Cena da Greve dos metroviários em Junho de 2014 |
O Metrô de São Paulo demitiu novamente dez funcionários que participaram da greve de Junho de 2014 uma das maiores da história dos metroviários.
As rescisões ocorreram semana passada - entre os demitidos há seguranças, operadores de trem
e supervisores. Esses empregados haviam sido readmitidos no início de
setembro após uma liminar da Justiça do Trabalho em seu favor.
O Sindicato dos Metroviários já entrou com recurso para
tentar reverter a decisão concedida pela desembargadora Lara Ramires da
Silva de Castro.
Para ela, a reintegração foi dada antes da audiência
inaugural, o que teria feito o Metrô não ter tido tempo para ampla
defesa. A apreciação do caso está prevista para ser retomada em novembro
no Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região (TRT-2).
Em decisão publicada em agosto, o juiz do Trabalho Thiago
Melosi Sória, da 34.ª Vara do TRT-2, entendeu que "houve aparente vício
formal na prática dos atos das dispensas e que as provas produzidas pela
ré (o Metrô de São Paulo) ainda neste momento inicial do processo não
revelam a prática das faltas graves atribuídas aos empregados
dispensados".
Outros 23 funcionários readmitidos por meio de outro processo continuam trabalhando na empresa.
De acordo com o Metrô, os demitidos - que integram um grupo
de 42 pessoas, duas das quais posteriormente reabsorvidas pela própria
empresa - se envolveram em quebra-quebra na Estação Ana Rosa, quando a
Tropa de Choque da Polícia Militar invadiu o local para dispensar os
manifestantes. A força policial fez uso de cassetetes e bombas.
Além disso, o Metrô alegou que funcionários haviam impedido
o fechamento das portas de um trem na Estação Tatuapé, durante a greve.
Mas imagens de câmeras de segurança da própria empresa
revelam, de acordo com o texto da primeira decisão judicial, que os
trabalhadores, embora "estivessem na plataforma, não aparecem impedindo o
fechamento das portas".
A advogado dos metroviários, Eliana Lúcia Ferreira, disse
ontem que os dez funcionários passam a ficar sem vínculos com a empresa.
"E isso é contraditório, porque o Metrô está precisando de
gente. Do ponto de vista do dinheiro público, é até mais correto que
essas pessoas ficassem. Porque se ao fim do processo a Justiça
determinar que os funcionários estão corretos, como já ocorreu, o Metrô
terá que pagar os salários de todo o período, com os juros. É melhor
deixarem as pessoas trabalharem."
Em um documento enviado aos dez trabalhadores, o Metrô pede
que devolvam crachás e uniformes. O sindicato acusa o Governo Geraldo
Alckmin de perseguição política, já que a maioria dos demitidos
eram ativos representantes da entidade, como diretores.
A categoria informa que nunca foram apresentadas provas
concretas que indicassem a participação dessas pessoas, especificamente,
nos atos de vandalismo.
Um dos dez funcionários novamente desligados do Metrô disse
que não sabe o que acontecerá com ele e seus colegas, mas que o Metrô
tentou impedi-los de usar um broche da campanha da readmissão dos demais
metroviários demitidos enquanto estavam trabalhando.
Por meio de nota, o Metrô de São Paulo informou apenas que
TRT "cassou (suspendeu) a decisão judicial de 1.ª instância que
determinou a reintegração de 10 empregados demitidos em 09/06/2014" e que, "dessa forma, está mantido o desligamento dos
funcionários".
Fonte da Notícia: Revista Exame
Imagem: Revista Veja
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