O Governo do estado de São Paulo
vai definir em dez dias um protocolo que dirá como a Polícia Militar
poderá atuar em situações de emergência em estações do Metrô, da CPTM e
da EMTU. O prazo foi definido na manhã de hoje em reunião
entre o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, e o de
Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes. A ideia é que a polícia
possa atuar em conjunto com seguranças do Metrô e da CPTM em caso de
tumulto.
A medida é uma resposta à confusão ocorrida no Metrô na última
terça-feira (4), quando um trem da Linha 3-Vermelha falhou. Passageiros
desceram e andaram sobre os trilhos, e parte da linha ficou interrompida
por cerca de cinco horas. Houve depredação na Estação Sé.
"Depois das discussões todas nós concluímos pela constituição de um
grupo de trabalho formado por representantes da Policia Militar,
Técnico-Cientifica e Civil, com representantes do Metrô, da CPTM e da
EMTU para discutir um plano de contingência e também um protocolo de
procedimento de atuação de todos os setores", disse o secretário Grella.
O grupo de trabalho criado nesta terça-feira terá o prazo de dez dias
para definir a forma de atuação. "Os policiais não estão acostumados a
fazer uma intervenção e nem é normal acontecer isso, saber se eles podem
adentrar o trilho, em que condições, como deve ser o comportamento da
polícia", disse Grella. "O objetivo é de agilizarmos as intervenções de
maneira preventiva", completou.
Ele disse que as investigações sobre o tumulto na Linha 3 continuam.
"As investigações prosseguem, nós recebemos as imagens [da confusão] na
sexta-feira do Metrô e está em posse do presidente do inquérito, elas
serão objeto de perícia", afirmou ele.
Falha
O problema da última terça-feira começou por volta das 18h24, quando uma composição apresentou falha na estação Sé, afetando a circulação da linha no horário de pico. Segundo o Metrô, apesar de "a ocorrência operacional ter sido sanada às 18h27, usuários acionaram botões de emergência de sete trens que vinham atrás, em sequência, e desceram às passarelas de emergência, causando a interrupção da operação no trecho entre Palmeiras-Barra Funda e Sé".
De acordo com o Metrô, os usuários caminharam pelas passarelas laterais
e foi preciso desenergizar toda a linha. A circulação de trens foi
plenamente normalizada às 23h20 de terça-feira.
O secretário Jurandir Fernandes afirmou ao SPTV que vai instalar mais
1.500 câmeras de segurança nas estações e contratar mais vigilantes para
os horários de pico.
O governador de São Paulo disse não acreditar que o fato tenha sido
"geração espontânea". "É preciso ser investigado porque não é uma coisa
espontânea. [Foi] Muita coincidência", avaliou.
Alckmin afirmou, ainda, que houve grupos invadindo as estações. Segundo
o governador, serão estudadas medidas que possam evitar esse tipo de
situação no Metrô. "Aumentar policiamento, segurança, câmera de vídeo e
como tecnologicamente evitar esse tipo de questão", declarou.
O governador chegou a usar o termo "sabotagem" para se referir às
medidas. "Tecnologia no sentido de evitar que sistemas de segurança
possam ser usados por pessoas para fazer sabotagem, para causar
prejuízos", disse.
Controle de fluxo
A grande concentração de passageiros provocou desentendimentos entre usuários e seguranças na estação Sé, e a Polícia Militar precisou ser acionada. Às 21h15, os portões da estação estavam fechados, e os funcionários orientavam os passageiros a pegar ônibus ou caminhar até a estação São Bento, da Linha 1-Azul do Metrô. Segundo funcionários do Metrô, todas as estações da Linha 3-Vermelha foram esvaziadas. A assessoria do Metrô, porém, não confirmava no horário a interrupção integral da circulação.
Dentro da estação Sé, passageiros ainda aguardavam às 22h o retorno da
circulação. Nervosos, alguns usuários se negavam a deixar a estação e
protestavam contra a falta de transporte. Outras pessoas esperavam que o
tumulto diminuísse para deixar o local.
A SPTrans informou que, nos trechos onde houve problemas na circulação
dos trens do Metrô, o serviço de transporte coletivo municipal operou
"com frota cheia, ou seja, com a frota de ônibus disponibilizada pelas
operadoras nos horários de pico dos dias úteis". Segundo a SPTrans, o
Metrô e a CPTM não solicitaram o acionamento do Paese.
Reflexo na linha
O analista de nutrição Juliano Silva Vieira dos Santos, de 30 anos, estava na composição que ficou parada entre as estações Marechal Deodoro e Santa Cecília. Segundo ele, os passageiros se desesperaram quando o ar-condicionado foi desligado.
"O trem já tinha ficado parado na Barra Funda por um bom tempo. Depois,
na estação Deodoro. Quando parou no túnel (entre Deodoro e Santa
Cecília), o ar-condicionado estava gelado, mas daí ficou quente de
repente. Todo mundo ficou desesperado, porque não conseguia respirar.
Algumas pessoas começaram a gritar: 'Vamos sair! Vamos sair!' Foi quando
bateram nos botões [de emergência] e abriram as portas. Saímos
caminhando em direção à estação Deodoro", contou.
Juliano disse que, em momento algum, os passageiros foram informados
por meio do sistema de som ou por algum funcionário sobre o que estava
acontecendo.
"Só diziam que um trem estava com problema, mas não falavam o que era
nem davam qualquer previsão de retorno da circulação. Depois, anunciaram
que havia usuários andando pela via", relatou.
Fonte da Notícia: G1
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