Na primeira reunião da CIPA da Linha 1 - Azul do Metrô de SP, os eleitos da agrupação
Metroviários pela Base levaram a proposta da criação de uma subcomissão
que tratasse dos assédios às mulheres sofridos todos dias dentro do
metrô de São Paulo; são usuárias, funcionarias, trabalhadoras
terceirizadas e jovens cidadãs que não podem mais deixar de ser ouvidas.
Toda a bancada dos trabalhadores eleitos abraçou a ideia proposta por
nós do Metroviários pela Base e defenderam a criação da mesma frente a
bancada da empresa.
A aprovação se deu depois de um debate intenso com a bancada da
empresa, que tentou secundarizar a questão dizendo que a CIPA já trata
da saúde da mulher não enxergando que o assédio às mulheres se trata de
um assunto específico, e sugeriu que se tratasse desse assunto em alguma
subcomissão já existente. Quando posto que se trata de uma questão
específica que não pode ser secundarizada ou negligenciada mais, como
tem sido feito, a empresa teve que aceitar a criação da subcomissão de
saúde e proteção às mulheres.
A existência dessa nova subcomissão se trata de uma grande vitória da
categoria metroviária; iniciativa que deve ser reivindicada e posta em
prática nas outras CIPAs do Metrô. A subcomissão na Linha 1 - Azul do
Metrô será formada inteiramente por mulheres: as únicas três eleitas, o
que já denuncia o caráter machista, onde as mulheres não possuem voz e
representação em ambientes públicos, e outras três funcionárias
indicadas pela empresa.
As usuárias, as metroviárias, terceirizadas e Jovens Cidadãs devem
saber que a partir de agora possuem uma subcomissão para buscar, um
local para denunciar os assédios cometidos, onde buscaremos combater a
passividade da empresa diante desse absurdo, e denunciar a conivência do
Estado de São Paulo nos cada vez mais recorrentes casos de assédio.
Luta contra o machismo
Chegamos ao mês de dezembro depois de protestos em que as ruas foram
fechadas por inúmeras mulheres contra a criação da PL 5069 - projeto de
lei que tem entre os criadores Eduardo Cunha e Padre Ton, do PT que
ataca direitos mínimos conquistados com muita luta, como a distribuição
da pílula do dia seguinte e o aborto nos casos em que a mulher foi
vitima de estupro- e indo por mais, trazendo a bandeira da legalização
do aborto. Na América Latina, milhares de mulheres foram as ruas contra o
feminicídio e pedindo "Ni una menos" (Nem Uma a Menos).
E no Metrô de São Paulo as mulheres também tomam voz e denunciam os
inúmeros assédios sexuais que acontecem diariamente dentro dos trens,
desde o começo do ano os números de denúncia aumentaram
consideravelmente.
A empresa responde as reivindicações com uma campanha
ineficiente e dando a nós funcionários um treinamento tão ineficaz,
que soa como piada, em que o supervisor da estação liga aos funcionários
e pede a eles que leiam a campanha que está no mural: uma sulfite cor
de rosa com passos, que devemos seguir.
Ao mesmo tempo, a empresa não atende as reivindicações das
metroviárias que pedem a criação de uma cartilha interna, distribuída
amplamente, que chegue a todos os funcionários conscientizando a
categoria do que é o assédio sexual - que não é apenas o assédio físico,
mas também aquele assédio verbal transvestido de elogio -, o kit de
troca de roupa para atender as usuárias que tiveram as roupas sujadas
por esperma, e precisam apresentar isso como prova na delegacia,
contratação de mais funcionários para que possamos atender de forma
plena as usuárias vítimas de assédio - a empresa apresenta em sua
campanha que há mais de mil agentes de segurança para atender as vítimas
de assédio, mas sabemos que esse número é insuficiente até para ter
duplas em cada estação do Metrô.
Diante desse cenário no Metrô não podemos mais suportar que a empresa
naturalize, secundarize e negligencie o assédio às mulheres. A partir
da CIPA, da criação dessa nova subcomissão de saúde e proteção às
mulheres, mesmo reconhecendo suas limitações, tentaremos combater e
cobrar da empresa ações nesse sentido.
Fonte da Notícia: Esquerda Diário
Imagem de Anne Barbosa
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