O ex-presidente da empresa Siemens Adilson Primo negou participação em
crimes de formação de cartel e corrupção, em depoimento prestado a
promotores do Ministério Público de São Paulo na tarde de ontem.
Segundo a Folha apurou, Primo disse que contratos de consultoria
da Siemens com empresas suspeitas de serem intermediárias de pagamento
de propinas a agentes públicos passaram por auditoria interna e nenhuma
ilegalidade foi constatada.
No depoimento, o ex-presidente da companhia também não apresentou
informações sobre a suposta participação de outros funcionários da
Siemens na formação de cartel ou no suborno de políticos ou servidores.
Primo comandou a Siemens no Brasil de 2001 a 2011 e foi demitido sob a
alegação de que tinha movimentado conta bancária no exterior sob
investigação de autoridades do Brasil e de Luxemburgo.
Atualmente ele exerce o cargo de secretário municipal na cidade mineira de Itajubá.
Em delação feita em maio ao Cade, a atual direção da Siemens relatou que executivos da empresa
atuaram na constituição de cartéis em licitações de trens no Estado de
São Paulo de 1998 a 2008, em conluio com outras empresas.
As informações prestadas pela Siemens levaram o Ministério Público a
formar uma força tarefa para investigar os crimes ligados às
concorrências sob suspeita.
O depoimento de ontem foi colhido por integrantes do Gaeco e da Promotoria do Patrimônio Público e
Social.
Explicações sobre o funcionamento e as estruturas da Siemens consumiram a maior parte do testemunho.
Primo afirmou que como presidente da empresa não tinha conhecimento
detalhado sobre todas as ações da companhia e não veio a saber sobre as
supostas práticas ilegais delatadas pela Siemens ao Cade.
Sigilo
A realização do testemunho não foi divulgada pelo Ministério Público,
mas após o executivo ser visto nos corredores da Promotoria do
Patrimônio Público e Social, o promotor de Justiça César Dario Mariano
da Silva confirmou que ele foi ouvido.
"O conteúdo do testemunho é sigiloso. Por isso posso apenas dizer que,
por enquanto, ele [Primo] foi ouvido na condição de testemunha e, ao
depor por cerca de três horas, colaborou bastante com as apurações do
Ministério Público", disse. "Agora outras testemunhas serão convocadas
para esclarecer os fatos", completou.
Ontem o promotor de Justiça Silvio Marques determinou a abertura de seis
novos inquéritos relativos à CPTM após ouvir técnicos da empresa estatal de transporte.
Agora, ao todo, são 51 inquéritos sob os cuidados da força tarefa do
Ministério Público. Os casos são relativos a 19 empresas suspeitas de
participação nas licitações apontadas pela Siemens ao Cade.
Fonte da Notícia: Folha de São Paulo
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