O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres
Júnior, afirmou hoje, que, diferentemente de anos
anteriores, a categoria não aceitará propostas de reajuste salarial de
menos de dois dígitos e que os funcionários estão dispostos a decretar
greve se a negociação não avançar nesse sentido. Os trabalhadores pedem
35%, mas o Metrô, que é controlado pelo governo do Estado, sinalizou
inicialmente com 5,2%, o que não cobriria nem a inflação segundo boa
parte dos indicadores econômicos.
Nesta terça-feira, às 18h30, a categoria se reunirá em assembleia
para decidir o dia da paralisação. O mais provável é que ela ocorra no
dia 3 de junho, mas não está descartada a hipótese de deflagração antes
ou depois dessa data, até mesmo na semana seguinte, a da abertura da
Copa do Mundo, com um jogo entre as seleções de Brasil e Croácia no dia
12, no Estádio Itaquerão, na zona leste, acessado preferencialmente de
metrô e trem.
De acordo com Prazeres Júnior, a paralisação dos motoristas e
cobradores de São Paulo na semana passada exerceu influência nos
metroviários. A mobilização dos rodoviários ocorreu mesmo após um
reajuste salarial da categoria de 10%, quase o dobro do que foi ofertado
pelo Metrô a seus empregados. A direção sindical cobra que as
tratativas da campanha salarial sejam, pela primeira vez, direto com o Governador Geraldo Alckmin e não com a administração do próprio
Metrô, que, de acordo com eles, não tem autonomia suficiente para
ampliar as contrapropostas. "Este ano não vai ser no tribunal (que a
situação terá um desfecho)", disse o presidente da entidade.
"O governo mesmo só entra para discutir quando a gente está em greve.
Já não bastam promessas que não se cumprem", afirmou o secretário
intersindical dos metroviários, Sérgio Renato da Silva Magalhães.
O sindicato aventou ainda a disposição da categoria de abrir as
catracas no dia da greve, para não prejudicar a população. "Toda vez que
a gente fez o desafio da catraca livre em troca da greve, o governo do
Estado disse que tem problema de segurança. Mas está cheio de PM no
Metrô, então é um problema de vontade política. O governo está realmente
preocupado com todo o mundo que vai usar o metrô ou não?", disse
Prazeres Júnior.
Intimidação
Em coletiva de imprensa realizada na
sede do sindicato, Prazeres Júnior falou ainda sobre a intimação que
recebeu na última sexta-feira para depor na 1ª Delegacia Seccional, no
centro. A unidade da Polícia Civil, também controlada pelo governo do
Estado, investiga a paralisação dos motoristas e cobradores e queria
saber se Prazeres Júnior tinha algum vínculo com o ato. "Não tive
envolvimento nenhum, embora apoiasse o movimento dos rodoviários.
Tratou-se de uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais, mas
não vamos nos intimidar."
Ainda segundo Magalhães, alguns funcionários já receberam cartas da
empresa, intimidando-os a não se vincular ao movimento grevista. O
sindicalista também reclamou que a empresa não valoriza a política de
carreiras e que é comum jovens empregados saírem em busca de outras
oportunidades.
Fonte da Notícia: O Estado de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário