O secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes,
acusou vândalos por provocar a confusão com a pane na Linha-3-Vermelha ontem. O secretário deu entrevista ao Jornal da
Globo, ignorando a sequência de falhas de segurança nos trens.
O
cenário presenciado pelos paulistanos começou às 18h20 e só foi
solucionado 5 horas depois, às 23h20. Um problema nas portas de um dos
trens causou a paralisação em 10 estações da linha Vermelha do Metrô.
Usuários passaram mal com o calor e a espera. Tumulto, pânico e o tempo
aguardado dentro dos trens lotados, sem ar condicionado ou circulação de
ar, de 20 a 40 minutos, fizeram os usuários acionarem os botões de
emergência para a abertura de portas em sete carros.
Muitos
choravam, houve depredação de placas e vidros quebrados. Na estação Sé,
seguranças da empresa tentaram restabelecer a paz no local, ordenando
que as pessoas voltassem novamente ao trem. Os passageiros negaram,
gerando brigas e mais tumultos.
O Metrô foi
questionado pela Folha de S.Paulo e afirmou que o problema se resolveu
em 8 minutos, mas que a paralisação havia ocorrido porque os usuários
permaneceram nas passarelas. O discurso tanto na resposta à Folha,
quanto na nota emitida ontem a noite pelo Metrô, é o mesmo do secretário
de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes.
“O
que fui inusitado hoje é que esta falha gerou uma reação em cadeia de
um vandalismo inusitado. Esse botão de emergência é acionado quando você
tem uma pessoa doente, a pessoa passando mal, alguma situação que o
metrô tem que parar. Agora 7 vezes em menos de 40 minutos em pontos
distintos da linha 3 por coincidência, mesma linha, esse botão ser
acionado é algo inusitado.”
Em seguida, o
repórter do Jornal da Globo perguntou se o governo já apurou se foi
vandalismo, de fato, em um ato orquestrado. E Jurandir Fernandes
respondeu: “Não há dúvida, não há dúvida, nós temos depoimentos, temos
câmaras, as imagens mostram isso, que grupos organizados davam palavras,
gritavam palavras de ordem, incitavam a população a pular na linha. E
nós temos as passarelas, você não precisa andar pela linha”.
As
imagens gravadas e fotografias mostram que não havia possibilidades de
circulação dos usuários pelas passarelas. Com as estações completamente
lotadas, muitas pessoas foram obrigadas a sair do metrô e tomar outras
providências para chegar às suas casas.
O
sindicato dos Metroviários emitiu nota avaliando que não é a primeira
vez que ocorrem falhas de segurança nas composições da frota K. O trem
que provocou a pane é o veículo K-07, da composição de trens que foram
reformados, de 2008 a 2010, durante os governos de Serra e Alckmin,
pelas empresas investigadas de envolvimento em cartel: o chamado
Propinoduto Tucano.
Esses contratos foram
suspensos nesta segunda-feira (03) pelo Ministério Público Estadual, que
constatou que as licitações previam um gasto inicial de R$ 1,6 bilhão e
que a assinatura incluía outros contratos somados a esse, gerando um
total de R$ 2,5 bilhões.
Durante as
investigações, o promotor Marcelo Milani havia exemplificado a dimensão
do dinheiro assinado: “Nova York comprou 300 vagões em 2013 por R$ 600
milhões, enquanto o Metrô gastou 4 vezes mais para reformar 98
composições. É um prejuízo absurdo para os cofres públicos”.
A
nota do sindicato dos Metroviários informa que depois da divulgação das
consecutivas panes nos veículos, o “Metrô dificultou o acesso de seus
trabalhadores ao sistema de registro de falhas dos trens, conhecido como
S-GUT”, com restrições. O programa mencionado registra todas as falhas
das composições em operação na malha metroviária da cidade, sendo
possível identificar a quantidade e tipos de panes.
“Dificultar
o acesso a informações não resolverá as falhas. O que o Metrô está
fazendo é esconder as informações, acobertando os indícios de corrupção
que afetam diretamente a população. É mais fácil fingir que as falhas
não existem e as vidas dos usuários e metroviários não estão em risco”,
afirmou o sindicato.
Fonte da Notícia: Jornal GGN
Nenhum comentário:
Postar um comentário