A diferença de 500 quilos a menos no peso de um carro monotrilho que
se move com pneus a 15 metros de altura, em relação aos trens de metrô, é
a vantagem que leva os construtores desse veículo aéreo a escolher o
alumínio para a construção das carcaças dos carros. O inconveniente
nesta escolha é que a durabilidade do alumínio não passa de 30 anos,
enquanto que os carros de aço inoxidável do metrô resistem meio século, o
que, no entanto, é compensado pelo custo desse insumo, de até 40% menos
que o utilizado no metrô.
Essas foram as razões que levaram os construtores do monotrilho de
São Paulo a optar pelo alumínio. Primeiro da América Latina, o trem
começará com duas linhas, a 17 Ouro, que ligará Congonhas ao Morumbi, e a
15, Prata, que irá da Vila Prudente à Cidade Tiradentes. O alumínio é o
material usado no Japão, desde a década de 1960. O que não ocorre nos
países nórdicos, onde a opção é pelo aço inoxidável.
"A vantagem é a leveza que se ganha no sistema e na estrutura. Hoje, o
alumínio tem uma resistência que atende as especificações e garantias
de vida do material rodante, com duração superior a três décadas",
explica Alan Moreira, presidente da Associação Nacional dos
Transportadores de Passageiros Sobre Trilhos (ANP/Trilhos). O executivo,
que também é diretor do Grupo MPE, fabricante de monotrilhos, observa
que, além de mais leve, o alumínio facilita o processo de implantação.
"O monotrilho tem uma capacidade de implementação muito mais rápida que o
do metro. É possível implantar 40 quilômetros de monotrilho em 40 meses
sendo que a mesma extensão de metrô pode consumir até 10 anos. Outra
vantagem é o custo. O monotrilho chega a custar até 40% do valor total
da construção de um metro", completa Moreira. Considerando-se o fato de o
monotrilho correr em vigas elevadas e o metrô exigir escavações
bastante dispendiosas.
David Turbuk, gerente de concepção e sistema da Companhia do
Metropolitano de São Paulo (Metrô), explica que, além das qualidades do
alumínio em termos de leveza, há um outro aspecto que precisa ser levado
em conta. "É mais simples fabricar uma caixa de alumínio que uma de aço
inoxidável. O aço exige um trabalho artesanal, sendo que o processo de
produção com alumínio pode ser automatizado", afirma.
Segundo Turbuk, um carro do metrô chega a pesar 8 toneladas enquanto o
do monotrilho pesa 7.500 quilos. "No caso do metrô, que corre sobre
trilhos, o peso maior é irrelevante. O que não ocorre com os vagões do
monotrilho, porque trafegam sobre vigas e pneus. Qualquer redução, nesse
caso, é um grande ganho."
As empresas OAS e Queiroz Galvão são as responsáveis pelas obras de
infraestrutura, onde serão colocados os trilhos. Os 53 trens que rodarão
pelo sistema são produzidos pela canadense Bombardier em uma fábrica
inaugurada há cerca de um ano em Hortolândia, no interior de São Paulo. O
objetivo da empresa é transformar o local em um centro mundial de
produção de monotrilhos de alta capacidade. "Aplicamos a tecnologia
usada na fabricação de avião aos monotrilhos", diz Luis Ramos, diretor
de Comunicação da Bombardier para a América Latina.
"Será o primeiro monotrilho de alta capacidade do mundo, considerando
custo benefício", diz Ramos. A expectativa é que o Expresso Monotrilho
Leste tenha capacidade para transportar meio milhão de pessoas por dia.
Parte dos componentes usados na fabricação é importada da China. "A
expectativa é que 60% das peças sejam nacionais, fabricadas por empresas
da região de Hortolândia. Já estamos firmando parcerias com
fornecedores", informa.
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