Sem previsão de início das obras, com estimativa de custo atual de R$
305 milhões por quilômetro e capacidade de atendimento para 430 mil
pessoas por dia, o Monotrilho da Linha 18-Bronze, projetado para ligar o
ABC Paulista à Capital, continua rendendo muita polêmica e ainda é uma
incerteza.
Semana passada, a Comissão de
Transportes e Comunicações da Assembleia Legislativa recebeu o Secretário Estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni,
e o Secretário Nacional da Mobilidade Urbana, do Ministério das
Cidades, Dario Rais Lopes, para discutir os motivos pelos quais o trem,
que circula em elevados , ainda não teve as obras iniciadas.
Enquanto o governo do estado diz que as obras não começaram por
questões financeiras, o governo federal garante que a maior preocupação é
sobre a viabilidade do modal.
Clodoaldo Pelissioni disse que a PPP para a
Linha 18-Bronze foi assinada em agosto de 2014, sendo que a partir dessa data
haveria ainda mais seis meses para a execução do contrato, prazo que já
foi esgotado. Como as obras do monotrilho não começaram, o governo do
estado de São Paulo e o Consórcio ABC Integrado assinaram um aditamento
de contrato que termina em fevereiro de 2016.
Segundo Pelissioni, o governo do estado aguarda R$ 1,2 bilhão do Governo Federal por meio do BNDES. Mas este valor só seria liberado caso fossem
realizadas as desapropriações, que demandariam em torno de R$ 500
milhões, recursos que dependem de um aval da Caixa Econômica Federal por
meio do Cofiex – Comitê de Financiamento Externo. O deputado estadual
Orlando Morando disse que recebeu um e-mail da instituição informando
que não há previsão de o recurso ser liberado.
Já o secretário nacional da Mobilidade Urbana, Dario Rais Lopes,
comentou que o governo federal não tem objeções pela ligação contar com
um monotrilho em vez de outro modal, mas que o meio de transporte parece
não ser a melhor solução. Como prevê o contrato de execução de obras, é
necessário primeiro a Linha 17-Ouro, da Zona Sul de São Paulo, começar a
operar para verificar eventuais problemas técnicos e operacionais.
“Nos causa preocupação a forma pela qual se trabalha a solução.
Não estamos convencidos de que a solução será a mais adequada … Isso não
quer dizer que nós boicotemos” – disse, segundo a agência da Assembleia.
Dario acrescentou ainda que um dos temores, pela estrutura exigida
por um monotrilho, com estações e pilastras para os elevados, é que
eventualmente, não havendo dinheiro para a conclusão ou não se
comprovando a viabilidade técnica depois da operação em outras linhas, o Monotrilho da Linha 18-Bronze se torne um “esqueleto”.
Para exemplificar, Dario citou as obras da Linha 15-Prata (zona Leste
de São Paulo) e 17-Ouro (zona Sul), que contaram com recursos federais,
e estão com estações congeladas, o que segundo ele, gera um
“desconforto”.
Pelissioni reagiu e disse que as obras de monotrilho não são esqueletos: “São Paulo não tem esqueleto. Na Linha 17-Ouro temos 1.500 empregados trabalhando e na Linha 15-Prata, 1.900.”
O secretário municipal de transportes de São Bernardo do Campo, Oscar
José Garneiro Silveira Campos, defendeu o monotrilho que, segundo ele,
já é um modal “comprovado em outros países”.
No entanto, um estudo intitulado “A verdadeira realidade dos
monotrilhos urbanos – Sonho ou Utopia: De volta ao Futuro?”, do
engenheiro e mestre em Transportes pelo Instituto Militar de Engenharia –
IME, Marcus Vinicius Quintella Cury, mostrou que diversos países
desativaram suas redes de monotrilho por causa de altos custos e
problemas operacionais.
No dia 01/12/2010, a Revista Exame publicava uma matéria
da repórter Alexa Salomão, intitulada “A conta não fecha com os
monotrilhos”, também apresentando dados de especialistas sobre custos em
relação à demanda atendida e modelos abandonados no mundo.
Se houver liberação dos recursos para desapropriação, com a liberação
dos R$ 500 milhões pelo Cofiex, as obras só devem começar no segundo
semestre de 2016 e serão concluídas em 2020.
Fonte da Notícia: Blog Ponto de Ônibus
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