
Na ação, as empresas e os três funcionários são acusados de formação de
cartel e superfaturamento de contratos para reforma de 98 trens das
linhas 1-Azul e 3-Vermelha do Metrô de São Paulo,
em junho de 2009. De acordo com a Promotoria, as empresas acertaram o
preço, formaram quatro consórcios e dividiram entre elas os contratos de
reforma.
Segundo o promotor, a reforma acabou saindo mais cara do que a compra
de trens novos. Dos 98 trens que deveriam ter sido reformados, pelo
menos 50 nunca foram entregues. Além disso, as composições reformadas
não oferecem segurança à população.
"Tanto é perigoso que um trem descarrilou. Sabe-se que é uma das peças
que foi reformada. Por sorte nada aconteceu", afirmou Milani. "Num dia,
houve 700 falhas. São informações do próprio Metrô."
O MP acusa o ex-presidente do Metrô José Jorge Fagali e outros dois
ex-diretores de terem fraudado a companhia para obter vantagens. A
produção do SPTV não conseguiu encontrar Fagali para comentar a
acusação. A denúncia não aponta responsabilidades de José Serra,
governador de São Paulo na época.
A Promotoria também acusa os ex-diretores Sérgio Correa Brasil e
Conrado Grava Souza de serem "omissos" e "de agirem com intenção de
fraudar o Metrô e obter vantagens ilegais". Ambos não ocupam mais cargos
de direção, mas continuam no Metrô. procurada, a empresa declarou que
não vai se manifestar sobre a atuação deles até tomar conhecimento da
ação do MP.
Decisões
Cinco ações criminais propostas pelo Ministério Público sobre empresas acusadas de formação de cartel nos trens tramitam na Justiça Estadual. A Justiça extinguiu a punibilidade dos réus no processo 26497, que corre na 30ª Vara Criminal do Fórum Criminal da Barra Funda, em relação ao contrato 4001521201 do Metrô.
Também foi rejeitada a denúncia e extinta a punibilidade dos réus no
processo 26495, que tramita na 7ª Vara Criminal, em relação aos
denunciados por causa da licitação para a Linha 5- Lilás do Metrô.
A Justiça aceitou, em parte, a denúncia que deu origem ao processo
26430, que tramita na 28ª Vara Criminal , em relação aos réus implicados
em procedimentos licitatórios da CPTM relativos às séries S2000, S2100 e
S3000.
No processo 26.435, que tramita na 11ª Vara, o juiz entendeu que há
evidências de formação de cartel entre as empresas apontadas na denúncia
visando, pelo menos, a elevação artificial de preços. Nesse processo, o
juiz pediu ao diretor da Siemens no Brasil para que informasse os
endereços dos denunciados.
Entenda as denúncias
A investigação começou a partir de um acordo de leniência (ajuda nas investigações) feito em 2013 entre umas das empresas acusadas de participar do suposto cartel, a Siemens, e o Cade, órgão ligado ao Ministério da Justiça.
O desdobramento das investigações mostrou, no entanto, que o esquema
poderia estar funcionando muito antes da denúncia feita pela Siemens. O
suposto pagamento de propinas a governos no Brasil pela empresa Alstom
teria tido início em 1997, segundo apuração iniciada pela Justiça da
Suíça.
Em 2008, o jornal norte-americano "The Wall Street Journal" revelou
investigações em 11 países contra a Alstom por pagamento de propinas
entre 1998 e 2003. As suspeitas atingiam obras do Metrô e funcionários
públicos. Foi neste ano que o Ministério Público de São Paulo entrou no
caso, pedindo informações à Suíça e instaurando seu próprio inquérito.
Também em 2008 um funcionário da Siemens denunciou práticas ilegais no Brasil à sede alemã, dando detalhes do pagamento de propina em projetos do Metrô, CPTM de SP e Metrô DF.
Também em 2008 um funcionário da Siemens denunciou práticas ilegais no Brasil à sede alemã, dando detalhes do pagamento de propina em projetos do Metrô, CPTM de SP e Metrô DF.
Em 2013, a Alstom recebeu multa milionária na Suíça e um de seus
vice-presidentes acabou preso nos Estados Unidos. No Brasil, a Siemens
decidiu então fazer a denúncia ao Cade delatando a existência do cartel.
Em dezembro, a ação chegou ao Supremo Tribunal Federal.
A investigação se ampliou e mostrou que o esquema poderia ser bem mais
amplo do que se imaginava. Em 2014, o Cade ampliou o processo e passou a
investigar licitações (de 1998 a 2013) em mais locais, além São Paulo e
Distrito Federal. Entraram também nas apurações Rio de Janeiro, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul.
Fonte da Notícia e Imagem: G1
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