O comércio da região precisa se preparar para enfrentar concorrência
mais acirrada com a Capital nos próximos anos. A disputa pelo cliente
deve ficar mais difícil por conta da Linha 18-Bronze do Metrô, que vai
ligar São Bernardo à Estação Tamanduateí, facilitando o acesso do
consumidor da região a centros de compras de São Paulo.
A conclusão é de um estudo realizado pela Educa, empresa da Universidade
Metodista, encomendado pela Agência de Desenvolvimento Econômico do
Grande ABC e pelo Consórcio Intermunicipal.
De acordo com a pesquisa, 65% dos consumidores entrevistados afirmaram
que, após o início de funcionamento do monotrilho, tendem a ampliar a
frequência com que vão para a Capital para fazer compras.
Os clientes ouvidos pela Metodista disseram que pretendem ir a São Paulo
comprar vestuários, calçados e eletrônicos, principalmente em regiões
de comércio popular, como a rua 25 de Março e o Brás. Os principais
fatores que atraem os clientes para esses locais são o preço, a
diversificação de produtos e o número elevado de estabelecimentos.
Esse fenômeno de migração do consumo do ABC para São Paulo não é
inédito. A pesquisa revelou que 39% dos consumidores da região passaram a
comprar mais na Capital depois de 2010, quando foi inaugurada estação
Tamanduateí do Metrô.
Estratégia
Para enfrentar a concorrência, o comércio do ABC vai precisar se reinventar.
"Os comerciantes vão ter que se organizar para reduzir custos e fazer
compras em conjunto para aumentar a margem e comprar de forma melhor,
além de apostar em variedade e promoções. Se a gente tiver isso aqui,
aquele consumidor corriqueiro vai fazer pesquisas e não vai migrar para
São Paulo", afirma o secretário executivo da Agência de Desenvolvimento
do Grande ABC, Giovanni Rocco.
O varejo regional terá pelo menos quatro anos - tempo estimado da obra
da linha 18 -, para adotar estratégias com o objetivo de competir com as
áreas de comércio popular de São Paulo.
"A questão é se preparar para um ambiente de maior competição, com mais
possibilidades para o consumidor. Será preciso oferecer uma estrutura e
diversidade de produtos que façam frente à essa nova realidade, na
medida que você tiver maior integração dos mercados e maior fluxo de
mobilidade", afirma o coordenador do Observatório Econômico da
Universidade Metodista, Sandro Maskio.
De acordo com Maskio, uma das prioridades deve ser o planejamento sobre
como atuar no entorno das estações da Linha 18-Bronze. A recomendação é que o
varejo se instale nesses locais, onde o fluxo de pessoas tende a ser
significativo.
Da Capital para o ABC
Se por um lado o comércio da região deve ficar atento para não perder
clientes para a Capital por causa do monotrilho, pode aproveitar a
oportunidade para atrair consumidores de São Paulo para comprar no ABC.
Um dos passos para alcançar esse objetivo é apostar na divulgação. "O
vir para cá depende quanto eu vou conseguir divulgar a minha região lá
fora. São Paulo tem um jornal regional específico, a Capital está na
mídia diariamente, nós não", constata o professor Sandro Maskio.
Um exemplo de sucesso é a Feira de Móveis da rua Jurubatuba, em São
Bernardo, que há anos aposta na divulgação em mídias da Capital para
atrair clientes de São Paulo. Os lojistas dividem os custos da
propaganda na TV.
Outra estratégia é impulsionar potenciais ainda pouco explorados na
região, como o turismo. "A partir do momento que você valoriza o
turismo, as pessoas da Capital serão atraídas para o ABC, usando esse
novo mecanismo, que é o Metrô", afirma Giovanni Rocco. "O turismo
industrial, por exemplo, tem um grande potencial", conclui.
Fonte da Notícia: Diário da CPTM
Créditos da Imagem Reservados ao Autor
Nenhum comentário:
Postar um comentário