Composição K19 da Linha 3-Vermelha sofreu princípio de incêndio |
No início de Agosto de 2013, a Frota K do Metrô de São
Paulo ganhou projeção nacional ao ter o jogo de rodas de um de seus
trens descarrilando em pleno horário de pico, entre as Estações Marechal Deodoro e Barra Funda, na zona oeste paulistana.
Logo,
denúncias sobre a qualidade dos veículos pipocaram, uma ou outra medida
foi tomada, mas, pouco mais de um ano depois, os problemas continuam.
Somente nas primeiras duas semanas de setembro, quatro princípios de
incêndio ocorreram em veículos da frota, de acordo com funcionários.
Dois deles no mesmo trem, em um intervalo de apenas três dias.
Funcionários do Metrô combatem incêndio em trens da Frota K
Corroborada pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, a denúncia foi levada ao iG
por funcionários da empresa, que garantem ter problemas com as máquinas
desde que começaram a ser entregues os trens reformados da frota, ainda
em 2011, e relatam que as falhas continuam a ocorrer com uma frequência
assustadora
Os trens rodam na Linha-3 Vermelha, a mais
movimentada da cidade, responsável pelo trecho que liga as zonas leste e oeste na capital paulista
"Esses incêndios têm ocorrido com essa
frequência, não são algo que se possa chamar de normal e são um perigo
para qualquer um que utiliza o sistema, tanto para funcionários quanto
para passageiros", afirma o presidente do sindicato, Altino dos
Prazeres. "Além dos perigos do próprio fogo e do pânico que ele pode
acarretar, as ocorrências também acabam afetando todo o sistema, que já
está sobrecarregado. Temos poucos cruzamentos, poucas interligações,
então qualquer problema leva ao travamento das outras linhas, ao acúmulo
de passageiros nas plataformas e torna ainda mais deficiente todo o
sistema, que já tem muitos problemas."
De
acordo com relatórios enviados à Cipa da empresa, foram no total cinco os casos de princípio de
incêndio ocorridos somente neste ano. O primeiro, já denunciado no
jornal do sindicato no primeiro semestre, foi em 21 de maio, próximo à
Estação Vila Matilde, no trem K19. Os outros quatro, todos em setembro,
nos dias 3, 11, 14 e 17, respectivamente, nas proximidades das estações
Carrão (K15), República (K03), Sé e Brás (ambos no K01)
Registrados,
os incidentes serão apresentados na próxima reunião da comissão, em 3
de outubro, com o intuito de serem solucionados pelo Metrô,
responsável pelo transporte em São Paulo.
Fogo sob o vagão
Dentre
todos os casos de princípio de incêndio, apenas um deles, no dia 11,
ocorreu em horário de pico, quando passageiros chegaram a perceber a
fumaça sob o vagão com problema e precisaram abandoná-lo.
O caso
mais emblemático, no entanto, aconteceu em 14 de setembro, um domingo,
por volta das 9h. Na ocasião, o K01 seguia no sentido-Barra Funda quando
o operador percebeu sinal de fogo no trem nas proximidades da Estação Sé.
Composição "problemática" K07 do Metrô de SP. |
De
acordo com operadores de trem e responsáveis pela manutenção,
funcionários usaram extintores de incêndio e conseguiram normalizar a
situação momentaneamente até a chegada à República, quando a fumaça
voltou. Os passageiros precisaram deixar os vagões, mas mais uma vez
tudo parecia normalizado até o veículo se aproximar do Estacionamento da
Barra Funda, onde o operador desceu e percebeu que o fogo persistia. A
partir daí, foi necessária a atuação de vários funcionários ao longo de
mais de uma hora para apagar as chamas.
"Não dá para mensurar o perigo desses incêndios,
porque, por exemplo, se ele ocorrer dentro de um túnel, pode ser fatal",
conta ao Ig um operador que pediu para não ser
identificado. "Pelo fato de as janelas não terem abertura, a fumaça pode
acabar passando pelo ar-condicionado e asfixiando todo mundo. Até hoje,
o fogo conseguiu ser controlado no motor, que fica sob o trem, mas quem
sabe se ele não poderá acabar se espalhando. Além disso, há o pânico, o
maior dos perigos em situações como essa, porque as pessoas podem
querer descer desesperadas, saindo pisoteando umas as outras e até
podendo entrar em contato com os chamados terceiros trilhos, que são
energizados e podem matar."
De acordo com os operadores
consultados, todos os incêndios foram semelhantes e fizeram lembrar o
caso que resultou no descarrilamento do jogo de rodas de um vagão em 5
de Agosto de 2013: o rolamento do motor trava mas o motor continua em
funcionamento, o que o leva a sobreaquecer e, consequentemente, a reagir
com fumaça e fogo. Casos semelhantes ao do ano passado só não
ocorreram, segundo um operador, devido à instalação de um sensor que
sinaliza a ele quando a temperatura fica elevada, proporcionando o tempo
necessário para tomar a iniciativa de evitar o pior.
O
sindicato culpa as reformas feitas nos trens da frota pelos problemas,
classificada pela associação de "maquiagem". "Parece que houve uma queda
acentuada nos padrões de segurança do Metrô, uma pressa exagerada em
fazer mudanças", diz Altino dos Prazeres, há 20 anos funcionário da
empresa.
O sindicalista cita a bateria de testes pelas
quais os trens sempre passaram – no pátio; na linha, sem passageiro;
depois, tomadas as alterações cabíveis para os possíveis problemas; e só
após todo o processo, os carros seriam colocados à disposição dos
cidadãos. "Agora se coloca o trem na linha e se vai ajustando as falhas
aos poucos, o que para nós é um grande erro. Não se deveria fazer testes
com passageiros a bordo. Já denunciamos a Frota K ao Metrô, ao governo e
até ao Ministério Público", diz Altino, pedindo mudanças urgentes.
"Os
operadores acabam tendo receio de trabalhar e tudo isso acaba sendo um
perigo para todos os passageiros", conta outro operador da Linha 3-Vermelha. "Esse caso que descarrilou no ano passado, por exemplo, foi um
grande golpe de sorte, assim como todos os outros que ocorreram mais
recentemente em nosso Metrô. Imagina se ele acontecesse na Sé, uma
estação que tem uma curva forte para a direita. Poderia ter morrido
muita gente."
Em nota, o Metrô, responsável pelo
transporte na cidade, afirma que as informações dos funcionários não
procedem, "pois nenhum trem sofreu princípio de incêndio". Também
ressalta que, assim como nas outras linhas da capital, todos os trens da
Frota K "têm uma programação de manutenção preventiva e, quando
necessário, recebem ações de manutenção para sanar eventuais falhas".
Fonte da Notícia: Portal Ig
Imagem 1: Ig
Imagem 2: William Molina
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