Obras da Linha 15-Prata na região de São Mateus |
Um impasse entre o governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo
na construção do Monotrilho da Zona Leste, a Linha 15-Prata, pode
culminar no fechamento quase total de uma das principais vias da região,
a Ragueb Chohfi.
A avenida serve de escoamento para boa parte dos 600 mil moradores que moram nos bairros daquela área da Zona Leste, como Cidade Tiradentes, e também é acesso de caminhões a rodovias. O problema é a falta de canteiro central para instalar os pilares do Monotrilho, como já foi feito nas avenidas Sapopemba e Professor Luiz Ignácio de Anhaia Melo.
A avenida serve de escoamento para boa parte dos 600 mil moradores que moram nos bairros daquela área da Zona Leste, como Cidade Tiradentes, e também é acesso de caminhões a rodovias. O problema é a falta de canteiro central para instalar os pilares do Monotrilho, como já foi feito nas avenidas Sapopemba e Professor Luiz Ignácio de Anhaia Melo.
No trecho entre a Avenida Aricanduva e a Jacu-Pêssego, a Rageb Chohfi
tem um pequeno canteiro com menos de meio metro de largura, onde não
caberiam os pilares. Há partes sem canteiro algum, com apenas blocos
amarelos, conhecidos como tartarugas, dividindo as pistas.
Segundo a Prefeitura, o governo do Estado constatou que as
desapropriações necessárias para alargar a via e instalar o monotrilho
demorariam pelo menos um ano a mais do que o previsto. Assim, pediu para
iniciar as obras imediatamente. O Governo do Estado previu finalizar a
obra do Monotrilho até Cidade Tiradentes em 2016.
O Metrô diz que "continua em diálogo com a prefeitura de São Paulo e com o Governo do Estado em busca da melhor solução", mas destacou que a responsabilidade é da administração municipal. "Cabe à prefeitura a decisão sobre as formas de minimizar os impactos da obra sobre o trânsito local", disse.
O Metrô diz que "continua em diálogo com a prefeitura de São Paulo e com o Governo do Estado em busca da melhor solução", mas destacou que a responsabilidade é da administração municipal. "Cabe à prefeitura a decisão sobre as formas de minimizar os impactos da obra sobre o trânsito local", disse.
Três das quatro faixas de rolamento devem ser fechadas caso as obras
realmente comecem agora, antes das desapropriações, segundo a
Prefeitura. O trânsito seria desviado para as ruas do entorno, que são
estreitas e que teriam que passar por adaptações para suportar o peso de
ônibus e caminhões e o grande fluxo de veículos.
O nó no trânsito será grande também em razão da a Ragueb Chohfi ter
hoje uma faixa exclusiva de ônibus do corredor Aricanduva. “Não há
alternativa de outra via que possa ser utilizada como opção”, afirma a
Secretaria de Transportes do município.
O governo municipal não tem a mesma pressa do governo do Estado e quer a
construção do monotrilho aconteça de forma simultânea às
desapropriações que devem ser feitas conjuntamente pela Prefeitura. Isso
porque o governo municipal vai construir um corredor de ônibus no
local, a Perimetral Itaim.
O Prefeito Fernando Haddad (PT) visitou o local e sugeriu ao Governador
Geraldo Alckmin manter o plano inicial de desapropriação
conjunta sem a necessidade do desvio. “É um nó que nós vamos ter que
desatar juntos”, afirmou Haddad no início de agosto.
Desapropriações
O monotrilho da Zona Leste é uma das principais ações para o transporte público para a população da Zona Leste. O elevado vai ligar a Estação Ipiranga, da Linha 10-Turquesa, que liga o ABC ao Centro, passando pela Estação Vila Prudente, da Linha 2-Verde, pelo Terminal São Mateus e chegando à região de Cidade Tiradentes. O monotrilho terá 26,6 km e 18 estações elevadas.
O Metrô diz que a primeira etapa da Linha 15-Prata vai beneficiar mais
de 13.300 usuários diariamente." O primeiro trecho a ser entregue será
entre as estações Vila Prudente e Oratório, com 2,9 quilômetros de
extensão e sua entrega está prevista para janeiro de 2014. A Linha 15-Prata
completa, quando pronta em 2016, ligará a Vila Prudente à Cidade Tiradentes,
passando por São Mateus, terá 18 estações, 25,8 km de vias elevadas e
atenderá cerca de 500 mil passageiros por dia, em média", informou em
nota.
No total, já foi determinada a desapropriação de 159 imóveis. No último
decreto do governo estadual de abril, vários imóveis na região da
Ragueb Chohfi estavam listados, totalizando pelo menos 7,7 mil metros
quadrados, cerca de um campo de futebol.
No local, os moradores e comerciantes estão apreensivos com a chegada
do monotrilho. Temem que a obra seja realizada da forma proposta pelo
governo do Estado, com interdição quase total. “O comércio morre se isso
acontecer. O fluxo de pessoas vai despencar”, afirma Márcio Tavares,
dono de uma loja de roupas na Ragueb Chohfi, recebeu uma carta do Metrô
em abril falando sobre a desapropriação do imóvel e contra que técnicas
já foram várias vezes até o imóvel fazer medições. Ele é locatário e
teme sair com “uma mão na frente e outra atrás” do local, já que o
proprietário do imóvel receberia o dinheiro da desapropriação. Márcio
investiu 20 mil no comércio há cerca de um ano.
A dona de uma loja de doces, Eneida Dourado, de 66 anos, lamenta a
iminente saída da avenida onde tem seu comércio há 40 anos. “Aqui era
tudo chácara quando eu comprei”, afirma. A comerciante já participou de
uma reunião com outros comerciantes locais que querem propor uma
alternativa aos governos estadual e municipal de mudar o trajeto,
optando por instalar o monotrilho perto da Ragueb Chohfi, em uma faixa
ocupada hoje por uma favela irregular. Para o morador Aquicasu Coiqui,
de 72 anos, a obra não pode afetar um dos lados positivos da região, a
variedade de comércio. “Aqui tem banco, mercado, lojas de todo tipo. Não
gostaria de perder isso”, disse.
Muitos moradores das proximidades que não terão seus imóveis
desapropriados comemoram a instalação do monotrilho. A costureira Maria
Rodrigues, de 45 anos, afirma que vai facilitar transitar pela cidade.
“Hoje se perde 2 horas para sair daqui e chegar ao centro. Vai
melhorar”, afirmou.
Monotrilho
O Monotrilho da Linha 15-Prata já tem algumas estações com as obras bastante avançadas, caso do Terminal Vila Prudente e Oratório.
Os pilares já foram instalados em quase toda a extensão das avenidas
Sapopemba e Luís Ignácio de Anhaia. Nesta última, alguns dos pilares já
estão pichados. O G1 constatou que um deles, na altura
da Rua José Antônio Fontes, no Jardim Guiomar, já está todo marcado por
marcas de fogo. Segundo comerciantes locais, aquele trecho do canteiro
central da Avenida Luís Ignácio de Anhaia Melo é local de desova de
materiais, que acabam sendo queimados por moradores de rua.
Na Ragueb Chohfi, as estruturas já estão montadas entre o Terminal São
Mateus e a Avenida Aricanduva. Após esse trecho, tem início a parte sem
canteiro. O monotrilho passará ainda pela Estrada do Iguatemi e as
regiões das avenidas Souza Ramos e dos Metalúrgicos.
Se for confirmada a previsão de Alckmin de finalizar a linha em 2016,
ela ficará pronta quase 20 anos após seu início. As obras do “Expresso
Tiradentes” foram iniciadas pelo ex-prefeito Celso Pitta em 2007, quando
o projeto ficou conhecido como “Fura-Fila”. Pouco do que havia sido
projetado foi feito na gestão Pitta, no entanto. E, em vez de chegar até
Cidade Tiradentes, o projeto acabou ligando o Parque Dom Pedro e a
Estação Sacomã, e é hoje atendido por ônibus em uma via elevada.
O projeto foi modificado em conjunto pelas gestão do então Governador
José Serra e Gilberto Kassab em 2007. Optou-se pelo modelo
do monotrilho para dar continuidade à linha. A gestão Serra chegou a
prever que o projeto estaria totalmente pronto em 2012, o que não
ocorreu.
Fonte da Notícia: G1-SP
Imagem de Fernando Giolo
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