Manifestação dos 20 centavos em 2013 |
Sob o risco de retomada dos protestos que marcaram
2013, o valor das tarifas de ônibus, metrô e trem de São Paulo foi
reajustado ontem, 06/01/2014, de R$ 3,00 para R$ 3,50. É o maior aumento em cinco
anos. Desde o início do bilhete único, em 2004, essa variação, de 16,6%,
é a maior no sistema sobre trilhos e a segunda mais alta nos coletivos
da capital - em 2010, houve reajuste de 17,4%. O MPL e outras entidades prometem grandes mobilizações para tentar, como
em 2013, reverter o aumento - por 22 dias, entre 02 e 24/06/2013, a
tarifa ficou unificada em R$ 3,20.
As
gestões Alckmin e Haddad destacaram, em notas, que o reajuste de hoje
está abaixo dos 27% da inflação acumulada desde janeiro de 2011.
Documentos da SPTrans apontam que a correção
simples levaria a tarifa a ficar entre R$ 3,65 e R$ 3,81". A corrida dos
táxis de São Paulo também ficará mais cara a partir de hoje. A
bandeirada passa de R$ 4,10 para R$ 4,50. "Estrategicamente, os
governantes anteciparam o reajuste para pegar o pessoal de férias e
reduzir manifestações", disse o consultor de Transportes Flamínio
Fichmann, para quem a decisão do aumento "é política" e poderia ser
evitada. "Essa é a lógica da administração pública, infelizmente: quanto
mais arrecadar, melhor."
O
fato de o CMTT, criado
após os protestos de 2013, não ter sido consultado sobre o aumento
provocou uma crise. Sete integrantes do conselho divulgaram uma carta de
repúdio à atuação do governo municipal.
Já
Horácio Augusto Figueira, mestre em Transportes pela USP, diz que o aumento é inevitável. "O restaurante onde
você come fica com o mesmo preço por quatro anos? Não."
Ainda
para reduzir protestos, os governos estadual e municipal anunciaram o
aumento conjuntamente com a concessão do passe livre estudantil - embora
o benefício não comece a valer hoje. A ideia é beneficiar estudantes de
escolas públicas e alunos de baixa renda ou cotistas de instituições
privadas, mas a vantagem estará limitada a 48 viagens por mês. Haddad
ainda tentará aproveitar o reajuste para ampliar a viabilidade dos
cartões temporais. O valor dos bilhetes diário (R$ 10,00), semanal (R$ 38,00) e
mensal (R$ 140) permanecerá congelado. No caso do bilhete único mensal
integrado (transporte sobre trilhos e ônibus), que vai permanecer em R$
230 por mês, o benefício compensará para quem fizer mais que 21
integrações por mês.
A
Prefeitura e o governo do Estado esperam uma migração de cerca de 860
mil pessoas para os cartões temporais. A chefe da cozinheira Maria José
Pereira, de 55 anos, já decidiu que os funcionários passarão a usar o
bilhete único mensal. Moradora de São Miguel Paulista, na zona leste,
Maria José pega em média 12 conduções por dia. "Por mês, esperamos ter
uma economia de uns R$ 22 com o bilhete mensal integrado." O MPL fez
ontem uma aula pública para falar sobre a passagem, no Vale do
Anhangabaú, na frente da Prefeitura. Cerca de 350 pessoas, segundo a
Polícia Militar, acompanharam a fala do ex-secretário municipal de
transportes Lúcio Gregori. Ele cunhou o termo "tarifa zero" para o
transporte público quando propôs, em 1990, que as pessoas pudessem
locomover-se gratuitamente pela cidade de São Paulo. O filho do prefeito
Fernando Haddad, Frederico Haddad, foi até o ato no Vale do Anhangabaú
mas, reconhecido por jornalistas, ficou irritado e foi embora. "Só estou
observando." Frederico disse ainda que não participará de atos contra a
tarifa.
Para 09/01/2014 , o movimento já marcou o primeiro protesto contra a tarifa -
até ontem, havia 27 mil adesões na internet. A ação terá apoio de
outras entidades, como a UNE e o MTST. "Vamos dialogar para
fazermos algo que seja sincronizado", disse Guilherme Boulos, da
coordenação nacional do MTST, que já planeja ações em Campo Limpo, zona
sul, e Guaianases, zona leste. "Vamos partir de bairros mais afastados
desta vez", admitiu Andreza Delgado, do MPL. Segundo ela, outro ato já
foi marcado para o dia 16/01/2015
Fonte da Notícia: O Estado de São Paulo
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