A Justiça rejeitou dia 07.04.2014 uma denúncia contra quatro empresários apontados pelo Ministério Público de São Paulo como envolvidos na fraude de uma licitação para implantar
sistemas de Metrô para os trechos Ana Rosa-Ipiranga e Ana Rosa-Vila
Madalena, da Linha 2-Verde.
A denúncia rejeitada é uma das cinco apresentadas em 25 de abril pelo
MP-SP contra 30 executivos de 12 empresas do setor de transportes por
crime de cartel e irregularidades em 11 licitações.
No pedido rejeitado relacionado à Linha 2, os empresários trabalhavam para as empresas Alstom, Bombardier, Balfour Beatty Reail Power Systems Brasil Ltda e TTrans. Segundo a acusação do Ministério Público, junto com a empresa Siemens, eles se organizaram em dois consórcios e fizeram um acordo que previa a contratação pelo vencedor da licitação do grupo perdedor.
No pedido rejeitado relacionado à Linha 2, os empresários trabalhavam para as empresas Alstom, Bombardier, Balfour Beatty Reail Power Systems Brasil Ltda e TTrans. Segundo a acusação do Ministério Público, junto com a empresa Siemens, eles se organizaram em dois consórcios e fizeram um acordo que previa a contratação pelo vencedor da licitação do grupo perdedor.
Para a promotoria, com essa conduta, as empresas dividiram o mercado e o
estabeleceram um preço final superfaturado, o que violaria a livre
concorrência.
Em sua decisão, o juiz André Carvalho e Silva de Almeida, 30ª Vara Criminal, do Tribunal de Justiça de São Paulo, afirma que “percebe-se que eventual ‘cartel’ formado com vistas a fraudar processo licitatório está inserido na ilícita conduta de fraudar a licitação, de modo que, pelo princípio da especialidade, somente este último deve prevalecer”.
Como a fraude à licitação ocorreu em janeiro de 2005, o juiz calcula que ele prescreveu em 2013, isto é, oito anos após ter sido praticado. Por isso, o juiz o também rejeitou o pedido de prisão preventiva de um dos empresários.
Em sua decisão, o juiz André Carvalho e Silva de Almeida, 30ª Vara Criminal, do Tribunal de Justiça de São Paulo, afirma que “percebe-se que eventual ‘cartel’ formado com vistas a fraudar processo licitatório está inserido na ilícita conduta de fraudar a licitação, de modo que, pelo princípio da especialidade, somente este último deve prevalecer”.
Como a fraude à licitação ocorreu em janeiro de 2005, o juiz calcula que ele prescreveu em 2013, isto é, oito anos após ter sido praticado. Por isso, o juiz o também rejeitou o pedido de prisão preventiva de um dos empresários.
Denúncia
No fim de abril, o Ministério Público de São Paulo denunciou 30 executivos. No total, são cinco denúncias envolvendo contratos com o Metrô ou a CPTM.
As licitações investigadas foram realizadas entre 1998 e 2008, quando o estado de São Paulo foi governado por Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB.
Segundo o promotor Marcelo Mendroni, do Grupo de Atuação Especial de
Combate aos Delitos Econômicos (Gedec), e-mails trocados entre as
empresas participantes dos cartéis indicam que elas se juntavam com o
objetivo de superfaturar contratos. Como parte do acordo, empresas que
venciam as licitações contratavam as perdedoras como prestadoras de
serviços.
Sobrepreço de R$ 835 milhões
Os cinco contratos investigados somam R$ 2,7 bilhões em valores da época em que foram firmados, segundo cálculos do promotor. Como a intenção verificada era de superfaturar os contratos em aproximadamente 30%, a estimativa de Mendroni é que o sobrepreço tenha sido de R$ 835 milhões.
Segundo o levantamento do MP, as empresas citadas nas denúncias são
Alstom, Balfour Beatty Rail Power Systems Brasil Ltda., CAF, Bombardier,
Daimler-Chrysler, Hyundai-Rotem, MGE, Mitsui, Siemens, Tejofran,
Temoinsa e T'Trans.
Os contratos em que há suspeita de cartel são: 1) manutenção dos trens
das séries S2000, S2100 e S3000, da CPTM; 2) extensão da Linha 2-Verde
do Metrô; 3) projeto Boa Viagem, da CPTM; 4) projeto da Linha-5 do
Metrô, inicialmente a cargo da CPTM e aquisição de 65 trens pela CPTM.
Neste último, segundo o promotor, as empresas Siemens e Hyundai fizeram
um acordo, mas a licitação foi vencida pela empresa espanhola CAF, que
ofereceu condições mais vantajosas. Nessa licitação, não há acusação em
relação à CAF.
"Os fatos são independentes. Não houve um cartel só que praticou a
fraude em todas as licitações. Eles concorreram pontualmente. Um cartel
com empresas variadas para cada projeto", disse.
Decisões
Decisões
Cinco ações criminais propostas pelo Ministério Público sobre empresas acusadas de formação de cartel nos trens e no Metrô de São Paulo tramitam na Justiça Estadual. A Justiça extinguiu a punibilidade dos réus no processo 26497 que corre na 30ª Vara Criminal do Fórum Criminal da Barra Funda, em relação ao contrato 4001521201 do Metrô.
Também foi rejeitada a denúncia e extinta a punibilidade dos réus no
processo 26495 que tramita na 7ª Vara Criminal em relação aos
denunciados em relação à licitação para a linha 5- Lilás do Metrô.
A Justiça aceitou em parte a denúncia que deu origem ao processo 26430
que tramita na 28ª Vara Criminal em relação aos reús implicados em
procedimentos licitatórios da CPTM relativos às séries S2000, S2100 e
S3000.
No processo 26.435, que tramita na 11ª Vara, o juiz entendeu que há
evidências de formação de cartel entre as empresas apontadas na denúncia
visando, pelo menos a elevação artificial de preços. Nesse processo, o
juiz pediu ao diretor da Siemens no Brasil para que informasse os
endereços dos denunciados.
O processo 26496, que tramita na 28ª Vara Criminal, permanece sem decisão.
O que dizem as empresas
A Siemens afirmou que "tem interesse que todas as responsabilidades sejam apuradas com transparência" e que a empresa "tem uma postura de tolerância zero contra qualquer tipo de conduta ilegal e segue colaborando com as investigações". Ela lembrou, por meio de nota, ter sido "a autora da denúncia que deu origem às atuais investigações sobre possível existência de cartel nos contratos do setor metroferroviário".
Por meio de sua assessoria, a Alstom afirma que "não teve acesso ao conteúdo do procedimento, portanto não vai se manifestar".
A Bombardier, em nota, afirmou que "continuará
colaborando com as investigações" e que "segue os mais altos padrões
éticos em todos os países onde atua e tem confiança de que seus
funcionários agem de acordo com as leis e o código de ética da empresa".
Por email, a T´Trans declarou que "sempre se norteou
na lisura e não compartilhou de eventuais conluios". Segundo a empresa,
ela está à disposição para prestar mais esclarecimentos aos órgãos
competentes. "Responderemos ao Cade comprovando o posicionamento ético
da T´Trans", concluiu.
O G1 procurou também todas as outras empresas
envolvidas na denúncia, mas elas não deram resposta até a última
atualização dessa matéria.
Entenda as denúncias
A investigação começou a partir de um acordo de leniência (ajuda nas investigações) feito em 2013 entre umas das empresas acusadas de participar do suposto cartel, a Siemens, e o Cade, órgão ligado ao Ministério da Justiça.
O desdobramento das investigações mostrou, no entanto, que o esquema
poderia estar funcionando muito antes da denúncia feita pela Siemens. O
suposto pagamento de propinas a governos no Brasil pela empresa Alstom
teria tido início em 1997, segundo apuração iniciada pela Justiça da
Suíça.
Em 2008, o jornal norte-americano The Wall Street Journal revelou
investigações em 11 países contra a Alstom por pagamento de propinas
entre 1998 e 2003. As suspeitas atingiam obras do Metrô de SP e
funcionários públicos. Foi nesse ano que o Ministério Público de São
Paulo entrou no caso, pedindo informações à Suíça e instaurando seu
próprio inquérito.
Também em 2008 um funcionário da Siemens denunciou práticas ilegais no Brasil à sede alemã, dando detalhes do pagamento de propina em projetos do Metrô, CPTM de SP e Metrô DF.
Também em 2008 um funcionário da Siemens denunciou práticas ilegais no Brasil à sede alemã, dando detalhes do pagamento de propina em projetos do Metrô, CPTM de SP e Metrô DF.
Em 2013, a Alstom recebeu multa milionária na Suíça e um de seus
vice-presidentes acabou preso nos Estados Unidos. No Brasil, a Siemens
decidiu então fazer a denúncia ao Cade delatando a existência do cartel,
Em dezembro, a ação chegou ao Supremo Tribunal Federal.
A investigação se ampliou e mostrou que o esquema poderia ser bem mais
amplo do que se imaginava. Em 2014, o Cade ampliou o processo e passou a
investigar licitações (de 1998 a 2013) em mais locais, além SP e DF.
Entraram também nas apurações RJ, MG e RS.
Fonte da Notícia e Imagem: G1
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