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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Passageiros adotam estratégias contra superlotação do Metrô e da CPTM

Lotação na Linha 4-Amarela do Metrô
O acúmulo de atrasos na entrega de novas linhas e estações e a consequente superlotação do sistema de trens e metrôs de São Paulo fazem do uso do transporte sobre trilhos um vale-tudo.

Em dez anos, enquanto a extensão da rede do metrô cresceu 36%, o número de usuários subiu 92%.

Para enfrentar plataformas, vagões e conexões apinhadas de gente nos horários de pico, os usuários criaram uma série de estratégias –muitas vezes, no mínimo questionáveis– para as viagens ficarem menos longas e espremidas.

Vale até apostar corrida antes da abertura das portas para não ficar preso na multidão, como faz todos os dias o estudante Higor Ferraz, 18.

Uso a Linha 4-Amarela e, quando o trem está chegando na Estação da Luz, eu já vou para a porta do vagão. Se você não corre, fica um monte de gente na escada e me dá agonia. Gosto de chegar primeiro para pegar um bom lugar na CPTM, diz.

Blogueiros

Vale calcular qual vagão para exatamente em frente à escada de saída ou de conexão que se quer fazer.

A tática, de tão corriqueira, ganhou até uma lista, compartilhada em blogs e redes sociais, que promete mapear portas e vagões certos para ganhar tempo.

Na Estação Sé, por exemplo, a mais movimentada de todas as do metrô, quem chega pela linha 3-Vermelha, sentido Barra Funda, e quer ir para o sentido Tucuruvi da Linha 1-Azul procura ficar na última porta do penúltimo carro ou na primeira porta do último carro.

Aprendi com o tempo. Se não fico no vagão certo, perco mais de dez minutos, conta Gabriel Ferreira, 21.

Há também quem se arrisque a fazer uma manobra proibida e muito perigosa: saltar da plataforma para o trem, ainda em movimento, grudando na porta para ser o primeiro a entrar.

Tem que dar uma de Homem-Aranha pra conseguir sentar. Não deveria ser assim, mas cada um dá seu jeito. Ficar de pé por 40 minutos depois do serviço é dureza, diz Leonardo Oliveira, 31. Ele é um dos passageiros que adotam a prática na estação Brás da Linha 12-Safira da CPTM.

O objetivo é garantir um lugar sentado.

Lógica

No vale-tudo, vale ainda o que parece pouco lógico: pegar o metrô no sentido contrário ao de casa.

A chamada viagem negativa é usada por passageiros que preferem perder tempo em um trajeto extra até mais uma estação para obter um assento vago na composição vazia e viajar sentado.

É o caso das atendentes Alexandra Lúcia Silva, 37, e Andréa de Queirós, 33, que trabalham de pé o dia inteiro numa lanchonete e preferem fazer uma viagem ao terminal Barra Funda para encarar o trajeto de volta até Artur Alvim sentadas.

Não ligamos para o tempo, não. Queremos é ir sentadas, diz Alexandra. De pé é um empurra-empurra danado. Uma cotovelada aqui, um pisão no pé ali. O trecho é longo, isso quando não dá pane. Sentada, fica suave, completa Andrea.

Há ainda quem burle o fluxo de entradas e saídas indicado nas placas e utilize as plataformas centrais nas conexões, entrando no vagão pela porta por onde todo mundo sai. Faz tanto tempo que faço que isso que já é automático. No horário de pico, só consigo embarcar desse lado, conta a estudante Chimene Araújo, 30, que adota a prática na Barra Funda.

Em nota, a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos diz que a rede tem normas de uso para garantir a segurança dos passageiros e que eles devem atentar-se às regras de boa convivência para deslocarem-se com segurança dentro e fora dos trens.

Fonte da Notícia: Revista Ferroviária
Imagem: Blog Ponto de Ônibus

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