Estação Oratório (Linha 15-Prata) |
Não há filas na bilheteria ou nas catracas, muito menos camelôs nas
imediações da estação. Nos trens, de tão reduzido, o número de
passageiros caberia numa van.
Esse é o cenário diário no
monotrilho da zona leste de São Paulo, obra do Governo Geraldo Alckmin que parece um trem-fantasma se comparada a qualquer transporte
público da cidade.
Os trens funcionam em esquema de testes desde
agosto do ano passado, apenas das 9h às 14h e num trecho de 2,9 km entre
as estações Terminal Vila Prudente e Oratório,. A obra completa, estimada em R$
7,1 bilhões, terá 18 estações.
Por uma falha no projeto, a
construção de parte das estações está paralisada. Conforme a Folha
revelou, engenheiros "descobriram" galerias de água que passam embaixo
das futuras estações e terão de ser remanejadas.
A reportagem acompanhou toda a rotina da Linha 15-Prata cujas obras estão atrasadas.
O
trem, com sete vagões, tem capacidade para 1.002 pessoas: 122 sentadas e
880 em pé. Na prática, cada viagem reúne de 5 a 25 usuários.
Uma
das poucas usuárias, a atendente Sandra Biazi, 49, usa a linha para ir
ao trabalho, perto da Paulista. "Eu trabalho das 11h às 17h. Na volta
[quando a linha já fechou], desço na Vila Prudente [Linha 2-Verde] e ando 3 km até o Oratório, porque os ônibus estão lotados
demais".
A dona de casa Francisca Palma, 67, que costuma
aproveitar o vagão quase privativo, já pensa em abandonar o monotrilho.
"Quando [tudo] estiver pronto, vai vir cheio da Cidade Tiradentes, e a
gente não vai nem conseguir entrar".
Hoje, o horário de pico do
trem ocorre por volta das 9h, na abertura das estações, quando a lotação
pode ultrapassar a casa das duas dezenas graças à presença de
funcionários do Metrô.
A impressão é que, entre uniformizados ou não, a maioria dos passageiros está a serviço da companhia.
Alguns trabalham em notebooks, outros andam de um lado para o outro fazendo anotações. De tempos em tempos, operários entram no vagão e fazem selfies.
Nas estações, há cadernos disponíveis para sugestões de
passageiros sobre o serviço. Nas anotações, há queixas sobre a demora
nos testes. Mas há também quem elogie o trem ("espetacular"), proteste
("fora, Dilma!") e fale sobre suas preferências gastronômicas ("Eu gosto
de bacon").
Trepidação
Quem anda de Metrô em SP estranha o Monotrilho, pelas dimensões reduzidas ou pelo maior tempo de espera (dez minutos, em média).
O
que chama a atenção do contador Wagner de Oliveira, 35, é a trepidação,
num trem que circula a uma altura de 12 a 15 metros. "Quando estiver em
funcionamento normal e lotado, não sei se vou ter coragem. Porque, se
completamente vazio, ele já treme desse jeito, imagina cheio".
Segundo
o Metrô, as oscilações são comuns em veículos que trafegam com pneus
sobre concreto, como o Monotrilho. A empresa defendeu o atual período de
testes
.
"O funcionamento das novas estações em período parcial é
essencial e possibilita os ajustes finais dos equipamentos,
sistemas e suas interfaces", afirmou, em nota.
Ainda em Abril de 2015, o período de operação da linha será ampliado –das 7h às 19h.
O Metrô diz que, hoje, cerca de mil pessoas fazem o trajeto por dia, porém quando a linha estiver concluída poderá transportar 500 mil. A previsão
é que mais três estações sejam entregues até 2016.
Fonte da Notícia: Revista Ferroviária
Imagem de Paulossj4
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