Quase metade (47%) dos usuários do transporte
coletivo na capital paulista será onerada pelo reajuste das tarifas de
ônibus, trens e Metrô em São Paulo, que entra em vigor hoje, 06/01/2015. Segundo
dados da SPTrans, dos 138,9 milhões de
passageiros transportados em Novembro de 2014, 66 milhões pagaram a
tarifa em dinheiro ou Bilhete Único Comum – modalidades que serão objeto
do reajuste. Somente 4,3 milhões (3,1%) utilizaram as modalidades
temporais do Bilhete Único – Mensal, Semanal ou Diário – que não terão
reajuste.
Quem
carregou o Bilhete Único Comum até ontem, 05/01/2014, terá o valor
descontado com a tarifa antiga (R$ 3,00) até o final do crédito.
O
dado divulgado pela prefeitura, de que somente 8% dos usuários seriam
afetados pelo reajuste, é uma estimativa da SPTrans, considerando que a
população e os empresários que pagam vale-transporte aos seus
funcionários – equivalente a 30% dos pagamentos – vão aderir ao Bilhete
Único Mensal, Semanal ou Diário. Estes vão ter o valor da tarifa mantido
em R$ 140, R$ 38 e R$ 10 (Simples), respectivamente, ou R$ 230, R$ 60 e
R$ 16 (Integrado), caso o usuário utilize a integração com Metrô ou com
a CPTM.
Essas
modalidades dependem de um cadastro gratuito na SPTrans e todos os
modos de utilização ficam disponíveis no mesmo cartão. O valor tem de
ser pago integralmente e a pessoa pode fazer quantas viagens quiser no
período de validade do crédito. Este ponto tem sido apontado como o mais
complicado da modalidade: nem todo mundo consegue desembolsar o valor
do Bilhete Mensal de uma só vez, por exemplo.
O Bilhete Mensal vale 30 dias, o Semanal, sete, e o Diário, 24 horas. Ao
completar o tempo, o cartão deixa de liberar a catraca. O cartão Mensal é
válido para quem precisa fazer 48 embarques pagos (sem contar a
integração) por mês. Se não for utilizado, o crédito perde a validade,
como ocorre com os celulares.
Até
o fim de Novembro de 2014, cerca de 920 mil pessoas aderiram ao Bilhete
Único mensal, número que superou a meta da prefeitura, de 860 mil
cadastros. O valor corresponde a 16,8% do total de bilhetes existentes:
5,5 milhões. No entanto, segundo os dados da SPTrans, somente 3,1% das
viagens do mesmo mês foram realizadas com este tipo de cartão.
Já
os estudantes representam aproximadamente 15,8 milhões (11,4%) dos
passageiros pagantes. A prefeitura vai conceder gratuidade a cerca 550
mil estudantes de baixa renda das escolas públicas, para inscritos no
Prouni e no Fies. O governo paulista também anunciou que concederá
tarifa zero aos
mesmos, acrescentando os estudantes das Etecs e das Fatecs, além da USP
e da Unesp.
A
Secretaria dos Transportes Metropolitanos (estadual) estima que cerca
de 65% dos estudantes que usam CPTM e Metrô terão direito ao benefício.
Porém,
o passe livre estudantil terá o limite de 48 viagens mensais. Os
requisitos ainda serão regulamentados pelos governos municipal e
estadual, até o fim de janeiro. Quem não se enquadrar na tarifa zero
ainda poderá utilizar o Bilhete Único Mensal Estudante, que custará
metade da tarifa de cada formato do cartão – Simples ou Integrado.
Apesar
de avançar na concessão de passe livre para estudantil para parte dos
estudantes, o reajuste proposto é criticado pelo Movimento Passe Livre
(MPL), que considera que o mesmo devia ser concedido para toda a
população. O MPL convocou um ato para a próxima sexta-feira (9), com o
objetivo de revogar o aumento, como ocorreu em junho de 2013.
Para
o movimento, o transporte é o que garante a efetividade dos direitos
fundamentais como saúde e educação, já que isso demanda deslocamento. E
assim deve ser tratado como um direito também. “Um novo aumento irá
excluir ainda mais gente do transporte coletivo – e da cidade. E não é
porque um trabalhador recebe vale-transporte que ele não sentirá o
impacto: o aumento restringe ainda mais a sua mobilidade à ida e vinda
do trabalho e fecha as portas da cidade para qualquer outra atividade”,
defende o movimento.
Na tarde de hoje, o Passe Livre realizou uma aula pública para discutir o transporte coletivo na capital paulista.
A
prefeitura defende que o reajuste é necessário para manter o
funcionamento do sistema. E que o mesmo ficou abaixo da inflação
acumulada desde o último reajuste, em Janeiro de 2011. A inflação
acumulada foi de 27% e o reajuste ficou em 16,67%. “Na média de todos os
usuários pagantes, o reajuste (considerando os congelamentos dos
temporais e a gratuidade para os estudantes) foi de 7,4%”, defende o
governo municipal.
O
orçamento paulistano para 2015 prevê ainda um subsídio de R$ 1,4 Bilhão
para o transporte coletivo, pois o custo do sistema não é pago somente
com a receita obtida das tarifas. O custo do transporte da capital foi
de R$ 6 bilhões em 2014. No entanto, a consultoria Ernst&Young
apontou a possibilidade de reduzir esse valor em cerca de R$ 693
milhões, adequando os custos de combustível, mão de obra e equipamentos
aos padrões de mercado.
As
tarifas do Metrô e da CPTM também terão reajustes de R$ 3,00 para R$ 3,50.
Menos lembrados nas queixas cotidianas sobre o aumento, os dois
sistemas têm um custo cotidiano menor que o sistema de ônibus municipal.
E a receita do Metrô supera os gastos com alguma folga. Nos valores não
estão computados os investimentos.
O
gasto total de funcionamento do Metrô em 2013 foi de R$ 2 bilhões,
enquanto as receitas foram de R$ 2,05 bilhões. Já na CPTM o custo anual
foi de R$ 2,3 bilhões. Porém, com a queda do reajuste em 2013 a receita
foi R$ 1,9 bilhão. O que levou o governo estadual a implementar uma
forma de subsídio na companhia.
Fonte a Notícia: Diário da CPTM
Imagem: MobilidadeSP
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