Uma das primeiras fotos do Metrô de São Paulo na década de 1970 |
O Metrô de São Paulo completa este mês 40 anos de sua primeira viagem
comercial. Grande promessa para melhorar a mobilidade na capital
paulista, o sistema tem crescido em ritmo mais lento do que nas origens.
Se em suas primeiras duas décadas de operação 43,4 km de linhas foram
entregues à população - a construção, porém, se iniciou em 1968 -, nos
últimos 20 anos a quantidade de ramais inaugurados caiu para 32,1 km,
patamar 26% menor.
Nos primeiros 26 anos de obras, em média 1,66
km de ramais foi aberto a cada ano. Nas últimas duas décadas, o nível
anual ficou 60 metros mais baixo. Até 1994, o número de estações
inauguradas chegou a 41, um índice de 1,5 estação por ano, na média.
Daquele ano até 2014, outras 24 foram abertas - a taxa cai para 1,2
estação por ano. A estatística desconsidera os 2,9 km do trecho de duas
estações de monotrilho parcialmente aberto em agosto na Linha 15-Prata,
por se tratar de um tipo diferente de modal, com metade da capacidade do
metrô convencional - 2 mil passageiros.
A gestão Geraldo Alckmin
(PSDB) destaca que nunca se investiu tanto na construção de linhas - são
seis ramais, incluindo três de monotrilho. Em nota, o Metrô informa que
"o ritmo de expansão da rede metroviária, hoje, é inédito na história e
não encontra paralelo na América Latina". Segundo a empresa, "no total,
com essas obras em execução e as que devem ser iniciadas em breve, são
mais de 100 km de vias metroviárias em construção".
Três das
atuais cinco linhas da rede foram abertas durante as duas primeiras
décadas da operação. São elas a 1-Azul (antiga Norte-Sul, a primeira), a
3-Vermelha (aberta em 1979 como Leste-Oeste) e a 2-Verde (de 1991,
conhecida no início como Ramal Paulista). As outras saíram em 2002
(Linha 5-Lilás) e em 2010 (Linha 4-Amarela).
A arquiteta e
urbanista Andreina Nigriello, da FAU-USP, afirma que é preciso ajustar a
rede à demanda, em especial em outras cidades da Grande São Paulo. "O
transporte virou uma questão pública, social. Há indicadores que mostram
que têm aumentado as viagens por meios individuais, principalmente nas
periferias. Quando a distância é de até 7 km, muitas vezes compensa mais
ir de automóvel do que de coletivo", afirma.
Composição do Monotrilho da Linha 15-Prata |
O engenheiro Horácio
Augusto Figueira, especialista em Transportes pela USP que já trabalhou
na área de planejamento do Metrô, explica que, embora "pequeno", o
sistema paulistano é hoje "imprescindível". "Se um dia fecham o metrô, a
cidade entra em colapso." Segundo ele, a capital precisaria ter hoje,
no mínimo, 200 km de extensão, em vez dos 75,5 km atuais. Por dia,
passam pelo metrô cerca de 5 milhões de passageiros.
População.
Dados do próprio Metrô revelam que a população na Grande São Paulo quase
dobrou entre a década em que o primeiro trem rodou comercialmente e a
atualidade. Em 1977, a área abrigava 10,2 milhões de pessoas, segundo a
última Pesquisa de Mobilidade da Região Metropolitana de São Paulo,
feita periodicamente pela empresa. Dois anos atrás, os habitantes
chegavam a 20 milhões.
Apesar da expansão da malha metroviária,
caiu a proporção de viagens realizadas de transporte coletivo. Nos anos
1970, as pesquisas do Metrô mostram que 62,8% dos deslocamentos na
Grande São Paulo eram feitos em ônibus, trens e metrô. Em 2012, data da
última pesquisa, o índice baixou para 54,3%.
Monotrilho
Em nota, a
assessoria de imprensa do Metrô questionou a comparação feita pela
reportagem, embora os dados mostrem o nível menor de expansão da rede
nos últimos anos. A empresa pública também alega que a reportagem "erra
ao desconsiderar os 2,9 km de monotrilho entregues recentemente".
Segundo
a nota do Metrô, "o monotrilho é um modal de transporte da rede
metroviária paulista, integrada de forma física e tarifária".
Fonte da Notícia: Revista Ferroviária
Imagem 1: Créditos Reservados ao Autor
Imagem 2: Fernando Giolo
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