Salão de Passageiros da Frota E do Metrô fabricada em 1998/99 |
Está cada vez mais difícil de se sentar nos trens do Metrô de São
Paulo. E isso não é só por causa da crescente superlotação do sistema.
Dados obtidos pelo Estado, por meio da Lei de Acesso à Informação,
mostram que os veículos das frotas modernizadas e as composições novas
têm sido entregues com cerca de cem assentos a menos do que os
equipamentos antigos.
Trata-se de uma tendência
acelerada recentemente. Nos anos 1980 - segunda década de funcionamento
das linhas da companhia -, as composições da Frota C da Linha
3-Vermelha eram fabricadas com 368 bancos. Algumas dessas ainda rodam
naquele ramal.
No fim do decênio seguinte, os
trens recém-adquiridos para a Linha 2-Verde passaram a apresentar 274
assentos, em um lote que recebeu o batismo de Frota E.
Agora,
a quantidade de vagas para os passageiros se acomodarem caiu ainda
mais. Por exemplo, quem andar em um veículo da Frota K, modernizada nos
últimos três anos, terá de disputar um dos 264 lugares disponíveis.
Chama a atenção o fato de que esses trens, antes de serem reformados e
rebatizados, pertenciam à antiga Frota C. Ou seja, possuíam 104 assentos
a mais, quando apresentavam praticamente os mesmos comprimento e
largura dos vagões redesenhados.
Embora o
Metrô, que é controlado pelo governo do Estado, não admita oficialmente,
a redução dos bancos em seus trens tem o objetivo de permitir a
acomodação de um número maior de pessoas em pé, desafogando mais rápido
as plataformas superlotadas das estações durante os horários de pico.
Análise
técnica. É o que sustentam os especialistas. O urbanista e consultor de
Transportes Flamínio Fichmann diz que as prioridades não têm levado em
consideração o conforto dos usuários. "Como tudo é dimensionado só para
atender à demanda na hora de pico, ninguém depois muda o layout e põe
mais assentos nos trens."
Ele defende um
sistema de ônibus de apoio à Linha 3-Vermelha do Metrô, para tentar
deixá-la menos lotada nos picos. "Esses coletivos seriam paralelos à
linha e todos os passageiros viajariam sentados."
Já
o engenheiro de Transportes Sergio Ejzenberg afirma que apoia esse tipo
de solução adotada pelo Metrô. "É uma decisão correta, porque falar em
conforto para uns e outros irem esmagados não tem muito sentido. É
racional, correta, porque está se evitando um risco maior." Apesar
disso, ele diz que há, na rede metroviária, um "processo de sardinha em
lata".
A Linha 5-Lilás, na zona sul,
foi inaugurada em 2002 com trens de 272 lugares. A futura frota que será
comprada para circular no ramal, que está sendo expandido para receber
mais passageiros, registrará, em cada composição, 236 bancos, a menor
quantidade entre todos os veículos do Metrô, com exceção do monotrilho.
O
relojoeiro Darci Antunes, de 65 anos, diz que a quantidade de bancos
reservados a idosos, gestantes e deficientes está bem menor. Isso,
apesar de a expectativa do próprio Metrô ser a de um aumento no número
de pessoas da terceira idade usando o sistema nos próximos anos. "E o
que piora é que muita gente jovem não cede o espaço", comenta Antunes.
Na
avaliação de Maria Aparecida da Silva, de 70 anos, mesmo quem consegue
se sentar é atrapalhado pela maior lotação. "Fica difícil na hora de
você sair dali."
Além do natural envelhecimento
da população - segundo o IBGE, pessoas com mais de 65 anos de idade no País
saltarão de 14,9 milhões em 2013 para 58,4 milhões em 2060 -, o governo
Geraldo Alckmin aprovou uma lei, no fim de 2013, que diminui de 65 para
60 anos a idade mínima para homens andarem de graça no Metrô e na CPTM, o que deve atrair
mais passageiros desse perfil.
Sem fornecer
números, a assessoria de imprensa do Metrô informou que a quantidade de
assentos preferenciais nos trens novos e modernizados "é superior ao
mínimo estabelecido pela lei". Os dados oficiais indicam que os trens do
Metrô carregam, no máximo, até 2 mil passageiros.
No
caso dos futuros trens da Linha 5-Lilás, na lotação de 6 pessoas por metro
quadrado, a capacidade será de 1,5 mil usuários. Já na superlotação de 8
pessoas por m², são 1,9 mil.
Acima do mínimo.
Procurada, o Metrô informou
que todos os seus trens, sejam novos ou modernizados, "têm quantidade de
assentos acima dos 12% adotados como mínimo por todos os sistemas
metroviários de alto carregamento do mundo". Sobre a opção por um
monotrilho na Linha 17-Ouro, divulgou que "a opção por esse modo de
transporte levou em consideração a demanda, mas principalmente o fato de
que não é possível com um corredor de ônibus cruzar de modo transversal
importantes vias da cidade como as Avenidas Washington Luís, Luís
Carlos Berrini e Marginal do Pinheiros".
A
empresa respondeu ainda que o monotrilho traz "benefícios sociais" por
ser movido a energia elétrica e não a diesel, como os ônibus, "além de
ter velocidade projetada superior à dos ônibus".
Apesar
de a própria assessoria de imprensa do Metrô ter feito essas
comparações entre os modais, na nota informou que "não é correto
compará-los" e "mais errônea ainda é a comparação entre ônibus e metrô e
monotrilho". Foi questionado quanto cada trem modernizado custou para o
Metrô, mas a assessoria não forneceu essa informação
Fonte da Notícia: O Estado de São Paulo
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