O
secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, afirmou hoje que será firmado um protocolo entre a sua pasta, que
comanda as polícias civil e militar, e a Secretaria dos Transportes
Metropolitanos, responsável pelo Metrô e pela CPTM, para melhorar a
comunicação e a “intervenção” das forças de segurança em dias de caos no
serviço de trens. Segundo Grella, a ideia é a polícia ter informações
mais rápidas para poder decidir qual força será enviada.
A
reunião será na segunda-feira e foi marcada em razão confusão nas
estações como na última terça-feira (4). Após falha em uma composição na
Linha 3-Vermelha (Palmeiras-Barra Funda/ Corinthians-Itaquera), os
dispositivos de segurança foram usados por passageiros que estavam em
sete vagões diferentes. A operação na maior parte da linha ficou
interrompida por cerca de 5 horas.
O
problema começou por volta das 18h24, quando uma composição apresentou
falha na estação Sé, afetando a circulação da linha no horário de pico.
Segundo o Metrô, apesar de "a ocorrência operacional ter sido sanada às
18h27, usuários acionaram botões de emergência de sete trens que vinham
atrás, em sequência, e desceram às passarelas de emergência, causando a
interrupção da operação no trecho entre Palmeiras-Barra Funda e Sé".
De
acordo com o Metrô, os usuários caminharam pelas passarelas laterais e
foi preciso desenergizar toda a linha. A circulação de trens foi
plenamente normalizada às 23h20 de terça-feira.
“Nós
temos que ter uma agilização nesse contato para ter um quadro real do
que está acontecendo e saber que força policial vai ser mandada”,
afirmou.
Grella
afirmou que a conversa será com o secretário dos Transportes
Metropolitanos, Jurandir Fernandes e que o objetivo é estabelecer "um
protocolo que permita agilidade. Nós precisamos aperfeiçoar a
comunicação para permitir que a polícia, em casos como o que aconteceu,
possa agir mais rápido”, disse Grella.
Ainda
segundo o secretário, a pasta dos Transportes Metropolitanos já enviou à
Polícia Civil imagens dos atos de vandalismo registradas por câmeras do
Metrôs durante a confusão da última terça-feira. O Deic vai investigar
as imagens. O secretário Jurandir Fernandes disse ao SPTV que vai
instalar mais 1.500 câmeras de segurança nas estações e contratar mais
vigilantes para os horários de pico.
Nesta
quarta-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que a
sequência de acionamento de botões de emergência não foi "espontânea" e
que houve muita "coincidência".
"Ocorreu
problema em uma porta que foi resolvido em menos de 10 minutos. Foram
quase 10 botões de emergência apertados simultaneamente, desceram
pessoas na linha e ela precisou ser desligada", explicou Alckmin nesta
quarta-feira (5), durante um evento sobre câncer na capital paulista.
O
governador disse não acreditar que o fato tenha sido "geração
espontânea". "É preciso ser investigado porque não é uma coisa
espontânea. [Foi] Muita coincidência", avaliou.
Alckmin
afirmou, ainda, que houve grupos invadindo as estações. Segundo o
governador, serão estudadas medidas que possam evitar esse tipo de
situação no Metrô. "Aumentar policiamento, segurança, câmera de vídeo e
como tecnologicamente evitar esse tipo de questão", declarou.
O
governador chegou a usar o termo "sabotagem" para se referir às
medidas. "Tecnologia no sentido de evitar que sistemas de segurança
possam ser usados por pessoas para fazer sabotagem, para causar
prejuízos", disse.
Controle de fluxo
A grande concentração de passageiros provocou desentendimentos entre usuários e seguranças na estação Sé, e a Polícia Militar precisou ser acionada. Às 21h15, os portões da estação estavam fechados, e os funcionários orientavam os passageiros a pegar ônibus ou caminhar até a estação São Bento, da Linha 1-Azul do Metrô. Segundo funcionários do Metrô, todas as estações da Linha 3-Vermelha foram esvaziadas. A assessoria do Metrô, porém, não confirmava no horário a interrupção integral da circulação.
Dentro
da estação Sé, passageiros ainda aguardavam às 22h o retorno da
circulação. Nervosos, alguns usuários se negavam a deixar a estação e
protestavam contra a falta de transporte. Outras pessoas esperavam que o
tumulto diminuísse para deixar o local.
A
SPTrans informou que, nos trechos onde houve problemas na circulação
dos trens do Metrô, o serviço de transporte coletivo municipal operou
"com frota cheia, ou seja, com a frota de ônibus disponibilizada pelas
operadoras nos horários de pico dos dias úteis". Segundo a SPTrans, o
Metrô e a CPTM não solicitaram o acionamento do Paese.
Reflexo na linha
O analista de nutrição Juliano Silva Vieira dos Santos, de 30 anos, estava na composição que ficou parada entre as estações Marechal Deodoro e Santa Cecília. Segundo ele, os passageiros se desesperaram quando o ar-condicionado foi desligado.
"O
trem já tinha ficado parado na Barra Funda por um bom tempo. Depois, na
estação Deodoro. Quando parou no túnel (entre Deodoro e Santa Cecília),
o ar-condicionado estava gelado, mas daí ficou quente de repente. Todo
mundo ficou desesperado, porque não conseguia respirar. Algumas pessoas
começaram a gritar: 'Vamos sair! Vamos sair!' Foi quando bateram nos
botões [de emergência] e abriram as portas. Saímos caminhando em direção
à Estação Marechal Deodoro", contou.
Juliano
disse que, em momento algum, os passageiros foram informados por meio
do sistema de som ou por algum funcionário sobre o que estava
acontecendo.
"Só
diziam que um trem estava com problema, mas não falavam o que era nem
davam qualquer previsão de retorno da circulação. Depois, anunciaram que
havia usuários andando pela via", relatou.
Segundo
o analista de nutrição, alguns passageiros decidiram andar da estação
Deodoro até Santa Cecília pelo túnel do Metrô. Cansado de esperar, ele
saiu da estação e voltou a pé para a Barra Funda, seu ponto de partida,
onde pretendia pegar um ônibus para tentar chegar a Artur Alvim, na Zona
Leste – no outro extremo da cidade –, onde mora.
A
passageira Paula Lago, de 35 anos, chegou à Estação Bresser da Linha
3-Vermelha às 20h de terça e foi impedida de entrar porque o acesso
estava restrito.
"A
única informação era que não tinha metrô", afirmou. Ela esperou alguns
minutos, e o acesso acabou liberado apenas para viagens até a Sé. "Mas
eu fiquei 10 minutos dentro do vagão, sem movimentar", disse. Paula
desistiu de tentar e acabou deixando a Estação Bresser.
Fonte da Notícia: G1
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