O TCE de São
Paulo requereu "cautelarmente" a urgente expedição de nova ordem de
suspensão da concorrência internacional da Linha 18-Bronze do Metrô,
orçada em R$ 11,79 bilhões - pelo projeto, o monotrilho vai ligar a
capital a São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
O MP de Contas vê riscos de atuação do cartel metroferroviário na licitação bilionária.
Na petição ao conselheiro relator do caso no TCE, Roque Citadini, o
procurador do Ministério Público de Contas José Mendes Neto alega que
"houve descumprimento" da determinação anterior de suspensão da
licitação. Em 15 de abril, Citadini ordenou a paralisação da licitação
amparado em uma representação que apontava suspeita de conluio entre
empresas.
O procurador alerta para as investigações sobre o cartel
metroferroviário. "Ocorre que do dia 15 de abril para cá não veio aos
autos nenhuma demonstração, justificativa ou esclarecimento que permita
concluir que a concorrência internacional 003/2013 esteja imune à
deletéria atuação do cartel metroferroviário."
"Aliás, as indicações são no sentido contrário", observa Mendes Neto.
"Diariamente surgem mais e mais informes de que a ilícita associação
empresarial vem atuando intensamente, e desde 1998, em inúmeras
licitações públicas para contratações no setor. Nesse contexto, seria
bastante ingênuo o raciocínio de que tão vultosa contratação não
estivesse na mira da concertada ação anticoncorrencial."
Mendes Neto pondera que "também foram lançadas sérias dúvidas sobre
eventuais direcionamentos da concorrência internacional 003/2013,
especialmente em virtude das notícias da existência de cartel ''no
mercado de licitações públicas relativas a projetos de metrô e/ou trens e
sistemas auxiliares''".
O procurador de contas ressalta que o Cade, órgão antitruste do governo federal, celebrou
acordo de leniência, "por intermédio do qual graduados executivos da
sociedade empresária Siemens do Brasil Ltda. admitiram entendimentos e
ajustes entre concorrentes, com vistas a retirar o caráter competitivo
de licitações públicas para contratações no setor metroferroviário
nacional".Mendes Neto anota que "a questão não foi debatida, e sobre ela
ainda nada disse o Ministério Público de Contas".
"É imperioso que se retome a instrução, aliás, até mesmo para
reiterar a solicitação já feita pelo relator, de que a
Procuradoria-Geral de Justiça forneça dados obtidos nas suas
investigações a respeito do tema", destaca o procurador de contas. Ele
pede, ainda, anulação de atos posteriores àquela ordem de suspensão,
datada de 15 de Abril.
Secretaria responde
Em nota, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos afirma que
"atendeu a todas as recomendações do Tribunal de Contas do Estado,
garantindo a segurança jurídica e total transparência da licitação". "A
decisão de republicar o edital foi devidamente comunicada ao conselheiro
Roque Citadini", informa a Secretaria.
"Na decisão, publicada em 21 de abril, Citadini reconheceu inexistir
desobediência por parte da Secretaria dos Transportes Metropolitanos ao
republicar o edital - na forma e condições em que foi realizada -, dado o
interesse público do objeto licitado."
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