Frota L modernizada pelo Metrô de São Paulo |
Próxima Estação: República. A aposentada Zilda
Maria de Almeida, de 73 anos, sai do assento e segue em direção à porta
do trem para desembarcar. Após alguns passos, a composição dá um forte
solavanco. Sem equilíbrio, a idosa quase cai, apoia-se em outra
passageira e precisa ser ajudada.
—
É uma falta de respeito, isso está a cada dia pior. Se levantar quando o
trem para, você não consegue sair porque a porta abre e fecha muito
rápido. Mas também, se levantar antes, acontece isso, freia e joga todo
mundo no chão.
As
paradas bruscas são reclamações recorrentes nas Linhas 1-Azul, 2-Verde e
3-Vermelha. Operador de trens do Metrô há 26 anos, Dagnaldo Gonçalves
conta que nunca ouviu tantas queixas sobre os solavancos. Segundo ele,
as freadas repentinas são resultado de trens reformados ou novos, com
sistemas diferentes.
—
A parada do trem nas estações é automática, mas como existem várias
frotas de trem, essa regulagem não se consegue fazer. Então, muitas
vezes, o operador é obrigado a parar em emergência, porque falha essa
parada programada. Um dos motivos disso acontecer é que, tanto nos trens
reformados [frotas L e K] quanto nos novos [frota H], foi retirado o
semiautomático. Eles só têm o automático e o manual. Então, você passar
do automático para o manual ou então aplicar emergência, ele dá esse
tranco.
Apenas
a modernização de 98 composições custou à companhia R$ 1,7 bilhão, sem
contar os trens novos, comprados da espanhola CAF. A decisão do governo
paulista virou alvo de uma investigação do Ministério Público sobre
superfaturamento nas reformas. Alguns desses trens têm mais de 30 anos
de uso.
Até
meados de janeiro, a cozinheira Renata Costa se sentia segura dentro do
metrô, mas mudou de opinião em uma manhã. Por pouco, ela não sofreu um
grave acidente.
—
Esses dias eu achei que [o trem] já estivesse parado e ele deu mais uma
freada quando já estava na estação. Fui jogada com força contra um
ferro desses que a gente se segura. Fiquei o dia inteiro com o braço
dolorido.
Metrô tem uma falha grave a cada três dias
O
professor de engenharia mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia
Aurélio da Dalt explica que problemas desse tipo envolvem o sistema de
controle e colocam em risco os passageiros. Segundo ele, as falhas devem
ser corrigidas o mais rápido possível.
—
Uma das características do sistema de frenagem é justamente ele ser de
tal forma que não dê solavanco nenhum. [...] O operador vai tentar
reduzir a velocidade, por um joystick. Mas, se isso estiver desregulado,
mesmo no modo automático, vai dar problema, porque é do trem, não é um
problema de controle.
De
2009 a 2013, o número de falhas graves no metrô aumentou 105%, segundo o
Sindicato dos Metroviários. Além disso, nos trens das frotas K e L, há
trepidações nas portas, ar-condicionado que não funciona, panes em
sensores e nos freios. Outros defeitos que colocam em risco a segurança
dos usuários também são frequentes nos trens novos, da frota H, segundo
os funcionários
Outro lado
Em
nota, o Metrô informou que as freadas acontecem quando o trem à frente
fica parado na plataforma mais tempo do que o programado, seja por falha
ou por usuários que impedem o fechamento das portas. A companhia ainda
esclareceu que a aceleração, frenagem e o tempo de parada são
coordenados por um sistema automático e que o operador só assume o
controle em caso de anormalidades.
Fonte da Notícia: R7
Créditos da Imagem Reservados ao Autor
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