilidade seriam resolvidos.
“O monotrilho não é um caso isolado, as outras linhas de metrô em
construção estão atrasadas, mas eu concordo que ele simboliza uma falta
de capacidade em implantar transporte coletivo. O erro, a meu ver, foi
acreditar que uma nova tecnologia pudesse resolver nossos problemas” – disse o especialista.
Estimativa de demanda para os Monotrilhos de São Paulo pode estar inflada ou sistemas já nascem saturados:
O urbanista Moreno Zaidan Garcia disse que os números de demanda para
os monotrilhos em São Paulo podem ter sido superestimados e não
corresponderem à realidade. Ou então, os sistemas já nascerão saturados.
Para chegar ao número de passageiros hora que serão
transportados, o sistema já começará operando no limite de 6 pessoas por
m² dentro dos vagões. “Claro, eu não estou falando de um problema
exclusivo do Governo do Estado, é um problema brasileiro. Agora, uma
suposição para a opção pelo monotrilho é que talvez ele tenha parecido
atraente porque, ao contrário de obras de metrô subterrâneo, ele foi
vendido como algo que poderia ser inaugurado dentro de uma mesma
gestão”. – disse na reportagem.
Atrasos, paralisações e congelamentos
O Governo de São Paulo prometeu entregar entre 2012 e 2015, um total
de 59,7 quilômetros de monotrilhos em três linhas. Apenas 2,9
quilômetros entre as estações Oratório e Vila Prudente, da linha 15
Prata estão em operação e ainda com horário menor que dos trens, metrô e
ônibus.
Duas linhas, a 15-Prata e a 17-Ouro, que somam 44 quilômetros
estão em construção, sendo que 21,9 quilômetros foram congelados.
Na Linha 15-Prata está paralisado o cronograma do trecho entre São
Mateus e Cidade Tiradentes, na zona Leste de Sã Paul. Já Linha 17-Ouro
estão sem previsão de conclusão as obras do trecho entre o aeroporto de
Congonhas até Jabaquara e no outro extremo, da Marginal Pinheiros até a
região posterior ao Morumbi, atendendo a área da favela do Paraisópolis.
A situação da Linha 18-Bronze, de 15,7 quilômetros, entre o ABC
Paulista e a Capital, é mais problemática ainda. As obras não começaram.
Há problemas financeiros, de contrato, como a cláusula que prevê o
início das obras depois de testes da Linha 17-Ouro, que não está em
funcionamento, de desapropriações e entraves que vão desde a aplicação
do tipo de composições até galerias de água não equacionadas. Apesar de o
contrato ter sido assinado com o grupo que vai construir e operar o
sistema, a questão levantada por especialistas é se não seria mais
vantajoso desistir da construção que ainda não foi iniciada e optar por
metrô ou BRT. Os outros monotrilhos cujas obras já foram iniciadas
deveriam ser concluídas.
O engenheiro e mestre em Transportes pelo Instituto Militar de
Engenharia – IME, Marcus Vinicius Quintella Cury, elaborou um estudo
intitulado “A verdadeira realidade dos monotrilhos urbanos – Sonho ou
Utopia: De volta ao Futuro?”. No levantamento de sistemas em diversas
partes do mundo, o especialista mostra que vários fatores levaram à
desativação de linhas de monotrilho
Fonte da Notícia: Blog Ponto de Ônibus
Imagem de Sérgio Mazzi
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