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terça-feira, 19 de julho de 2016

Metrô perde 86.000 por dia devido ao aumento do desemprego em São Paulo

Com crise e aumento do desemprego, o Metrô de São Paulo perdeu 86 mil passageiros por dia entre Janeiro e Maio de 2016, voltando ao patamar de 2013. Dados do Metrô mostram que a média diária de pessoas transportadas nas seis linhas, incluindo a Linha 4-Amarela (operada pela ViaQuatro) e a Linha 15-Prata (Monotrilho), caiu de 4,46 milhões, entre Janeiro e Maio de 2015, para 4,37 milhões no mesmo período deste ano, o que deve resultar em queda de até R$ 60 milhões na receita tarifária de 2016.

Nas duas redes de transporte sobre trilhos na Grande São Paulo, a queda na demanda foi de 1,9%. Se a média for mantida, será a maior redução na média diária de pessoas transportadas ao menos desde 2005. Apesar da queda total, a ViaQuatro indicou situação melhor: teve crescimento de 2% nos passageiros da Linha 4-Amarela
Ao contrário do transporte sobre trilhos, os ônibus registraram pequena variação positiva no número de passageiros transportados. O número de viagens passou de 1,17 bilhão para 1,18 bilhão nos cinco primeiros meses, em comparação com igual período do ano passado, variação positiva de 0,34%. 
Para o diretor de Operações do Metrô, Mário Fioratti, os dados "refletem efetivamente a queda na atividade econômica" em São Paulo. "Isso é resultado da crise, sem dúvida nenhuma. Nós estamos tendo diminuição de demanda nas Linhas 2-Verde e 5-Lilás, coisa que nunca teve na história. Tivemos queda de demanda inclusive aos sábados, que também está vinculada à atividade econômica", disse o dirigente. 
De acordo com a Fundação Seade, meio milhão de pessoas perderam o emprego na Grande São Paulo entre Abril de 2015 e Abril de 2016. Apenas no Metrô, a média mensal de bilhetes especiais concedidos a desempregados cresceu 32%, passando de 4.676 para 6.169. Em 2014, o número de bilhetes que dão gratuidade de 90 dias para quem perdeu o emprego há mais de um mês era de 3.644 unidades.
Contas






A queda do número de passageiros tem impactos financeiros significativos para a empresa - que não recebe subsídios e depende de receitas próprias para se manter. A redução estimada de R$ 60 milhões corresponde a dois terços do prejuízo total de R$ 93,3 milhões que a companhia já registrou no balanço do ano passado. O resultado foi agravado pela decisão da gestão Geraldo Alckmin de não pagar valores devidos à empresa, de receitas vindas dos créditos de bilhete único gratuitos.

Segundo Fioratti, para equilibrar as contas, o Metrô está reduzindo os gastos com custeio, renegociando contratos, parcelando o reajuste dos funcionários e vai lançar nem Julho de 2016 um Programa de Demissão Vvoluntária, que deve atrair pelo menos 300 empregados (3% do total).

Explicações
Especialistas em transportes concordam com a avaliação do Metrô sobre a queda de passageiros e apontam as causas para o mesmo não acontecer com os ônibus. "O passageiro que usa ônibus e metrô paga um valor de passagem. Mas, com o bilhete único, se o passageiro toma um segundo ônibus, a passagem é gratuita", diz o consultor Flamínio Fishman.

Outro engenheiro de tráfego, Horácio Augusto Figueira destaca que o Metrô, há anos, opera saturado no pico, sem capacidade de absorver demanda. "Já no caso dos ônibus vêm ocorrendo há alguns anos mudanças de linhas, entrada de ônibus com ar-condicionado, elementos que podem ter atraído passageiros", pondera. Os especialistas, no entanto, não descartam que novos modelos de transporte possam ter contribuído para tirar passageiros dos trilhos.

Fonte da Notícia: Revista Época

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