Nunca se andou tanto de metrô e de trem na
cidade de São Paulo. No dia 6 deste mês os dois sistemas de transporte sobre
trilhos registraram recorde histórico de passageiros transportados. No caso do
Metrô, foram 4,7 milhões de pessoas. Na CPTM, 2,8 milhões viajaram em seus trens na véspera do feriado de 7
de setembro.
O curioso é que o aumento de passageiros
acontece sem que tenham ocorrido inaugurações recentes de linhas e estações. Já
faz quase um ano que os mais novos pontos de parada do Metrô foram abertos e
não houve acréscimo nos últimos meses. Mesmo assim o salto foi de 1,2 milhão de
pessoas no sistema que integra Metrô e CPTM, comparando-se com o ano passado.
Como é possível viajar na rede de trilhos com a mesma passagem, não se sabe
exatamente quantos passageiros foram para cada sistema.
O reflexo imediato dessa quantidade crescente
de usuários em uma rede com o mesmo tamanho é a superlotação, principalmente
nos horários de pico (início da manhã e final da tarde).
A doméstica Sônia Soares disse que já se
acostumou ao empurra-empurra na hora de voltar para casa. Ela pega o Metrô na
Estação Sé e depois um ônibus até chegar em sua casa, na Penha, Zona Leste.
“Cada ano que passa está pior”, afirmou. “Vai chegar uma hora que não vai dar
mais. Vão ter de fazer alguma coisa.”
Para a estudante Jenifer Naiane, o governo já
está fazendo o que pode para melhorar o sistema. “Sinto que os trens estão
passando com mais frequência. É só aguardar um pouco que a gente consegue
entrar.”
A estudante está parcialmente certa. De fato os
investimentos estão acontecendo, mas não na velocidade necessária. O governo
estadual, responsável pelos dois sistemas, pretende investir R$ 45 bilhões em
transporte de massa sobre trilhos no período 2012-2015. Mas não há qualquer
garantia que essa quantia será suficiente.
Na visão do assessor técnico da ANTP, Marcos Bicalho, a superlotação do
Metrô é consequência da eficiência do sistema.
“No ônibus vai haver a mesma superlotação, só
que a pessoa vai ficar presa no trânsito”, disse. “Com a economia aquecida as
pessoas vão demandar cada vez mais por um sistema rápido de transporte e os
investimentos para aumentar a rede são altíssimos, mas sempre insuficientes.
Portanto, a superlotação é um efeito disso e as pessoas têm de conviver com ela
no curto prazo.”
Outro especialista, o urbanista Flamínio
Fichmann, consultor em transportes, costuma dizer que a demanda vai ser sempre
maior do que a oferta. “Apesar das ofertas de transporte público, qualquer
investimento feito nessa área tem abrangência finita”, afirmou.
O maior problema é que a superlotação não é a
única consequência dessa demanda reprimida. Dados do governo revelam que nos
últimos anos a quantidade de panes na rede vem aumentando. Nos primeiros oito
meses deste ano foram 46 no Metrô e 24 na CPTM. No ano passado inteiro foram
59 panes no Metrô e 35 na CPTM
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