O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo apura ao menos 184 itens
dos contratos entre o governo do estado e oito empreiteiras que realizam
as obras de prolongamento da Linha 5 Lilás do Metrô, que deve ligar,
quando pronta, a Estação Adolfo Pinheiro, na zona sul da capital
paulista, até a Estação Terminal Chácara Klabin, permitindo integração com a Linha 2-Verde do Metrô.
Relatório do Conselheiro Antônio Roque Citadini, publicado no Diário
Oficial mostra que os
aditivos contratuais fizeram os orçamentos das obras pularem de R$ 3,4
bilhões para R$ 4,5 bilhões, aumento de 32,35%.
São oito lotes de serviços. Em alguns deles a variação dos valores e trabalhos chamaram a atenção.
No lote 1, por exemplo, que inclui a criação do túnel a partir da
Estação Largo Treze, o TCM encontrou 19 diferenças entre orçamentos de
serviços do primeiro contrato com valores de 2008 e do segundo termo
aditivo, com orçamento de 2009.
As diferenças não eram apenas nos valores, mas também na quantidade
de serviços, o que mostra, de acordo com o TCE, que pode ter havido,
inclusive, elaboração errada de projetos que acabaram beneficiando as
construtoras que ganharam a licitação por um valor, mas na prática vão
levar bem mais.
“ … verifica-se que muitos itens foram esquecidos quando da
elaboração do primeiro orçamento, e alguns constantes do segundo
orçamento foram severamente alterados pelo terceiro termo aditivo,
demonstrando que o projeto funcional utilizado, inicialmente, estava
defasado, e o projeto básico utilizado, feito em 2009, foi amplamente
modificado pelo projeto executivo em 2011”, segundo texto de Antônio Roque Citadini.
As contratadas que lucram mais com as mudanças são: Consórcio
Construcap Constran – Lote 1, Consórcio Galvão – Serveng – Lote 2,
Consórcio Andrade Gutierrez – Camargo Corrêa – Lote 3, Mendes Junior
Trading e Engenharia S/A – Lote 4, Consórcio Heleno & Fonseca –
Triunfo IESA – Lote 5, Consórcio Carioca CETENCO -Lote 6, Consórcio
Metropolitano 5 – Lote 7 e Consórcio CR Almeida / Consbem – Lote 8.
Várias mudanças, de acordo com os trabalhos dos técnicos do TCE,
foram inconsistentes e não tiveram as justificativas adequadas, mas
deixaram o metrô da Linha 5 lilás bem mais caro.
No lote 2, por exemplo, o trecho até Estação Borba Gato teve 18
diferenças nos contratos. Um dos casos é do item “operação de gerador
de emergência”. Na primeira versão do contrato, eram previstas 2 mil 898
unidades de serviço ao custo de R$ 1,34 cada. Já no aditivo, foram
previstas 1 milhão 780 mil unidades do serviço, cada uma custando R$
1,40.
O Metrô tem 60 dias para responder aos questionamentos do tribunal.
A companhia do metropolitano diz que vai responder todos os
questionamentos do TCM e afirmou que os contratos para a extensão da
linha entre Adolfo Pinheiro e Chácara Klabin foram feitos de acordo com a
lei de licitações.
Afirmou ainda ser normal haver modificações durante os trabalhos “por
se tratar de uma obra complexa, com escavações a 40 metros de
profundidade, interferências podem surgir no decorrer da construção,
principalmente, por se tratar de um empreendimento executado em uma
metrópole densamente urbanizada”.
Ainda de acordo com o Metrô, vários fatores justificam os aditivos, “como
reconstrução e reposição de uma adutora de água da década de 1950 na
Estação Adolfo Pinheiro, alterações construtivas em obras de contenção
para garantir a segurança de imóveis lindeiros cuja condição era
diferente da prevista no mapeamento de solo, além da remoção de várias
interferências de concessionárias de serviços que não estavam mapeadas”.
Licitação das obras sob suspeita
A Linha 5-Lilás do Metrô deveria ter sido entregue completa em 2015, mas agora a previsão é para entre 2019 e 2020
Toda a Linha 5-Lilás do Metrô deve ter 20 km de extensão e 17
estações. A previsão de demanda diária de passageiros para a linha
completa é de 781.000passageiros. Estão em funcionamento as estações
Capão Redondo, Campo Limpo, Vila das Belezas, Giovani Gronchi, Santo
Amaro, Largo Treze e Adolfo Pinheiro, restando Alto da Boa Vista, Borba
Gato, Brooklin, Campo Belo, Eucaliptos, Moema, AACD-Servidor, Hospital
São Paulo, Santa Cruz e Chácara Klabin.
A licitação da 2ª Fase foi lançada em 2008 com os vencedores
definidos em Outubro de 2010, mas as obras chegaram a ficar paralisadas
por seis meses depois de, na época, o jornal Folha de São Paulo, ter
mostrado que o resultado da licitação era sabido pelas concorrentes ao
menos seis meses antes do anúncio oficial.
O Ministério Público Estadual denunciou 12 executivos de fabricantes
de trens e 14 executivos de todas as construtoras. Os responsáveis pelas
empresas fabricantes de trens e sistemas foram indiciados. Em relação
aos empreiteiros, o caso está na Justiça, mas não houve decisão.
O Ministério Público viu “indícios de cartel com as construtoras
combinando entre elas lotes e preços para que todas participassem das
obras, prejudicando o caráter concorrencial”
Fonte da Notícia: Blog Ponto de Ônibus
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