A
Justiça de São Paulo abriu ação de indenização contra 15 empresas
suspeitas de formação de cartel em licitações dos trens do Metrô e da
CPTM. O processo foi apresentado pela Procuradoria Geral do Estado em
Agosto de 2013 e, desde então, corre na 4ª Vara da Fazenda Pública.
A princípio, seria incluída apenas a alemã Siemens, que denunciou o
cartel. As outras 14 empresas foram incluídas a pedido do Ministério
Público Estadual. As fraudes teriam ocorrido entre 1998 e 2008, em
governos do PSDB.
Em nota, a Procuradoria Geral do Estado apenas informa que a
juíza Celina Toyoshima, da 4ª Vara da Fazenda da Capital, acolheu a
petição inicial da ação proposta pelo Estado “objetivando o pagamento de
indenização por formação de cartel contra a empresa Siemens e demais
empresas citadas em acordo de leniência firmado junto ao Cade.” O
processo corre em segredo de Justiça.
Entenda o caso
A investigação de irregularidades nas licitações dos trens do Metrô e da CPTM começou a partir de um acordo de leniência (ajuda nas investigações) feito em 2013 entre umas das empresas acusadas de participar do suposto cartel, a Siemens, e o Cade, órgão ligado ao Ministério da Justiça.
O desdobramento das investigações mostrou, no entanto, que o esquema
poderia estar funcionando muito antes da denúncia feita pela Siemens. O
suposto pagamento de propinas a governos no Brasil pela empresa Alstom
teria tido início em 1997, segundo apuração iniciada pela Justiça da
Suíça.
Em 2008, o jornal norte-americano "The Wall Street Journal" revelou
investigações em 11 países contra a Alstom por pagamento de propinas
entre 1998 e 2003. As suspeitas atingiam obras do Metrô e funcionários
públicos. Foi neste ano que o Ministério Público de São Paulo entrou no
caso, pedindo informações à Suíça e instaurando seu próprio inquérito.
Também em 2008 um funcionário da Siemens denunciou práticas ilegais no
Brasil à sede alemã, dando detalhes do pagamento de propina em projetos
do Metrô, CPTM de SP e Metrô DF. Em 2013, a Alstom recebeu multa
milionária na Suíça e um de seus vice-presidentes acabou preso nos
Estados Unidos.
No Brasil, a Siemens decidiu então fazer a denúncia ao Cade delatando a
existência do cartel. Em dezembro, a ação chegou ao Supremo Tribunal
Federal. A investigação se ampliou e mostrou que o esquema poderia ser
bem mais amplo do que se imaginava.
Em 2014, o Cade ampliou o processo e passou a investigar licitações (de
1998 a 2013) em mais locais, além São Paulo e Distrito Federal.
Entraram também nas apurações Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande
do Sul.
Polícia Federal
Em dezembro, a Polícia Federal concluiu o inquérito do caso do cartel dos trens em São Paulo e encaminhou o caso para a Justiça Federal. No total, 33 pessoas foram indiciadas por: corrupção ativa, corrupção passiva, cartel, crime licitatório, evasão de divisas e lavagem de dinheiro - os crimes podem ser diferentes conforme o indiciado.
As empresas envolvidas teriam, entre 1998 e 2008, durante governos do
PSDB, feito um acordo para dividir entre elas contratos de reformas no
Metrô e na CPTM.
Entre os indiciados estão executivos que, na época, trabalhavam em
empresas multinacionais e também nacionais que, de acordo com a
investigação, faziam parte de um esquema que, pelos cálculos do
Ministério Público de São Paulo, provocou um rombo de R$ 834 milhões.
Também há ex-diretores da CPTM e o atual presidente da companhia.
A PF diz que era um jogo de cartas marcadas. As empresas não só
superfaturavam em até 30% o preço das obras e dos trens, como combinavam
qual delas faria a proposta vencedora de determinada licitação. Pelo
acordo, quem vencia a licitação subcontratava as perdedoras. Para o
esquema funcionar, as empresas pagavam propina a servidores públicos.
Segundo a PF, lobistas intermediavam os pagamentos.
O esquema foi denunciado pela Siemens. A multinacional alemã fez um
acordo com o Cade e, em
troca de não ser punida, revelou como funcionava o cartel.
Ministério Público
Em maio de 2014, o Ministério Público de São Paulo demandou indenização de R$ 2,5 bilhões para as empresas acusadas por formação de cartel e superfaturamento de contratos para reformas de 98 trens no Metrô de São Paulo.
O promotor Marcelo Milani pediu a dissolução das empresas que teriam
participado do suposto cartel, a quebra dos sigilos fiscal e bancário
das empresas e dos ex-diretores do Metrô, e a indenização.
Fonte da Notícia e Imagem: G1
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