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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Polícia Federal suspeita que houve propina em obras de expansão das Linhas 2-Verde e 4-Amarela

Com base em 32 conjuntos de mensagens trocadas por e-mail entre executivos da empreiteira Odebrecht, a Polícia Federal organizou uma lista dos casos em que a empresa é suspeita de ter pago propina a políticos para obter vantagens indevidas em contratos com o poder público. Entre elas estão mensagens com pedidos de pagamentos de porcentagens referentes a obras das Linhas 2-Verde e 4-Amarela do Metrô de São Paulo. 

Os e-mails revelam ainda um pedido de pagamento de R$ 500 mil, em 2004, relacionado a uma “ajuda de campanha com vistas a nossos interesses locais”. Na mensagem, assinada pelo diretor da Odebrecht responsável pelo contrato da Linha 4-Amarela, Marcio Pellegrini, ao Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, conhecido como “departamento de propinas” da empreiteira, há uma referência ao codinome “Santo”. 

A PF, contudo, afirma não ter identificado a quem se referem os codinomes destas planilhas e, por isso, os possíveis destinatários destes pagamentos não foram alvo da Operação Omertà, 35.ª fase da Lava Jato.

“Verificou-se que alguns pagamentos eram solicitados explicitamente a título de contribuição para campanhas eleitorais, mas, ao contrário de qualquer alegação de que se tratariam apenas de contribuição popularmente conhecida como caixa 2, encontravam-se diretamente atrelados ao favorecimento futuro da Odebrecht em obras públicas da área de interferência dos agentes políticos”, afirmou o delegado da PF Filipe Hile Pace. 

Ao todo, a PF lista mais de 20 e-mails referentes às obras do metrô paulista, sempre partindo dos diretores e executivos ligados à obra para executivos do “departamento de propinas” e para o então presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa Júnior, que na maioria dos casos repassava o pedido de pagamento para Marcelo Odebrecht aprovar.

Nas trocas de e-mails aparecem o total de nove apelidos, sendo seis ligados às obras da Linha 2-Verde e a porcentagens de pagamentos que variam de 0,5% a 4%, e dois ligados às obras da Linha 4-Amarela. A Odebrecht participou do consórcio que fez os lotes 1 e 2 da Linha 4-Amarela e também atuou na expansão da Linha 2-Verde, ligando as Estações Ana Rosa e Santos-Imigrantes.

Linha 2-Verde

Em 04/01/2006, por exemplo, Fábio Gandolfo, diretor de contrato da Linha 2-Verde, encaminha a Ubiraci Santos, apontado como um dos responsáveis por fazer as solicitações de pagamentos ilícitos do Setor de Operações Estruturadas, uma planilha com pagamentos para “Corintiano”, “Estrela”, “Bragança” e “Brasileiro”, previstos para 11/01/2006.

Em outro e-mail, de maio, com o assunto “Metro SP”, Gandolfo informa que foi assinado um aditivo contratual referente ao lote 3 da obra, no valor de R$ 37,7 milhões, e pede que seja adicionado as propinas referentes a este aditivo à “Planilha DGI”. Segundo a Lava Jato, a sigla DGI era utilizada com frequência pelos executivos da Odebrecht para se referir aos pagamentos ilícitos e aos acertos do “departamento de propina”.

Neste aditivo, o maior porcentual ficaria, segundo a planilha, com “Estrela”, o equivalente a 4% do valor do contrato, totalizando R$ 1,5 milhão. Rio. Na lista de obras citadas nas mensagens reveladas pela PF, 14 se referem a obras no Rio de Janeiro – 11 na capital, duas em Rio das Ostras e uma em Campos.

Esses e-mails permitem concluir que 16 pessoas ou grupos de pessoas se beneficiaram da propina. Elas são identificadas por codinomes como “Bolinha”, “Pavão”, “Rasputim”, “Barba Negra” e “Casa de Doido”.

Defesa

Por meio de nota, o Governo de São Paulo afirmou que o Governador Geraldo Alckmin não mantém relações com empresários “que não sejam pautadas estritamente pelo interesse público”.

“O Governo de São Paulo está à disposição para colaborar com a força tarefa e já determinou que a CGA solicite compartilhamento de informações.”

Também em nota, a Secretaria de Transportes de São Paulo afirma desconhecer irregularidades em suas obras. “As empresas, contudo, estão à disposição para colaborar com a Força Tarefa da Lava Jato e esclarecer toda e qualquer informações.” 

Consultada pela reportagem, a Odebrecht não quis se manifestar.

Fonte da notícia: MSN


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