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terça-feira, 3 de maio de 2016

Governo tenta prorrogar início contrato para obras da Linha 18-Bronze até Agosto de 2016

A Linha 18-Bronze do Monotrilho, prevista para ligar as cidades de São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul até Estação Tamanduateí da CPTM e do Metrô, na capital paulista, é considerada um dos maiores exemplos que colocam em xeque a viabilidade para São Paulo e região metropolitana deste sistema de trens com pneus que circulam em elevados.

No Diário Oficial de 30/04/2016, o Governo do Estado de São Paulo fez um balanço dos Potenciais Riscos Fiscais decorrentes das PPP´s  contratadas. No documento, a gestão Geraldo Alckmin diz que o Metrô negocia com a concessionária que vai atuar nas obras e na operação a possiblidade de prorrogação da data de início de vigência do contrato para Agosto de 2016, em face da tramitação na obtenção dos recursos para aporte e desapropriação. O contrato inicial para operação foi assinado em 22/08/2014 com o Consórcio ABC Integrado, formado pela Primav, controladora do grupo EcoRodovias e empreiteira CR Almeida , Encalso, Cowan e a o grupo argentino Benito Roggio Transportes.

A Linha 18-Bronze deveria ter sido inaugurada no final de 2014 com obras custando R$ 4,2 bilhões. Sem mais uma previsão para ser concluído, hoje o Monotrilho do ABC custaria 14% a mais, chegando a R$ 4,8 bilhões.

A linha teria no total 15,7 quilômetros nas duas fases de implantação. Isso significa dizer que cada quilômetro do monotrilho do ABC vai custar R$ 305,7 milhões. A demanda prevista é de 314 mil passageiros por dia.

De acordo com dados da UITP, um sistema de BRTpode transportar a mesma quantidade de passageiros por dia, mas o custo de construção por quilômetro é em torno de R$ 30 milhões.

As operações do Monotrilho também devem custar mais, necessitando maiores subsídios. Atualmente o passageiro do BRT custa, em média, R$ 4,02 para ser transportado. Já o passageiro do monotrilho demandaria custos de R$ 6,90.

Segundo a gestão, o Governo do Estado aguarda R$ 1,2 bilhão do governo federal por meio do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social. Mas este valor só seria liberado caso fossem realizadas as desapropriações, que demandariam em torno de R$ 500 milhões, recursos que dependem de um aval da Caixa Econômica Federal por meio do Cofiex para a gestão Alckmin captar recursos no mercado.

Apesar de o discurso oficial da gestão Alckmin dizer que os impasses para o monotrilho da Linha 18-Bronze se restringem a condições financeiras, documento assinado por técnicos do próprio Metrô para o Ministério das Cidades em novembro do ano passado mostra que existem outras questões que geram dúvidas sobre o meio de transporte. Entre elas, estão impasses sobre o tratamento de galerias pluviais na Avenida Brigadeiro Faria Lima, no centro de São Bernardo do Campo e imediações. Não havia ainda definição, por exemplo, a respeito de qual lado da avenida seriam colocadas as vigas do elevado.

O fornecimento do material rodante, ou seja, dos trens, diante da situação financeira da fabricante MPE também é outra dúvida. A empresa desfez a parceria com a empresa da Malásia Scomi, que deve assumir sozinha a fabricação dos trens.
 
Outra dúvida é em relação à interpretação dos contratos para os Monotrilhos de São Paulo. Na visão do Ministério das Cidades, as operações da Linha 18-Bronze só devem ser iniciadas após a conclusão de ao menos parte da Linha 17-Ouro, da zona sul de São Paulo, e dos testes operacionais. A Linha 17-Ouro também não saiu do papel, apesar de ter as obras iniciadas, diferentemente do Monotrilho do ABC que sequer teve alguma intervenção civil. O Metrô não interpreta desta forma e diz que as operações são independentes.

Em audiência da Comissão de Transportes e Comunicações da Assembleia Legislativa, no dia 23/11/2015, secretário nacional da Mobilidade Urbana, Dario Rais Lopes, rebateu as insinuações de parlamentares ligados ao Governo do Estado de que a linha estaria sendo boicotada pelo Ministério das Cidades, e disse que ainda não houve convencimento de que o sistema de monotrilho seria a melhor solução entre o ABC e a capital.

“Nos causa preocupação a forma pela qual se trabalha a solução. Não estamos convencidos de que a solução será a mais adequada … Isso não quer dizer que nós boicotemos” – disse na ocasião.

Abaixo relatório do Governo do Estado sobre análise de riscos de PPP, a respeito Linha 18-Bronze:

PPP da Linha 18-Bronze (Monotrilho) do Metrô Em 22/08/2014, foi firmado o contrato de Concessão Patrocinada entre o Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos – STM, e a Concessionária do Monotrilho da Linha 18-Bronze S/A para a prestação dos serviços públicos de transporte de passageiros da Linha 18-Bronze, pelo prazo de 25 anos, contemplando a construção, o fornecimento de material rodante e de sistemas, a operação, a conservação e a manutenção da linha. Nos termos da Lei 11.079/2004, o plano de negócio da concessão da Linha 18-Bronze contempla aporte de recursos públicos, no valor máximo de R$1.928.372.000,00 (um bilhão, novecentos e vinte oito milhões, trezentos e setenta e dois mil reais), envolvendo construção de infraestrutura e aquisição de bens reversíveis, composto da seguinte forma: R$ 1.276.000.000,00 (um bilhão, duzentos e setenta e seis milhões de reais) através de financiamento do BNDES; R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais) através de repasse do Orçamento Geral da União e, por fim, R$ 252.372.000,00 (duzentos e cinquenta de dois milhões, trezentos e setenta e dois mil reais) oriundos do Tesouro do Estado. O financiamento do BNDES já integra o limite atual de endividamento do Estado e já está enquadrado na instituição. As condições para que o GESP obtenha o repasse da União foram extensamente discutidas com o Ministério das Cidades e plenamente refletidas no edital da concessão. Além do aporte, o projeto prevê R$ 406.000.000,00 (quatrocentos e seis milhões de reais) para desapropriação, cujos recursos advirão de organismos internacionais. A autorização para a contratação internacional foi obtida através da Lei 15.696/2015 e os procedimentos internos com vistas a obter a autorização do governo federal já foram tomados. Eventuais descolamentos entre os valores previstos e os pagos na finalização dos processos de desapropriações, poderão resultar em riscos fiscais advindos da ocorrência de problemas para contratação de créditos adicionais. A Concessionária e o Poder Concedente negociam a prorrogação da data de início de vigência do contrato da PPP Linha 18-Bronze para Agosto de 2016, em face da tramitação na obtenção dos recursos para aporte e desapropriação. No caso do financiamento junto ao BNDES, a operação de crédito encontra-se em análise no Departamento de Mobilidade e Desenvolvimento Urbano do banco e a formalização da contratação está condicionada à aprovação do STN e à obtenção dos créditos internacionais necessários à realização das desapropriações.

Fonte da Notícia: Blog Ponto de Ônibus
Imagem 1: Portal Mobillize
Imagem 2: Meu Transporte News-Metrô

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