Tumulto em Fevereiro de 2014 ocorreu devido ao acionamento de um botão de emergência |
O Metrô de São Paulo contratou seguranças
particulares para tomar conta dos botões e telefones de emergência das
plataformas das suas estações.
Esse mecanismo deve ser acionado se alguém cai nos trilhos, por exemplo, já que corta a eletricidade que passa ao lado da via.
Desde
a semana passada, no entanto, nas maiores estações da rede, como a Sé e
a Paraíso, é possível observar guardas ao lado das cabines onde esses
equipamentos estão instalados, para impedir a aproximação das pessoas.
O
Sindicato dos Metroviários critica a medida e diz que os terceirizados
só vão ficar ali até o dia 5 de outubro, data do primeiro turno das
eleições, para evitar possíveis "tumultos". O Metrô nega.
Ao
tentar chegar perto do botão e do telefone, que são parte do chamado
Sistema de Prevenção de Acidentes em Plataformas, o usuário é
informado de que não pode passar dos vigias.
Desde semana passada, a reportagem observou seguranças em pé ao
lado das cabines em seis estações das Linhas 1-Azul, 2-Verde e
3-vermelha.
Eles pertencem a duas empresas particulares, a G4S Vanguarda e a Açoforte, contratadas pelo Metrô.
O
valor do serviço foi questionado pela reportagem, mas a assessoria de
imprensa do Metrô, que é controlado pelo governo do Estado, omitiu essa
informação.
No
início de 2014, os botões do SPAP ganharam destaque na mídia pois
três deles foram os responsáveis pela paralisação parcial da Linha
3-Vermelha durante cinco horas, levando caos ao sistema.
O Secretário Estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes,
disse, na época, que o mecanismo foi acionado por pessoas
desautorizadas -- ele chegou a chamá-las de "safados".
O próprio Governador Geraldo Alckmin, que concorre à reeleição, falou em "sabotagem".
Porém,
o Estado revelou que os próprios funcionários do Metrô foram os
responsáveis pelo acionamento, para evitar choques, já que várias
pessoas invadiram os trilhos depois que um trem ficou mais de 20 minutos
parado no túnel.
O Presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres
Júnior, disse nesta sexta-feira, 26, que os botões do SPAP foram feitos
para serem acionados em caso de emergência, inclusive por pessoas
comuns.
"O
botão foi feito para isso, senão não existiria. Se a empresa não quer,
então põe um lacre lá, um cadeado, fecha tudo. Mas aí não vai ser um
botão de emergência."
Prazeres
Júnior afirmou ainda que funcionários do Metrô descobriram que os
vigias só vão ficar ao lado dos botões até o fim das eleições.
"Então,
só consigo imaginar que o governo está preocupado com o tema das
eleições, em si. Se alguém tiver que acionar o botão por um problema de
segurança, ele vai ser acionado, porque esse é o correto. A pior
hipótese é se alguém cair na via, o funcionário vai apertar e o vigia
terceirizado não deixar."
De
manhã, a reportagem conversou com três vigias, sem se identificar. Eles
disseram que o contrato é temporário (sem informar o prazo) e que sua
função exclusiva nas estações é vigiar os botões do SPAP.
Alguns desses seguranças foram vistos ouvindo música em aparelhos MP3.
Outro lado
Por
meio de nota, a assessoria de imprensa do Metrô informou que "os
vigilantes são alocados em algumas estações do Metrô, de acordo com as
necessidades e não do calendário eleitoral".
Além
disso, a empresa alegou que as duas empresas de segurança privadas
citadas, assim como outras, "já possuem contrato para serviços de
vigilância patrimonial em várias instalações do Metrô, como prédios
administrativos, pátios de manutenção, estações e terminais urbanos".
O Metrô, contudo, não responde por que os seguranças começaram a ficar do lado dos botões de emergência, vigiando-os.
O
Metrô tampouco informou quantos seguranças foram contratados para essa
função, assim como o prazo para eles saírem das plataformas.
Fonte da Notícia: O Estado de São Paulo
Imagem de Danilo Verpa
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