Vídeos produzidos pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo
mostram uma frota de trens comprados pelo Governo Geraldo Alckmin, a partir de 2013, para atender aos usuários da Linha 5-Lilás do
Metrô, que liga o Capão Redondo a Adolfo Pinheiro, na Zona Sul de São Paulo, que segue sem uso e fica estacionada ao longo do
trecho de circulação. Nas imagens é possível identificar 12 dos 26 trens
da Frota P, comprados por R$ 630 milhões, mas que nunca foram colocados
em serviço porque o sistema de operação é incompatível com o sistema
das vias. Parte dos trens está parada no Pátio Capão Redondo.
As composições identificadas nos vídeos são: P21, P12, P34, P15, P22,
P10, P19, P16, P20, P11, P18 e F02. Não é possível ver a identificação
de alguns trens. Segundo os metroviários, há ainda dez trens da Frota P
parados na fábrica da CAF, em Hortolândia, interior de São Paulo. “O Governo Alckmin paga aluguel para a empresa para manter essas
composições lá. Mas não há transparência sobre quanto é pago, nem há
quanto tempo”, disse o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino
de Melo Prazeres Júnior.
O motivo de o Governo Alckmin ter adquirido esses trens sem ter como
utilizá-los é objeto de investigação do Ministério Público Estadual,
desde o ano passado. “Você compraria dois carros com objetivo de usar um
e deixar o outro parado em casa? Talvez quando quebrasse uma peça de um
ir lá retirar do outro? Não, ninguém faria isso. Então o Governador
precisa explicar por que comprou composições sem perspectiva de uso”,
afirmou Altino.
Outra preocupação dos trabalhadores é que a garantia das composições é
de quatro anos, mas, como eles não foram usados, perderam-na. Tem
havido oxidação e desgaste na parte externa dos trens, por conta da
exposição às intempéries. Além disso, componentes sem uso se degradam,
levando à possibilidade de os trens apresentarem falhas quando começarem
a ser colocados em uso.
“É dinheiro público jogado fora. Não tem planejamento, não tem
prioridade ao transporte público. Agora precisa ver qual foi o objetivo
de gastar tanto dinheiro em uma coisa que não poderia ser utilizada pela
população”, afirmou Altino, cobrando apuração do caso.
A ferrovia está sendo construída desde 1998, quando era a Linha F da CPTM. Após inúmeras
alterações no prazo de entrega das 17 estações, que vão ligar o Capão
Redondo à Chácara Klabin, integrando-se com a Linha 2-Verde, a previsão
atual de conclusão é 2018. Nem mesmo o pátio de estacionamento Guido
Caloi, que abrigaria a Frota P, foi concluído.
A Linha 5-Lilás transportou 269 mil passageiros por dia, em média, em
2015. E o atendimento é feito por oito trens da Frota F, de 2001.
Embora o trecho seja curto, com sete estações e 9,6 km de
extensão, não tendo condições de receber muitas composições, o principal
problema é que os trens da Frota F operam como o sistema ATO,
incompatível com o sistema CBTC dos trens novos da Frota P. A principal
diferença é que o CBTC permite reduzir a distância entre os trens,
agilizando a circulação.
Procurado, o Metrô não se manifestou.
Fonte da Notícia: Rede Brasil Atual
Nenhum comentário:
Postar um comentário