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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Com o aumento das passagens, Bilhete Único Mensal é a melhor solução

Quase metade (47%) dos usuários do transporte coletivo na capital paulista será onerada pelo reajuste das tarifas de ônibus, trens e Metrô em São Paulo, que entra em vigor hoje, 06/01/2015. Segundo dados da SPTrans, dos 138,9 milhões de passageiros transportados em Novembro de 2014, 66 milhões pagaram a tarifa em dinheiro ou Bilhete Único Comum – modalidades que serão objeto do reajuste. Somente 4,3 milhões (3,1%) utilizaram as modalidades temporais do Bilhete Único – Mensal, Semanal ou Diário – que não terão reajuste.

Quem carregou o Bilhete Único Comum até ontem, 05/01/2014, terá o valor descontado com a tarifa antiga (R$ 3,00) até o final do crédito.

O dado divulgado pela prefeitura, de que somente 8% dos usuários seriam afetados pelo reajuste, é uma estimativa da SPTrans, considerando que a população e os empresários que pagam vale-transporte aos seus funcionários – equivalente a 30% dos pagamentos – vão aderir ao Bilhete Único Mensal, Semanal ou Diário. Estes vão ter o valor da tarifa mantido em R$ 140, R$ 38 e R$ 10 (Simples), respectivamente, ou R$ 230, R$ 60 e R$ 16 (Integrado), caso o usuário utilize a integração com Metrô ou com a CPTM.

Essas modalidades dependem de um cadastro gratuito na SPTrans e todos os modos de utilização ficam disponíveis no mesmo cartão. O valor tem de ser pago integralmente e a pessoa pode fazer quantas viagens quiser no período de validade do crédito. Este ponto tem sido apontado como o mais complicado da modalidade: nem todo mundo consegue desembolsar o valor do Bilhete Mensal de uma só vez, por exemplo.

O Bilhete Mensal vale 30 dias, o Semanal, sete, e o Diário, 24 horas. Ao completar o tempo, o cartão deixa de liberar a catraca. O cartão Mensal é válido para quem precisa fazer 48 embarques pagos (sem contar a integração) por mês. Se não for utilizado, o crédito perde a validade, como ocorre com os celulares.

Até o fim de Novembro de 2014, cerca de 920 mil pessoas aderiram ao Bilhete Único mensal, número que superou a meta da prefeitura, de 860 mil cadastros. O valor corresponde a 16,8% do total de bilhetes existentes: 5,5 milhões. No entanto, segundo os dados da SPTrans, somente 3,1% das viagens do mesmo mês foram realizadas com este tipo de cartão.

Já os estudantes representam aproximadamente 15,8 milhões (11,4%) dos passageiros pagantes. A prefeitura vai conceder gratuidade a cerca 550 mil estudantes de baixa renda das escolas públicas, para inscritos no Prouni e no Fies. O governo paulista também anunciou que concederá tarifa zero aos mesmos, acrescentando os estudantes das Etecs e das Fatecs, além da USP e da Unesp.

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos (estadual) estima que cerca de 65% dos estudantes que usam CPTM e Metrô terão direito ao benefício.

Porém, o passe livre estudantil terá o limite de 48 viagens mensais. Os requisitos ainda serão regulamentados pelos governos municipal e estadual, até o fim de janeiro. Quem não se enquadrar na tarifa zero ainda poderá utilizar o Bilhete Único Mensal Estudante, que custará metade da tarifa de cada formato do cartão – Simples ou Integrado.

Apesar de avançar na concessão de passe livre para estudantil para parte dos estudantes, o reajuste proposto é criticado pelo Movimento Passe Livre (MPL), que considera que o mesmo devia ser concedido para toda a população. O MPL convocou um ato para a próxima sexta-feira (9), com o objetivo de revogar o aumento, como ocorreu em junho de 2013.

Para o movimento, o transporte é o que garante a efetividade dos direitos fundamentais como saúde e educação, já que isso demanda deslocamento. E assim deve ser tratado como um direito também. “Um novo aumento irá excluir ainda mais gente do transporte coletivo – e da cidade. E não é porque um trabalhador recebe vale-transporte que ele não sentirá o impacto: o aumento restringe ainda mais a sua mobilidade à ida e vinda do trabalho e fecha as portas da cidade para qualquer outra atividade”, defende o movimento.

Na tarde de hoje, o Passe Livre realizou uma aula pública para discutir o transporte coletivo na capital paulista.

A prefeitura defende que o reajuste é necessário para manter o funcionamento do sistema. E que o mesmo ficou abaixo da inflação acumulada desde o último reajuste, em Janeiro de 2011. A inflação acumulada foi de 27% e o reajuste ficou em 16,67%. “Na média de todos os usuários pagantes, o reajuste (considerando os congelamentos dos temporais e a gratuidade para os estudantes) foi de 7,4%”, defende o governo municipal.

O orçamento paulistano para 2015 prevê ainda um subsídio de R$ 1,4 Bilhão para o transporte coletivo, pois o custo do sistema não é pago somente com a receita obtida das tarifas. O custo do transporte da capital foi de R$ 6 bilhões em 2014. No entanto, a consultoria Ernst&Young apontou a possibilidade de reduzir esse valor em cerca de R$ 693 milhões, adequando os custos de combustível, mão de obra e equipamentos aos padrões de mercado.

As tarifas do Metrô e da CPTM também terão reajustes de R$ 3,00 para R$ 3,50. Menos lembrados nas queixas cotidianas sobre o aumento, os dois sistemas têm um custo cotidiano menor que o sistema de ônibus municipal. E a receita do Metrô supera os gastos com alguma folga. Nos valores não estão computados os investimentos.

O gasto total de funcionamento do Metrô em 2013 foi de R$ 2 bilhões, enquanto as receitas foram de R$ 2,05 bilhões. Já na CPTM o custo anual foi de R$ 2,3 bilhões. Porém, com a queda do reajuste em 2013 a receita foi R$ 1,9 bilhão. O que levou o governo estadual a implementar uma forma de subsídio na companhia.

Fonte a Notícia: Diário da CPTM
Imagem: MobilidadeSP

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