Multidão que participou do Protesto em SP ontem |
Foram quatro protestos consecutivos, vandalismo, quebra-quebra, uma
reação descabida da Polícia Militar na quinta-feira da semana passada,
muitos feridos, mas nesta segunda-feira, enfim, manifestantes, PMs e a
população da capital paulista se renderam ao protesto que tenta reduzir a
tarifa de ônibus, reajustada no início do mês de R$ 3 para R$ 3,20.
Cerca de 65 mil pessoas, segundo o Datafolha, e cem mil, segundo o
Movimento Passe Livre, que organiza os protestos desde o início,
ocuparam as zonas Sul, Oeste e a região central da cidade. A
concentração foi no Largo da Batata, em Pinheiros. Ali, uma mudança
drástica já foi sentida: militantes que portavam bandeiras de partidos
foram hostilizados pela multidão.
O grupo saiu em direção à Avenida Faria Lima. No caminho, outras
milhares de pessoas se juntaram ao movimento. A aposentada Marita
Ferreira, de 82 anos, carregava um cartaz: “82 anos. Não vim para
brincar, vim para manifestar”. Ela e o filho, o corretor Roberto
Cabral, 50 anos, viraram atração. “Quando minha mãe soube que eu viria,
ela não deixou que eu saísse sem que ela fosse junto.”
Perto das 18h, houve uma divisão: o Passe Livre seguiu em direção à
Ponte Estaiada, no Brooklin, enquanto os representantes de partidos e
dos movimentos sociais entraram na Avenida Rebouças, no sentido da
Avenida Paulista. Às 22h30, por volta de dez mil pessoas continuavam na
principal via da capital.
Durante todo o trajeto, que passou pela Avenida Juscelino Kubitschek,
Rua Funchal e Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, o clima era de
cordialidade. Seis policiais acompanharam os manifestantes. Os
protestantes, quando cruzavam com ônibus, gritavam “sem vandalismo”, em
referência às pichações feitas nos veículos nas semanas passadas.
Por volta das 20h, já na Berrini, aconteceu o momento que resumiu a
passeata até então: após os manifestantes sentarem no chão da avenida,
os seis policiais, inclusive o major Paulo Wilhelm, que comandava a
operação, também sentaram. Todos aplaudiram. Em seguida, os
participantes foram para a Ponte Estaiada e seguiram, já por volta das
21h, para o Palácio dos Bandeirantes.
Tensão/ Depois de a multidão se dispersar, cerca de
quatro mil pessoas chegaram à sede do governo estadual, no Morumbi.
Alguns, com camisetas tapando o rosto, forçaram o portão e jogaram
morteiros nos jardins do prédio. Dois pelotões da Força Tática e um da
Tropa de Choque permaneceram em prontidão.
Por volta das 23h, os portões da entrada principal foram quebrados,
mas não houve invasão. Para dispersar o grupo, os policiais jogaram
bombas de gás lacrimogêneo. Em seguida, parte dos manifestantes se
reuniu em frente ao portão de visitantes e colocou fogo em objetos.
Prefeitura receberá movimento para conversa
No primeiro gesto para tentar uma aproximação com o Movimento Passe Livre, a Prefeitura recebe nesta terça-feira os líderes do grupo para uma reunião extraordinária com o Conselho da Cidade. O objetivo, segundo o prefeito Fernando Haddad, é discutir o transporte público, mas não há qualquer garantia de uma possível redução na tarifa. Pelo contrário. Nesta segunda, em uma prévia desse encontro desta terça, o secretário de Governo, Antonio Donato, disse aos manifestantes que não há possibilidade de negociação neste momento.
Haddad, sem avisar a imprensa, participou da conversa, que não estava
na sua agenda oficial publicada diariamente na internet. Segundo o
Passe Livre, o prefeito “fez diversos apontamentos e justificou não ser
possível revogar o aumento da tarifa por motivos técnicos”.
O grupo rebateu e avisou em nota que vai continuar os protestos.
Nesta terça está marcado um novo, às 17h, na Praça da Sé: “Os aumentos
de tarifa não se tratam de uma questão técnica, mas política, como
provam os diversos lugares em que a pressão popular conseguiu os
reverter (sic)”. No final, o movimento convidou Haddad para uma reunião
nesta quarta, às 10h, no Sindicato dos Jornalistas.
Fonte da Notícia: Diário de São Paulo
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