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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Chefia do Metrô não libera as catracas e provoca confronto entre metroviários e manifestantes na Estação Consolação em 14/01/2016

Estação Consolação (Linha 2-Verde) depredada na noite de 14/01/2016
Cenas lamentáveis foram vistas depois do encerramento do terceiro ato contra o aumento das passagens em São Paulo na noite de 14/01/2016. O ato iniciado no Teatro Municipal havia transcorrido sem problemas até seu encerramento no Masp, quando os manifestantes que retornavam para suas casas encontraram as estações de metrô da Avenida Paulista fechadas, elevando desnecessariamente o nível de tensão entre manifestantes e metroviários. Na estação Consolação, depois que ela finalmente foi reaberta para o público, alguns manifestantes tentaram pular a catraca e chocaram-se com o corpo de segurança do Metrô. O que se seguiu foi uma ação equivocada, reconhecida como tática “Black Block”, de um setor minoritário dos manifestantes, canalizando sua revolta contra os agentes da segurança do Metrô e trabalhadores terceirizados, que em nenhum momento atuaram para reprimi-los, e estavam sendo expostos de maneira irresponsável pela Empresa, principalmente quando ocorreu a truculenta ação da tropa de choque da PM colocando todos ali presentes em risco.

Certamente a responsabilidade dessa situação recai sobre a direção do Metrô, descumprindo diversas orientações aprovadas nas Cipas da empresa e que respaldam o trabalhador a não cumprir qualquer função que coloque em risco sua integridade física desnecessariamente, descaracterizando o principal caráter da segurança do Metrô que é de prevenir a integridade física dos trabalhadores e da população. Alckmin disse durante a semana que os protestos contra o aumento tinham um caráter “seletivo”, porém o que vimos de “seletivo” na última quinta feira foram estações fechadas para os manifestantes e mais uma vez a repressão da PM, jogando bombas de gás dentro da estação, atitude bastante diferenciada que ocorreu na época dos atos da direita, onde a catraca foi liberada pela empresa a mando do Governo, fato que foi denunciado aqui e em diversos lugares, justamente sob a alegação de evitar tumultos e garantir a integridade dos funcionários.

Essa escolha do Metrô e do Governo do Estado não é gratuita pois Alckmin quer separar os metroviários da luta contra a tarifa e, ao fomentar situações de confronto como a de ontem, consegue gerar inimizade e desconfiança entre metroviários, manifestantes e uma crescente parcela da população que identifica os trabalhadores do Metrô com as forças repressivas do estado, afastando a possibilidade de união dessa poderosa categoria com outras lutas sociais. Atitudes corretas como a participação do Sindicato dos Metroviários na organização dos atos contra o aumento também são dificultadas por situações como essa, diminuindo a voz da categoria como um todo na sociedade.

A irresponsabilidade da Direção do Metrô, a mando do Governador Alckmin, é tamanha que até mesmo a privatizada Linha 4-Amarela, na dispersão do ato que iniciou-se no Largo da Batata e terminou no metrô Butantã não quis danos ao seu patrimônio e liberou a passagem gratuita aos manifestantes, como se pode ver neste vídeo, também com o objetivo de aproveitar para mostrar uma ação diferenciada do sistema estatal. O Metrô de São Paulo insiste nas orientações de enfrentamento com os manifestantes apenas para causar a discórdia e impedir a unidade dos metroviários com a luta contra o aumento, unidade que teria força para derrotar o governo Alckmin e criar um obstáculo maior para seu plano de privatizar o Metrô, como é o caso da ameaçada Linha 5 Lilás.

Contra os protestos, CUT e CTB fazem o jogo da direita! 

Em sintonia com o interesse de de seus respectivos partidos, que compõe o governo de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo, e o governo federal de Dilma, CUT e CTB têm atuado fortemente entre os metroviários para criminalizar o movimento contra o aumento e criar a cisão deste com a categoria, inclusive fazendo coro com um discurso de direita visto nos principais meios de comunicação da imprensa oficial. Esse setor raivoso defende a repressão como método de lidar com qualquer problema com a população, o endurecimento do corpo de segurança com tasers, armas e ações ostensivas e a criminalização de qualquer movimento social, dentro da mais tacanha lógica corporativista, através da ideia que "não podemos nos meter nos problemas dos outros".

As centrais governistas se apoiam nesse na esperança talvez de conseguir uma nova base para atuar na categoria e que reverta o quadro de lenta e contínua decadência da sua influência entre os metroviários. Dessa forma, vão repetindo o script que vimos o PT e o PCdoB seguirem em diversos lugares, onde alimentam um setor conservador na defesa de seus interesses mais imediatos e criam futuros adversários, como fizeram no governo federal ao apoiar-se nas bancadas ruralista e evangélicas para governar e depois passou a chama-los de "onda conservadora" quando estes começaram a defender seus próprios interesses.

A CUT e a CTB aproveitam-se oportunisticamente do legítimo medo que a maior parte dos metroviários sente de se ver em uma situação de conflito como a que ocorreu ontem e jogam esse sentimento contra a população e os manifestantes para proteger os interesses dos seus partidos e das empresas de ônibus ansiosas por aumentarem ainda mais seus lucros convenientemente protegidos pelo prefeito que dizem ser "progressista".

O que fazer para superar a distância que existe entre metroviários e a população?

Não concordamos com as atitudes de alguns dos manifestantes que atacaram os metroviários de forma irresponsável, ameaçando a integridade física dos funcionários e dos outros usuários e fornecendo o “espantalho” que o Metrô e a mídia precisam para afastar os metroviários da luta. Assim como já foi feito diversas vezes em eventos e protestos que envolvem um número grande de manifestantes em espaços pequenos como das Estações, e assim como ocorreu no mesmo dia na Linha 4-Amarela, o que deveria ter sido feito para preservar a integridade física dos trabalhadores seria a liberação de catraca, porém essa ação por parte da empresa está provada que só será feita por ela quando convir com os interesses “seletivos” do Governador.

Chamamos o Sindicato dos Metroviários a ter maior protagonismo nessa luta e, junto a cipistas, delegados sindicais e ativistas da categoria, coordene a dispersão dos atos, acompanhando a entrada nas estações de Metrô, evitando o confronto entre manifestantes e trabalhadores, e lutando pela aliança dos metroviários com a população. Também já passou da hora de o Sindicato fazer uma ampla campanha para que os metroviários, principalmente os Agentes da Segurança que são os mais expostos, não atuem em protestos e manifestações, os respaldando através das resoluções das CIPAS em caso de risco, combatendo o assédio das chefias e conscientizando acerca da necessidade de aliança com os setores populares em luta. É necessário utilizar a mídia do sindicato para isso, para além da indispensável presença mais constante nas bases, lançando matérias no Plataforma, em Bilhetes, no site e até mesmo uma cartilha de prevenção de conflitos. A partir disso, estaremos construindo uma forte base dentro e fora da categoria, para que possamos seguir o exemplo de metroviários da Argentina, que em suas lutas, e quando há lutas do conjunto da população, sempre são protagonistas em liberar as catracas, para fortalecer ainda mais as mobilizações contra os ataques dos governos e patrões.

Fonte da Notícia: Esquerda Diário
Imagem de Glauco Araújo

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