Obras da 2ª Fase da Linha 5-Lilás |
Os investimentos na expansão do Metrô de São Paulo por parte do governo do Estado caíram 31% entre 2014 e 2015. É o que aponta levantamento inédito feito pelo "Fiquem Sabendo" com base em dados da empresa obtidos por meio da Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).
A queda foi de R$ 1,3 bilhão - caiu de R$ 4,17 bilhões em 2014 para R$
2,87 bilhões no ano passado. Parte dessa queda nos investimentos se deu
em razão da interrupção de obras de expansão da Linha 4-Amarela, que
teve o seu contrato rescindido pela gestão do Governador Geraldo Alckmin Julho de 2015.
Outro fator foi o ritmo lento da construção da Linha 17-Ouro, com
processo de rescisão contratual iniciado pelo governo estadual em Janeiro de 2016 .
De acordo com os dados disponibilizados pelo Metrô, o valor investido na
expansão do sistema metroviário paulistano em 2015 ficou abaixo também
do repasse realizado em 2013, quando foram gastos R$ 3,43 bilhões na
ampliação das linhas do metrô. Já os anos de 2011 e 2012 registraram
gastos superiores ao do ano passado
Em novas linhas
Não houve a inauguração de nova linha do Metrô em 2015. Em Agosto de 2014, o Monotrilho da Linha 15-Prata começou a sua operação comercial, entre as Estações Oratório e Terminal Vila Prudente, na zona leste. Esse trecho tinha sido
inaugurado em 2014 e, desde então, estava em fase de testes, em horário
reduzido, sem cobrança de tarifa.
O ano passado foi também marcado pela retração da economia do Estado de
São Paulo, fortemente impactada pela crise econômica do país. O PIB paulista caiu 4,1% em relação a 2014, segundo a
Fundação Seade, ligada ao governo
estadual.
Na avaliação do consultor Horácio Figueira, mestre em Engenharia de
Transporte pela USP (Universidade de São Paulo), os recorrentes atrasos
no processo de expansão do metrô de São Paulo farão com que, em 2018,
quando o início de sua construção completará 50 anos, "não cheguemos
sequer ao número de dois quilômetros de linhas inaugurados por ano".
Hoje, a rede do Metrô de São Paulo possui 78,1 quilômetros. A extensão é
baixa quando a comparação é feita com outras metrópoles mundiais de
porte semelhante ao da capital paulista - Londres (408 quilômetros),
Nova York (418 quilômetros), Paris (212 quilômetros) e Cidade do México
(202 quilômetros), sendo que uma capital bem menor, Santiago, no Chile,
tem 94 quilômetros de extensão em sua rede.
"O Metrô de São Paulo começou a ser construído em 1968 e iniciou a sua
operação em 1974. Desde então, a população conta com um processo
ampliação mais acelerado desse sistema, que, hoje, é o que tem a maior
densidade de passageiros por quilômetro do mundo", diz Figueira.
Para o especialista, a aceleração do ritmo de expansão do Metrô requer
mudanças nas regras de licitação, que, segundo ele, tem prazos muito
longos. "Temos tecnologia para ampliarmos a rede. O que falta são
recursos e a revisão do processo como as contratações dessas obras são
feitas. Isso poderia se dar de forma mais rápida e transparente."
Obras da 2ª Fase da Linha 15-Prata |
Menos dinheiro
Cerca de R$ 512 milhões deixaram de ser gastos após paralisação de
obras. Parte da queda do valor investido na expansão do Metrô de São
Paulo foi causada por problemas na construção das Linhas 4-Amarela e
17-Ouro. Isso levou o governo estadual a romper os contratos que tinham
com os consórcios que tocavam essas obras.
Segundo o Metrô, dos R$ 290 milhões orçados em 2015 para a ampliação da
linha 4-amarela, apenas R$ 88 milhões (30% do total) foram efetivamente
utilizados, devido ao "abandono da obra pelo consórcio, em agosto", de
acordo com a empresa - foram R$ 202 milhões que deixaram de ser
aplicados.
Com relação à Linha 15-Prata, diz o Metrô, o orçamento de 2015 previa um
gasto de R$ 582 milhões, dos quais apenas R$ 272 milhões foram
executados - R$ 310 milhões deixaram de ser investidos.
Em nota oficial, o Metrô informou que os investimentos nas obras de
expansão variam anualmente de acordo com as etapas das obras. De acordo
com a empresa, o total investido em 2015 "não demonstra queda no
investimento, e, sim, uma etapa diferente do avanço dos trabalhos".
Leia, abaixo, a íntegra da nota que da empresa:
"Os valores investidos pelo Metrô na expansão de sua rede seguem um
planejamento anual e são maiores ou menores conforme a etapa de execução
das obras. O total investido em 2015 não demonstra queda no
investimento, e, sim, uma etapa diferente do avanço dos trabalhos.
No início da implantação de uma linha, os gastos costumam ser maiores.
Após estágio avançado, o valor tende a diminuir, o que não significa
gasto efetivamente menor.
Em 2015, é preciso considerar a diminuição na destinação de recursos
para a expansão da Linha 4-Amarela devido ao abandono da obra em agosto
pelo consórcio Corsán-Corviam, que teve o contrato rescindido.
O valor orçado para investimento era de R$ 290 milhões, dos quais apenas R$ 88 milhões (30%) foram utilizados.
O Monotrilho da Linha 17-Ouro também utilizou apenas R$ 272 milhões
(46,8%) da verba total orçada de R$ 582 milhões para 2015, por conta da
redução do ritmo da construção pelas empreiteiras contratadas.
O Metrô já deu início ao processo de rescisão dos contratos com a
Andrade Gutierrez e CR Almeida de construção do pátio e de três
estações.
Além do investimento feito pela Companhia do Metrô, o Governo do Estado
destinou R$ 736,101 milhões para a implantação da Linha 6-Laranja, obra
executada pela iniciativa privada.
Esse dinheiro não está diretamente ligado ao orçamento do Metrô, mas
trata-se de uma obra de expansão metroviária que deve ser considerada
pela reportagem nos investimentos da rede.
A Linha 18-Bronze não recebeu investimentos do Governo do Estado em 2015
porque a Secretaria dos Transportes Metropolitanos aguarda a
autorização do Cofiex, órgão ligado ao Governo federal, para captar
recursos externos destinados às desapropriações e dar início às obras."
Fonte da Notícia: UOL
Imagem 1: RMeier
Imagem 2: Sérgio Mazzi
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