Frota K do Metrô de São Paulo |
O Metrô de São Paulo resolveu dificultar o acesso de seus funcionários
ao sistema de registro de falhas dos trens, conhecido como S-GUT. As
restrições foram implementadas depois de reportagens de vários veículos
de comunicação mostrarem falhas de segurança nas composições da Frota K,
recentemente reformadas por empresas envolvidas nas denúncias de
cartel.
Há quatro meses RBA e Outras Palavras têm demonstrado como uma série de
ocorrências vêm colocando em risco a integridade de funcionários e de
usuários. Porém, entre os dias 05 e 06.12.2013,
logo depois de a Rádio CBN ter publicado notícias sobre panes
recorrentes na Frota K, o Metrô resolveu restringir o acesso ao sistema.
Baseada em dados obtidos por metroviários diretamente nos computadores
da empresa, a reportagem repercutiu em outros meios de comunicação da
capital, como O Estado de S. Paulo e Diário de S. Paulo, e desagradou
seus diretores.
“Estavam programando alteração no software há mais ou menos um mês,
talvez porque estávamos levantando informações e levando à imprensa”,
afirma um dos funcionários do Metrô que tem repassado dados sobre falhas
do sistema. “A alteração estava programada para a segunda quinzena de
dezembro. Um dia depois das últimas reportagens, porém, já tinham mudado
tudo. Não dá para afirmar que é por causa disso. Mas foi o que
ocorreu.”
Até a semana passada, qualquer funcionário da área de tráfego do Metrô
conseguia acessar o S-GUT sem maiores problemas. O sistema registra
todas as falhas das composições em operação na malha metroviária da
cidade. A partir dessas informações é possível verificar a quantidade e o
tipo de panes apresentadas por cada trem, a data e a hora dos defeitos.
É uma espécie de “ficha completa” das composições.
O S-GUT tem sido utilizado por funcionários da empresa para fazer
denúncias de algumas falhas de segurança na rede – muitas delas graves.
Diante do silêncio do Metrô sobre os constantes problemas nos trens,
sobretudo nas frotas reformadas, a pesquisa informal de metroviários tem
sido uma das poucas fontes de informação confiável sobre a situação da
malha metroviária paulista. A empresa jamais conseguiu desmentir tais
denúncias.
“O novo programa dá acesso ao número dos trens e a informações sobre se
está na linha ou no pátio, com cores indicando se o trem está liberado
para circulação, se está recolhido ou se está liberado com ocorrência de
falhas”, continua o funcionário. “Mas não mostra de jeito nenhum o tipo
de falha que há no trem. Não temos mais como saber o que está
acontecendo.”
De acordo com o metroviário, agora, para entrar no sistema, que foi
rebatizado de S-GUT 2 Web, o funcionário precisa submeter seu número de
registro funcional e uma senha. Antes, essa identificação pessoal de
acesso não era necessária, o que permitia aos empregados da companhia
certo grau de anonimato. “Ficou mais arriscado conseguir informações.”
A disposição dos dados na tela também impede uma análise mais completa
das falhas ao longo do tempo. “Você precisa escolher uma data e um
horário específicos para visualização. E esse horário varia de dois em
dois minutos. Fica impossível de fazer os levantamentos. Precisaríamos
selecionar quase de minuto a minuto o que queremos ver”, lamenta.
“A empresa se fechou ainda mais. É uma total falta de transparência”, se
queixa o metroviário, dizendo que a categoria aprova a divulgação das
falhas na imprensa. “O Metrô está querendo abafar essas ocorrências,
para que não tenha mais problema com os meios de comunicação. A mudança
no sistema, porém, não resolve as falhas. É só mais uma maneira de
escondê-los da opinião pública, para fingir que não existem.”
Procurado, o Metrô se recusou a responder às questões enviadas pela
reportagem. A RBA quis saber se as alterações no sistema de registro de
falhas guardavam relação com a publicação das denúncias sobre as panes
nos trens novos e reformados, e se a empresa tinha como objetivo
restringir o acesso de funcionários às informações. E também por quê a
empresa decidiu modificar o programa.
“O aperfeiçoamento de normas e procedimentos é uma prática permanente do
Metrô de São Paulo em busca da melhoria contínua de todas as áreas da
companhia, sempre mantendo o foco no ganho de qualidade, eficiência e
segurança”, afirmou a estatal, em nota, ignorando os questionamentos.
Fonte da Notícia: Diário da CPTM
Créditos da Imagem Reservados ao Autor
DESEJAMOS A TODOS UM FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO 2014
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